Cynthia Benini após prisão de André Gonçalves: 'Luto em nome de muitas'
Na última sexta-feira (8), a atriz e jornalista Cynthia Benini, 49, viu o pai de sua filha, Valentina (19), o ator André Gonçalves, ser preso por uma dívida de mais de R$ 350 mil de pensão alimentícia, acumulada desde a separação do casal, em 2007 —ele chegou a passar uma noite na delegacia e deixou o local com uma tornozeleira eletrônica; e a disputa judicial segue, enquanto advogados afirmam que ele não tem condições de pagar o montante.
"Eu luto pelos direitos da minha filha e indiretamente, dada a exposição pública do caso, pelos direitos de muitas outras mulheres e crianças que vivem o tormento da dificuldade financeira e emocional", disse, a Universa. André Gonçalves tem dois processos na Justiça pela falta de pagamento de pensão. Além dos R$ 350 mil para a filha Valentina ainda deve cerca de R$ 100 mil para Manuela, 23, sua filha com a atriz Tereza Seiblitz. Ele ainda é pai de Pedro Arthur, do relacionamento com a também atriz Myriam Rios.
Cynthia lembra a trajetória educando sozinha a filha Valentina, hoje com 19 anos, fala sobre a boa relação com as outras ex-mulheres e mães de filhos de André, e desabafa sobre o abandono paterno: "Filhos não devem ser abandonados, mesmo diante de qualquer dificuldade. Se é crime, abandonar animais, imaginem crianças".
UNIVERSA: Desde quando vem tendo problemas com o pagamento de pensão e qual é a dívida total do André com você?
Cynthia Benini: Hoje não sei precisamente qual o valor atualizado da dívida, mas já passa de trezentos e cinquenta mil reais. Os atrasos da pensão alimentícia da Valentina começaram em 2007, alguns meses depois da nossa separação. Como ele ainda era contratado da TV Globo e, mesmo empregado, não cumpria com o acordo judicial, fui aconselhada pela minha advogada na época a entrar com um pedido para desconto em folha de pagamento e o Juiz acatou.
Quando ele foi demitido da TV Globo, em 2017, os atrasos e o não pagamento de pensão voltaram a acontecer, mesmo fazendo novela na TV Record, filmando "Nada a Perder" (filme da vida e trajetória de Edir Macedo) entre outros trabalhos.
Houve, de algum dos lados, tentativas de renegociação do valor?
Sim, algumas vezes (até informais, numa tentativa de ajudá-lo e incentivar um bom relacionamento com sua filha), mas acabavam não sendo cumpridas, embora, como já disse, continuasse com trabalhos na TV e outros.
Na minha opinião, uma boa negociação (já que todas os processos - da Valentina e Manoela - são antigos) deveria ocorrer quando ele recebeu a rescisão contratual da TV Globo, com quitação das pendências de todos os filhos, por intermédio de depósitos em poupança, ou algo do tipo. Não precisava ser do seu dinheiro todo. Mas uma parte dele.
Chamasse as mães, conversasse, explicasse que não saberia como seria dali para frente e pensando no futuro deles, já estava pensando no bem-estar de cada um, se prevenindo. Tenho certeza de que todas aceitariam. Isso seria um bom acordo, como deveria agir qualquer genitor responsável e solidário.
Quais as justificativas dele para não pagar? Você acredita que sejam reais?
Todas as justificativas dele são as já ditas pela imprensa. Não cabe a mim julgar, ou acreditar, ou não.
Quando uma mãe precisa cuidar de um filho (e muitos "pães" também), não dizem: "Hoje não temos o que comer então continuamos de braços cruzados." Muitas mulheres como eu, mesmo diferentes socialmente, economicamente, na raça, cor, passam pelas mesmas situações e não ficam à espera de um milagre ou se vitimizando. Elas vão à luta!
Como você tem sustentado sua filha? Enfrenta algum tipo de dificuldade?
Desde que sai da TV efetivamente em 2017 (do SBT em 2015), tentei uma recolocação no mercado e não foi como esperava. Tive que vender meu imóvel, mudar meu padrão de vida, aceitei ajuda de minha família para com a Valentina --já que o André se negou a estabelecer guarda compartilhada em 2016 - para eu me estabilizar - alegando estar entrando em um novo relacionamento - na época tinha acabado de se mudar para a casa da Dani [André é casado com a atriz Danielle Winits].
Com minhas economias, até empreendi em um beauty spa para tentar me reerguer. Em 2017, conheci meu marido Ally Murade, que me ajudou a reorganizar minha vida, minhas emoções e minha trajetória. Ele até hoje tem feito o que pode para dar o necessário (casa e comida) para a Valentina, mas a falta de posicionamento do genitor dela (emocional, e de respaldo parental, não tem preço).
Filhos não devem ser abandonados, mesmo diante de qualquer dificuldade. Se é crime, abandonar animais, imaginem crianças.
Como você explica --se é que explica-- para a Valentina o que vem acontecendo?
Nenhum filho quer ver seu pai pagando judicialmente pelos custos emocionais, financeiros e psíquicos. Mas, para alguns, esta é a única maneira eficaz e, mesmo assim, ainda acham que é punição, não um dever.
A Valentina tem 19 anos e trabalha de segunda a domingo para ter seu próprio dinheiro. Ela sofre. Vive entre a emoção e a razão. O processo não tem a ver com falta de amor. Ela realmente precisa ainda de nossa ajuda (minha e dele). Ela ainda não tem maturidade para resolver tudo isso dentro dela e vem somatizando isso em prejuízo de sua saúde.
Há algumas reportagens que citam questões de pensão dele também com outros filhos. Você tem conhecimento disso? Conversa com as outras ex-mulheres dele?
Minha relação com todas as mulheres que o André teve foram boas e de muito respeito. Sempre incentivei o convívio dela com os irmãos e com suas namoradas ou esposas. E graças a Deus ela tem um amor e proximidade muito saudável com a Manuela [filha de André com a atriz Tereza Seiblitz] e com o Pedro Arthur [filho de André com a atriz Myriam Rios].
Em relação aos processos, o que sei é o que vejo na imprensa. Nunca liguei para elas para falar sobre isso. Apenas torço para que elas e seus filhos tenham saúde e paz.
Embora seja o correto perante a lei, muitas mulheres se sentem mal quando o homem é preso. Qual é seu sentimento diante de toda essa situação?
O André está de tornozeleira eletrônica em casa. Poderia estar como tantos outros no presídio por 30 dias. Eu luto pelos direitos da minha filha e indiretamente, dada a exposição pública do caso, pelos direitos de muitas outras mulheres e crianças que vivem o tormento da dificuldade financeira e emocional, vendo suas mães viverem relacionamentos abusivos (com os próprios pais ou padrastos) por conta da falta de dinheiro e outras alternativas e condições. Pelas crianças que crescem vítimas de abandono material, pela conduta dos pais, pela ausência de suas mães, que fazem jornada dupla para poderem criá-los.
Temos que parar de cultuar o sofrimento das mulheres, como se fossem vencedoras na vida, heroínas. A balança tem que estar equilibrada. A guarda e proteção dos filhos comuns é dever dos genitores e responsáveis legais.
Empatia não é só para quem é punido por não seguir seus deveres legais. Isto é Justiça. Se pender para um lado, alguém está carregando um fardo maior. Aí só a lei dos homens para ensinar.
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