Terapeuta de casais descobre que marido a traía por detalhe em mensagem
Foi por acaso que a psicóloga e terapeuta de casais norte-americana Samantha Gray descobriu que o marido, com quem convivia há mais de 13 anos, a traía. Em 2018, três dias antes do Dia dos Namorados, ela recebeu no celular uma mensagem aparentemente inocente, mas que foi o estopim para um rompante de desconfiança, investigações e pesquisa.
"Minha descoberta começou com uma mensagem no celular, na qual meu então marido contou sobre uma igreja incrível que ele estava visitando na Carolina do Norte, para onde ele supostamente havia viajado a trabalho", contou Samantha, em um depoimento em primeira pessoa para o "Huffington Post".
"Ele me enviou fotos dos cantores no palco, anotando o nome de uma das cantoras em particular, para que eu pudesse encontrar a música mais tarde. Ele disse que estava com um amigo."
Na hora, a psicóloga respondeu à mensagem dizendo que ele tinha sorte de estar lá, em uma ocasião tão especial para aquela igreja. Mas bastou uma simples busca no Google pelo nome da cantora e a data do evento para saber que a igreja ficava em outra cidade —e estado: Knoxville, no Tennessee.
"Eu assisti repetidamente às imagens de vídeo que encontrei daquele culto na igreja e consegui vê-lo usando um suéter amarelo que comprei para ele, me mandando mensagens de texto com uma mão e segurando a mão de outra mulher com a outra. Fiquei tão atordoada —percebi que meu corpo estava completamente imóvel e eu estava prendendo a respiração. Parecia que o mundo ia desmoronar", afirmou a psicóloga, dizendo que não confrontou o marido. Em vez disso, tornou-se sua própria investigadora particular.
A primeira medida foi voltar a checar as correspondências. Samantha havia deixado essa responsabilidade com o marido, afinal, lidar com as contas e as finanças a deixavam num estado de ansiedade indesejado. "Primeiro descobri que ele havia aberto vários cartões de crédito em meu nome que eu não sabia".
Depois ela passou a ter acesso a registros de viagens de compras, jantares e shows fora do estado. Também encontrou um cartão de "Boas Festas" agradecendo a ele por passar o Natal com a família de outra mulher no Tennessee.
"Naquele ano, ele havia expressado sua decepção e frustração por ter que trabalhar no Natal, mas tentou me garantir que estava fora do estado trabalhando em nossas dificuldades financeiras, difíceis de serem remediadas", lembra Samantha.
"Também encontrei recibos que mostravam que ele comprou um hoverboard para a filha daquela outra mulher e alguns vale-presente para os pais dela. Ele não comprou nada para suas filhas, que eu trouxe para Chicago para ficar com nossa família."
Samantha obteve recibos de flores e acesso a mensagens trocadas com outras mulheres em seus e-mails. Encontrou nudes de mulheres em meio a conversas íntimas. E detalhes que ele contava a respeito dela, como seus problemas de infertilidade e inseguranças.
A quantidade de dados que a psicóloga descobriu nos anos que se seguiram foi avassaladora. "Esse homem não era o marido com quem eu pensava que estava casada há 13 anos. Eu estava com o coração partido e envergonhado por nunca ter sabido de sua infidelidade, mas eu confiava nele e o amava, eu não podia acreditar que ele tinha feito isso comigo."
Divórcio e negação
Após algumas semanas de perseguição presencial, com rastreamento em GPS para vigiar os atos do marido, Samantha resolveu pedir o divórcio. O tempo todo ele negou que a tivesse traído. Até mesmo quando o filho da outra mulher acabou sendo registrado sem querer no plano de saúde da psicóloga, o que, para ela, foi o golpe final.
"Tornei uma missão pessoal deletar toda a existência dele da minha vida —começando pelas minhas redes sociais. Estávamos juntos há mais de 15 anos, então isso não seria uma tarefa fácil. Levou cerca de uma semana para eliminar sua presença digital. Não totalmente, pois permaneci conectada a parentes próximos e selecionei amigos compartilhados. Também não consegui excluir fotos dele das páginas de mídia social da minha família."
A ironia da profissão
Samantha, que hoje está reconstruindo sua vida ao lado de um novo companheiro, que "pouco a pouco" vem conquistando sua confiança e a ajudando a superar os traumas, ri quando amigos e familiares dizem o quão irônico é o fato dela lecionar na universidade sobre "Terapia de Casais e Família". Principalmente porque seu foco são as tecnologias voltadas para as mídias sociais.
"Assim como um oncologista não está imune ao câncer, eu não estou mais imune às dificuldades familiares do que os outros. A diferença pode ser como respondemos e lidamos com as questões da vida dentro de nossa área de especialização e se somos capazes de viver a verdade que defendemos —uma vez que a descobrimos, é claro", comentou.
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