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Jogadora de vôlei fala sobre lucro com OnlyFans: 'Nunca vi tanto dinheiro'

De Universa, de São Paulo

20/07/2022 04h00

A jogadora Key Alves, defensora na reserva do time de vôlei Osasco São Cristóvão Saúde, viu seu nome virar notícia - mas não por causa do esporte. Com mais de 2,7 milhões de seguidores no Instagram, ela se tornou a jogadora de vôlei mais seguida do mundo. Aproveitando o hype, criou um perfil no OnlyFans, onde vende fotos sensuais. "Chego a ganhar R$ 100 mil por mês", revela.

Natural de Bauru, interior de São Paulo, ela sabia desde muito jovem que queria ser jogadora de vôlei. Apesar de ter sido reprovada em dez peneiras, nunca desistiu de correr atrás de sua vaga no esporte. "Tinha na cabeça que seria uma jogadora conhecida e que estaria nos melhores times", disse em entrevista a Universa.

Para ela, as Olimpíadas de Paris em 2024 ainda são um sonho distante, por não ser titular em seu time. A vaga de líbero (defensora do time, responsável pela recepção da primeira bola) pertence a Camila Brait, que joga pelo Osasco há mais de 14 anos e é a grande ídola de Key. "Por ela eu ficaria esperando meu momento, mas sei que preciso jogar. Na hora certa, vai acontecer", conta. Em nossa conversa, ela revelou que precisa dedicar seu tempo a outras formas de lucro, já que só seu salário como jogadora não a permitiria.

UNIVERSA Você é uma jogadora profissional, mas seu nome foi parar nas manchetes por causa de seu sucesso nas redes sociais. Isso te incomoda?
KEY Jamais, isso para mim é lucro, vitrine e visibilidade: é patrocinador. Nunca vai incomodar. O que incomoda são as fake news e quando publicam coisas pesadas sobre mim. Mas sei que isso vai acontecer, então fico com a cabeça tranquila.

Por que decidiu criar um OnlyFans?
Quando começaram a falar que eu era a jogadora de vôlei mais seguida do mundo pensei que precisava aproveitar o barulho e ganhar dinheiro em cima disso. Daqui a pouco, o assunto abafa.

Na minha cabeça de empresária e capricorniana, decidi ganhar dinheiro. Por coincidência, um empresário me mandou uma mensagem me dizendo que ele cuidava da plataforma e que eu tinha que fazer um perfil. Eu já postava fotos sensuais no Instagram e podia lucrar com elas. Eu topei. Só disse que não faria fotos nua, que não é do meu caráter, eu tenho família. Talvez mais pra frente, agora não. E ele me tranquilizou dizendo que as fotos sensuais vendiam bem e que preservariam minha imagem como atleta. Fazemos isso de um jeito perfeito.

Tenho uma equipe que trabalha pra mim, com moderação, advogados, polícia, para que nada que seja publicado manche minha imagem de atleta.

Key Alves faz sucesso em seu perfil no Only Fans - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Key Alves faz sucesso em seu perfil no OnlyFans
Imagem: Reprodução/Instagram

Você já falou que seu lucro é alto. Isso te assusta?
Demais, eu nunca vi tanto dinheiro de perto. Sou de família humilde, meus pais moram na favela até hoje. Graças a Deus, com essas condições que tenho, a vida deles está mudando.

Esse dinheiro é fácil, eu faço sentada no sofá da minha casa. Posso falar que ganho 100 mil reais por mês só com o OnlyFans, sem contar outras propagandas e patrocínios que chegam pelo Instagram, que não são fixos.

É assustador mas, ao mesmo tempo, engraçado.

O salário de uma atleta de vôlei não chega a isso, certo?
Exatamente. Nem se você for campeã olímpica. Sendo bem sincera, para eu conseguir um salário alto no vôlei, só daqui uns 10 anos. Então estou usando a plataforma, sim. E me arrependeria de não usar.

Em entrevista, Key Alves disse que não teria criado um Only Fans, ou buscado outras fontes de renda, se fosse valorizada no esporte - Divulgação - Divulgação
Em entrevista, Key Alves disse que não teria criado um OnlyFans, ou buscado outras fontes de renda, se fosse valorizada no esporte
Imagem: Divulgação

Você não ficou com medo do julgamento por ganhar dinheiro dessa forma?
Já falaram muito. Só agora que está dando certo as pessoas estão com um outro olhar sobre a plataforma, percebendo que não é nada demais.

Quando comecei foi tenso. Meu time me olhava torto, as pessoas falavam na internet... Mas passou rápido. Em coisa de semanas a galera já tinha esquecido.

O preconceito parou quando comecei a falar na imprensa sobre o que eu fazia e quanto ganhava. Notaram que não era nada demais.

Como assim o 'time te olhava torto'? As pessoas achavam que você não se dedicaria mais às quadras como antes?
Isso não aconteceu só com o OnlyFans, e sim desde que eu trabalho com internet. Todos os lugares que eu vou jogar desconfiam se eu sou só uma blogueirinha ou se jogo mesmo.

Nos comentários da internet, me chamam de rosto bonito e dizem que não jogo nada, que nunca me viram jogar? Isso me incomoda.

Será mesmo que se eu não fosse uma jogadora boa estaria representando o time de Osasco? Ido para a seleção na base? Isso me incomoda.

Mas para olhares tortos eu não ligo mais.

Como você faz para equilibrar treinos com internet?
Minha prioridade sempre será o vôlei. Ontem mesmo eu treinei quatro vezes no mesmo dia, não tive tempo para nada e cancelei entrevistas. Eu recebo um cronograma semanal de treinos que divido com a minha equipe. Meus compromissos têm que ser fora daqueles horários.

Tem dias que é difícil, eu não consigo dormir, mas é o que eu escolhi. Na quadra, sempre dou meu máximo para ninguém falar que não jogo bem por isso ou aquilo. Não quero ver nem as pessoas e nem o meu time falando isso de mim.

Se fosse melhor remunerada, você teria buscado ganhar dinheiro fora do esporte?
Não. Se eu ganhasse bem e fosse valorizada, não teria buscado outra fonte de renda fora.

Key Alves fatura R$ 100 mil por mês com o OnlyFans - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Key Alves fatura R$ 100 mil por mês com o OnlyFans
Imagem: Reprodução/Instagram

Mostrando seu lado sensual, você acredita que ajuda a derrubar preconceitos e incentivar outras atletas a se arriscarem na internet?
Sim, eu me sinto uma influenciadora. Tem duas atletas de grande nome no vôlei que já me procuraram perguntando sobre o OnlyFans, porque querem fazer também. Fico feliz em quebrar tabus. Tenho 22 anos, fiz o perfil com a cara e a coragem e, mesmo me sentindo madura, ainda sou jovem e posso me assustar com algumas coisas. Ver mulheres olhando meu trabalho e querendo fazer também é incrível.

O que falta para as mulheres ganharem mais dinheiro no esporte?
Faltam patrocinadores e os clubes quererem nos pagar também. Não adianta receber muito dinheiro de um monte de patrocinador e segurar a grana porque a jogadora é nova, porque não tem títulos. Eu sempre me questionei sobre isso.

Sempre tive títulos, coletivos e individuais, atuei na seleção de base feminina, joguei nos melhores times, tenho bagagem. Por que eu não ganho bem? Eu entendo que o vôlei é um esporte que paga melhor as atletas mais velhas, ao contrário do futebol, por causa da experiência. Aqui, conta-se mais a experiência do que a juventude.