Topo

'Cancelei festa de 150 pessoas para casar em Paris. E o vestido não fechou'

Vivianne Miranda e Samuel Damaceno preferiram se casar a sós. Uma festa grande perdeu o sentido para eles na pandemia - Acervo pessoal
Vivianne Miranda e Samuel Damaceno preferiram se casar a sós. Uma festa grande perdeu o sentido para eles na pandemia Imagem: Acervo pessoal

De Universa, em São Paulo

30/07/2022 14h28

A produtora de conteúdo Vivianne Miranda, de 29 anos, tinha planejado o casamento dos sonhos para acontecer em junho de 2019. A festa para 150 convidado seria realizada em um castelo, no Brasil. Mas, como na época prevista ela estava terminando a faculdade e o trabalho de conclusão de curso, preferiu adiar a comemoração em mais um ano. E foi surpreendida pela pandemia.

Cansados de remarcar a cerimônia e vendo que não fazia mais sentido uma festa tão grande, Vivianne e o noivo, Samuel Damaceno, 35, decidiram trocar a festa por um elopement wedding, uma cerimônia a dois. O local escolhido? Paris. Minutos antes do casamento, porém, aconteceu o improvável: o vestido não fechava.

@viviannemirandaoficial

MEU VESTIDO DE NOIVA NÃO FECHOU NO DIA DO CASAMENTO

? som original - viviannemiranda

Vivianne contou a Universa como foi a experiência de trocar a festa por uma cerimônia íntima —e o que fez para conseguir fechar os botões.

"Começamos a planejar nosso casamento em 2017, em um castelo que me apaixonei logo quando visitamos. No início, a ideia era fazer uma festa para apenas 50 pessoas; no final fechamos a comemoração para 150 convidados.

A data prevista era junho de 2019, mas como eu estava finalizando o curso de engenharia eletrônica não estava conseguindo conciliar as duas coisas. Então, resolvemos adiar para junho de 2020. Em março, fizemos nosso chá bar e na quarta-feira seguinte foi decretada a pandemia em São Paulo. A cidade fechou.

Como achava que a situação iria melhorar, remarcamos a festa para quatro meses depois, em outubro. Em setembro, porém, começamos a repensar. Nesse tempo de reclusão, sem contato com as pessoas, não fazia mais sentido uma festa tão grande. Nos afastamos de alguns padrinhos e não queríamos levar para o altar pessoas que não estavam torcendo pela gente.

Veio a ideia: e se nos casássemos em Paris? Já tínhamos visitado e éramos apaixonados pela cidade. Falamos com a nossa assessora e ela topou. Como a festa no Brasil estava toda paga, conversamos com os fornecedores para saber o valor da multa. Somamos tudo e decidimos que aquele seria o preço da nossa liberdade. Cancelamos tudo e foi um alívio! Mas, por causa da decisão, muitas pessoas pararam de falar com a gente, nos chamaram de egoístas.

Pegamos o dinheiro investido em uma festa grande para gastar em um casamento a dois. Planejamos ir para Paris em 2021, mas não rolou. Com as fronteiras fechadas, decidimos nos casar em 2022. Queríamos algo bem especial. Pesquisamos fornecedores locais, mas acabamos levando fotógrafo e equipe de filmagem do Brasil.

Pés inchados e fita adesiva

"Eu fiz quatro provas do vestido por aqui e ele estava maravilhoso. Mas fui para Paris uma semana antes da celebração, então busquei o vestido dez dias antes de viajar. Eu não contava que ficaria inchada com o voo e que reteria tanto líquido por lá. Percebia que meus pés estavam inchados, mas minhas roupas estavam servindo normalmente. E não provei o vestido assim que cheguei lá.

No dia tão sonhado o clima estava ótimo, recebi o buquê no hotel, fiz uma surpresa para meu noivo que estava se arrumando em outro local. Tudo estava dando certo, achei que nada mais pararia meu casamento. Após tirar minha última foto com o robe, estava pronta para colocar o vestido. Não via a hora.

Ao vestir, passou pelo quadril, mas na hora de abotoar, não fechava. Eu tinha pedido para que nos ajustes ele ficasse bem certinho, não achava bonito tecido folgado. Mas não contava com isso. Os fotógrafos e o maquiador começaram a me ajudar, cada um puxava de um lado. Mas não funcionava, os botões não fechavam. Eu não tinha um elástico, uma fita, nada. Não tinha levado cinta, não me preparei para aquele imprevisto. Precisava fechar, não podia casar com ele aberto. Comecei a chorar de nervoso.

O desespero tomou conta de mim. A assessora, que estava quase no local da cerimônia, voltou correndo para o hotel para me ajudar. Nessa hora, lembrei de vídeos que tinha visto no TikTok com um truque que usava fita adesiva enrolada em torno do corpo para criar um efeito de cinta. Eu tinha levado um rolo para embalar o vestido na volta. Resolvi tentar.

Fui até o banheiro e passei durex em volta da barriga, como se fosse uma cinta. Apertei bem. Depois disso, forçamos e conseguimos fechar os botões. O choro acabou. Meu noivo, que estava me esperando, não sabia de nada.

Vivianne Miranda, 29, e Samuel Damaceno, 35, deixaram uma festa para 150 pessoa e casaram-se sozinhos em Paris - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Após a cerimônia, Vivianne e Samuel tiraram fotos em lugares turísticos de Paris
Imagem: Acervo pessoal

Entrei na cerimônia com um violinista tocando a marcha nupcial. Não importava que não estávamos na igreja. Era o que eu queria. Fizemos o first look, que é quando o noivo me vê vestida pela primeira vez, e foi tudo maravilhoso. Ninguém percebia nada. Só contei para o Samuel quando a cerimônia acabou.

Nosso casamento foi às 11h, mas fiquei com o durex no corpo até às 17h, porque fomos fazer fotos em pontos turísticos de Paris. Quando voltei para o hotel, estava com a pele toda vermelha, marcada pela fita. Eu consegui andar durante o dia, mas não podia sentar no carro, eu precisava ficar meio deitada.

Viveria tudo novamente

Quando avisamos nossas famílias que iríamos 'fugir para casar', eles não gostaram da ideia. Diziam que parecia que queríamos nos esconder, não entenderam a essência da nossa escolha, queríamos um momento único para nós. Ficaram chateados, sim.

Para compensar, na época fizemos um almoço no dia do casamento no civil, em São Paulo, só para não deixar a data passar em branco. Foram 15 pessoas, amigos íntimos e família, gostamos muito.

Valeu cada centavo, cada durex enrolado, toda dor de cabeça que tivemos para cancelar contrato, viajar, lidar com pais e padrinhos chateados. Eu viveria esse momento mil vezes, não mudaria nada. Foi perrengue? Foi. Mas não mudaria nada para viver essa emoção novamente."

Vivianne Miranda, 29 anos, criadora de conteúdo, mora em São Paulo