Mãe de mulher morta com bebê fala de ex-genro: 'Fez ela se afastar de mim'
A mãe de Jéssica Mayara Ballock, morta em Blumenau (SC) com o filho de três meses, falou sobre o relacionamento conturbado com Kelber Henrique Pereira, que confessou os assassinatos, segundo a polícia, após ser preso no interior de São Paulo.
Segundo Marcileia, o genro já havia aparecido sob efeito de drogas na casa da família e foi suspeito de furtos de celulares e dinheiro dos próprios familiares de Jéssica, afastando-a de parentes e amigos, que reprovavam o casamento.
"Eu acho que ele a pressionava, ou manipulava, e o amor dela por ele falava mais alto. Eu, como mãe, falava pra ela: 'Filha, larga esse cara, ele não presta, ele fez muita coisa ruim pra gente'. Ele fazia as coisas e depois voltava pra minha casa como se não fosse nada, não era boa pessoa, mas ela amava tanto ele que ela não escutava a gente", disse a mãe de Jéssica, em entrevista à Record TV de Santa Catarina.
"Ela se afastou dos amigos, de mim, do meu marido, da minha filha. A gente sofria porque não podia estar com a minha filha e com os meus netos, mas ele se fazia de vítima quando estava na dificuldade, dizia que ia mudar, que ia ser uma pessoa melhor, e nunca mudava", afirmou Marcileia.
Jessica e seu filho Theo, de 3 meses, foram mortos entre a noite de sábado (23) e domingo (24), mas seus corpos foram encontrados apenas na manhã de segunda (25), após uma ligação anônima para a polícia. O marido da vítima, Kelber, foi preso apenas na noite de terça, em Paulínia (SP), enquanto transitava em uma estrada municipal.
Segundo o sargento Rodrigo Domingos Chagas, foi uma denúncia anônima que levou os agentes até o investigado. O homem de 28 anos disse aos policiais que após o crime pegou o filho mais velho, de um ano e dez meses, e o levou para Minas Gerais, para a casa dos avós paternos.
Depois, foi até o município de Bragança Paulista, na divisa de São Paulo com Minas. Lá, ele trocou de carro, e viajou em direção a Paulínia, onde pretendia buscar uma clínica de reabilitação, segundo sua versão.
O homem, que já estava com a prisão preventiva decretada em Santa Catarina, foi levado para a Cidade Judiciária, em Campinas, onde passou por audiência de custódia. Ele ainda deve ser transferido para Blumenau.
Segundo a Polícia Civil, ainda não há advogado constituído no caso para defender o suspeito.
Desabafo
Rogério Ballock, pai de Jéssica, também fez um desabafo sobre a morte da filha e do neto, afirmando que Kelber é um "lixo da sociedade" e questionando o motivo de o genro, que já tinha sido detido por furto de carros em 2021, nunca permanecer preso.
"Bandido é pouco para ele, para o que ele fez. Ele é um cara frio, da pior espécie que existe na face da Terra. Eu tratei ele da melhor forma na minha casa, ajudei eles em tudo que foi possível", declarou o homem também à afiliada catarinense.
"A minha filha podia estar viva. Por que não foram capazes de pegar ele por outras passagens que ele tem na polícia? De roubo, estelionato. Por que negaram? Ele é um lixo da sociedade, esse meu genro. Eu não sei nem como colocar minhas palavras pra fora, mas eu preciso do meu neto, e eu peço que me informem onde ele está, porque a gente precisa trazer ele pra cá, pra recomeçar nossa vida", completou ele, pedindo o retorno do neto mais neve, que foi encontrado com os avós paternos, à Blumenau.
Também em depoimento à polícia paulista, Kelber alegou não se lembrar de detalhes do crime, alegando que estava sob efeito de entorpecentes no final de semana, após ingerir bebida alcoólica em um churrasco na casa dos sogros. O homem, que já havia passado por tratamentos em clínicas de reabilitação, alega que teria sofrido uma recaída no uso de drogas ilícitas após chegar ao apartamento em que vivia com Jéssica e os filhos.
"Ele disse que só se recorda que ingeriu drogas e álcool e não se recorda qual objeto ele utilizou para fazer o crime. Ele disse somente que amava muito a esposa e a criança", relatou o sargento Rodrigo Chagas, que participou da prisão em Paulínia, a Universa.
Amanda, irmã da jovem morta, afirmou que o pai de Jéssica chegou a ir até a casa da filha na manhã de domingo para buscar o genro, que havia prometido assistir a um torneio de futebol junto à família. Apesar de ninguém ter respondido aos chamados, o homem pensou que eles apenas haviam perdido a hora após a festa no dia anterior.
"A gente tinha um torneio, meu namorado ia jogar, então a gente combinou no sábado à noite que todo mundo iria lá assistir. Meu pai passou pela manhã, antes de ir para o evento, buzinou em frente ao apartamento, a janela estava aberta, ele ligou, mas eles não retornaram. Mas a gente foi, seguiu o dia normal, e à noite, quando já era tarde, ele (Kelber) mandou uma mensagem falando que eles não foram porque eles estavam muito cansados, mas na verdade minha irmã e meu sobrinho já estavam mortos no apartamento", lembra Amanda, que está grávida.
"Ele nunca deixava meus avós chegarem perto dos netinhos, mas naquele dia a gente ficou o dia inteiro junto. Eles almoçaram com a gente, à tarde foram jogar bola, estava todo mundo junto, todo mundo feliz. E à noite a gente fez um churrasco pra comemorar, porque essa semana a gente vai saber o sexo do meu bebê também, e ele falou pro meu pai: 'Liga para eles virem aqui, a gente não sabe o dia de amanhã, o que vai acontecer'. E agora tudo faz sentido, parece que era uma despedida", concluiu a jovem, também destacando o comportamento ciumento de Kelber.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
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