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Empresária foge de ex após 2 anos sofrendo sessões de tortura e faz alerta

Clara Martins conseguiu escapar de agressões, que incluíam até mesmo o uso de facas, apenas no dia 12, após 2 anos de relacionamento  - Reprodução/Rede Bahia
Clara Martins conseguiu escapar de agressões, que incluíam até mesmo o uso de facas, apenas no dia 12, após 2 anos de relacionamento Imagem: Reprodução/Rede Bahia

De Universa, em São Paulo

20/07/2022 15h10Atualizada em 20/07/2022 15h10

Uma empresária de Alagoinhas, a 124 km de Salvador, denunciou ter sido vítima de sessões de tortura do ex-companheiro, que foi preso em flagrante depois que ela conseguiu fugir da casa em que os dois moravam. Ela fez um alerta para outras mulheres denunciarem casos de violência e afirmou que sofreu um aborto por causa das agressões.

A vítima, identificada como Clara Martins, conheceu o suspeito em 2020, por meio de um aplicativo de relacionamento. Ela conta que no início os dois tinham uma "relação perfeita", mas com apenas três meses de namoro as coisas mudaram e o homem iniciou as violências sexual e psicológica.

"Foi tudo muito bonito, muito encantador, era um homem muito educado, um homem de boa referência familiar", detalhou Clara à Rede Bahia, afiliada da TV Globo no estado, sobre o início do relacionamento com o suspeito, lembrando também a reviravolta no comportamento do ex-companheiro.

"Eu passei por todas as torturas conhecidas. (...) O meu fêmur é afundado de tanto cabo de vassoura no membro e perdi uma criança nesse meio tempo", contou a empresária, que afirma ter sofrido um aborto espontâneo por causa das agressões.

Além dos ataques contra a própria companheira, que contavam até mesmo com facas e espadas no estilo "samurai", Clara conta que o suspeito também agrediu os dois filhos dela, vindos de outro relacionamento. Com o cenário de violência, as crianças acabaram tendo a guarda cedida pela Justiça a outro familiar.

A empresária conseguiu dar um basta na rotina de agressões apenas no último dia 12, quando decidiu fugir, após mais uma sessão de tortura.

Desde meia-noite do dia anterior ele começou as agressões. Eram horas de abuso físico, horas de abuso psicológico, só que aí ele cochilou e quando ele acordou eu já tinha colocado parte das minhas coisas para fora do apartamento. Eu saí correndo, gritando, e graças a Deus alguém da vizinhança pediu socorro. Clara, à TV Globo.

O ex-companheiro de Clara foi preso em flagrante e encaminhado para a delegacia de Alagoinhas. Ele já tem passagens por falsificação de documentos e porte ilegal de armas. Universa entrou em contato com a Polícia Civil da Bahia que confirmou que a prisão do homem, por crime de tortura, foi convertida em preventiva.

A corporação informou que não pode divulgar a identidade do suspeito, que também não foi mencionada pela vítima. Ela foi encaminhada a uma casa de apoio, em local e cidade sigilosos.

"Um medo, medo do que ele podia fazer com as pessoas, comigo, mas principalmente com os meus filhos", explicou ela, ainda exibindo hematomas nos olhos, sobre os motivos que a levaram a continuar no relacionamento por dois anos, apesar das agressões.

Eu não via saída. Se hoje eu sou uma pessoa esclarecida e tenho compromisso com as mulheres, eu só peço isso a vocês e a sociedade: tem que divulgar que existe saída.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.