Nas redes, médico acusado de estupro em grávida expunha pacientes e bebês
O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, preso na manhã desta segunda-feira (11) após ser filmado estuprando uma mulher grávida, em trabalho de parto, em São João de Meriti (RJ), usava as redes sociais para mostrar a rotina nos plantões noturnos que dava em diferentes hospitais —incluindo imagens de pacientes sedadas, com partes do corpo expostas, como braços e pernas, e de crianças recém-nascidas, logo depois dos partos.
Em foto publicada há oito meses, escreveu, na legenda: "Vocês ainda vão ouvir falar de mim. Esperem!".
Nessa foto e em várias outras —o perfil criado tem apenas 29 publicações, a mais antiga datada de novembro — há comentários recentes com xingamentos e ataques referentes às notícias que relatam o ocorrido em São João de Meriti.
Fotos expunham pacientes
Em diversas imagens publicadas no feed ou nos stories em destaque, ele aparece sendo fotografado por colegas durante o exercício do trabalho, em salas de cirurgia, aplicando injeções e manipulando equipamentos; em parte delas, é possível ver partes do corpo de pacientes já anestesiados.
Em outras, filmava bebês —a reportagem contou quatro crianças recém-nascidas que tiveram o rosto divulgado, além de uma quinta, que é mostrada mas não tem o rosto em destaque.
Universa não vai reproduzir estas imagens em respeito à privacidade dos pacientes.
Segundo a resolução CFM 1974/11 do Conselho Federal de Medicina, "é vedado ao médico, (...) no uso das redes sociais, expor a figura de paciente como forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento".
Diploma recente e rotina da profissão
Nas redes sociais, Giovanni se limitava a mostrar o dia a dia nos hospitais, compartilhando quase nada de sua vida pessoal.
Ele usava as legendas para falar sobre a profissão: "Faço o que gosto e estou colhendo os frutos" e "vou ganhando meu espaço na profissão que escolhi fazer a diferença", escreveu, em algumas fotos. Em outra, diz que ser anestesista era um sonho.
Outras cenas mostram o médico dormindo no hospital e se queixando das poucas horas de sono, entre um atendimento e outro.
Em publicação feita em fevereiro, o médico mostra seu diploma de anestesista, emitido em 30 de janeiro deste ano pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia. O documento diz que Giovanni foi aprovado no curso "Suporte Avançado de Vida em Anestesia", realizado no Rio de Janeiro, com duração de 16 horas.
Há, também, imagens dele durante o curso, dizendo que "conhecimento nunca é demais" e que "sabedoria é afrodisíaco"
Entenda o caso
Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, foi preso em flagrante na madrugada de hoje pelo crime de estupro de vulnerável.
Um vídeo gravado com um celular escondido na sala de cirurgia do Hospital da Mulher, em Vilar dos Teles, em São João de Meriti (RJ), mostra o profissional colocando o pênis na boca da paciente, que está dopada para o nascimento do bebê.
O vídeo foi gravado e entregue à polícia por enfermeiras da unidade, que desconfiaram da quantidade de sedativo usado pelo anestesista em outras ocasiões e da movimentação dele próximo à paciente, segundo a Polícia Civil.
Nas imagens gravadas, a mulher aparece deitada e inconsciente durante o parto. Do lado direito do lençol, sempre usado em cesarianas, o médico aparece colocando o pênis para fora e introduzindo o órgão da boca da mulher. O ato dura dez minutos. Do outro lado do lençol, a menos de um metro de distância, está a equipe médica trabalhando no nascimento do bebê.
A reportagem teve acesso às imagens, mas optou por não publicá-las para preservar a vítima.
O pai da criança foi comunicado sobre o crime e, até a saída da polícia da unidade de saúde, a vítima ainda não havia tomado conhecimento do estupro.
Antes de ser flagrado, o anestesista já havia participado de outras duas cirurgias e apresentado o comportamento suspeito.
Universa tentou contato com a defesa do médico, o advogado Hugo Novais, por telefone e por mensagem de aplicativo, mas ele apenas afirmou que se pronunciará em breve. A reportagem será atualizada assim que haja uma manifestação.
O crime de estupro de vulnerável tem pena prevista de 8 a 15 anos de prisão.
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