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Quem são as mulheres que se destacaram na leitura da carta pela democracia

Luiza Souto

De Universa

12/08/2022 12h31

Três professoras de direito na USP (Universidade de São Paulo) fizeram história nesta quinta-feira (11) ao lerem a "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito", no largo de São Francisco, na região central de São Paulo.

Ao lado de Flavio Flores da Cunha Bierrenbach, ex-ministro do STM (Superior Tribunal Militar), as juristas Eunice de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara se revezeram na leitura de trechos do documento. Também fazem parte da lista de mais de 1 milhão de pessoas que assinam a cara.

A carta é vista como uma resposta às declarações golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o processo eleitoral no país, em especial contra as urnas eletrônicas.

Conheça um pouco mais da carreira das três mulheres.

Eunice de Jesus Prudente na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco - Simon Plestenjak/UOL - Simon Plestenjak/UOL
Eunice de Jesus Prudente na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco
Imagem: Simon Plestenjak/UOL

Eunice de Jesus Prudente

Filha de pai metalúrgico e mãe tecelã, nasceu em setembro de 1946, na Mooca, em São Paulo, e foi educada na Escola pública São Teodoro. O avô materno integrou a Frente Negra Brasileira.

Doutora pela USP, com orientação do professor constitucionalista Dalmo de Abreu Dallari, morto em abril último, foi autora da primeira tese que propõe a criminalização da discriminação racial, em 1980. Hoje, é secretária municipal de Justiça da cidade de São Paulo. Na USP desde 1985, foi também professora titular da Universidade Zumbi dos Palmares.

Eunice conquistou o feito de ser a primeira mulher negra a lecionar na Faculdade de Direito, e também a primeira mulher negra a assumir, de 1999 a 2001, a Diretoria Executiva do Procon (Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor).

Maria Paula Dallari Bucci na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco - Simon Plestenjak/UOL - Simon Plestenjak/UOL
Maria Paula Dallari Bucci na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco
Imagem: Simon Plestenjak/UOL

Maria Paula Dallari Bucci

Maria Paula trabalhou com direitos humanos, especialmente no começo da carreira. Também é doutora pela Faculdade de Direito da USP e coordenadora da Esnap (Escola Superior Nacional de Advocacia Pública). É filha de Dalmo Dallari, jurista considerado referência no estudo do direito no país.

Especialista em Direito Público, foi secretária de Educação Superior do Ministério da Educação (2008-2010), consultora jurídica do Ministério da Educação (2005-2008) e Procuradora-Geral do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), de 2003 a 2005.

Foi superintendente jurídica da USP (2014-2017), procuradora da USP (1992-2018), tendo atuado como procuradora-geral (2014-2015) e como assessoria jurídica da Agência USP de Inovação (2011-2013).

No magistério, Bucci atuou na Universidade Presbiteriana Mackenzie entre 2002 a 2014, Escola Nacional de Administração Pública de 2004 a 2008 e na Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo de 2002 a 2004, além de outras instituições.

Atualmente, a professora estuda a linha de pesquisa Tendências do Estado contemporâneo, coordenando o grupo de pesquisa Estado, Direito e Políticas Públicas na USP. É ainda autora de diversas obras como: "Teoria do Estado: Sentidos Contemporâneos" (2018), "Fundamentos para uma Teoria Jurídica das Políticas Públicas" e "Direito Administrativo e Políticas Públicas".

Ana Elisa Liberatore Bechara na USP durante leitura da Carta pela Democracia - Reprodução/USP - Reprodução/USP
Ana Elisa Liberatore Bechara na USP durante leitura da Carta pela Democracia
Imagem: Reprodução/USP

Ana Elisa Liberatore Bechara

Conquistou a vaga de professora titular na Faculdade de Direito da USP após disputar concurso com a atual deputada estadual Janaína Paschoal (PRTB-SP), conhecida como autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff ao lado dos juristas Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo. Janaína seguiu como professora associada da universidade.

É ainda vice-diretora do curso de direito da USP, foi membro do Conselho de Política Criminal e Penitenciária do Estado de São Paulo, do Comitê Interinstitucional de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e do Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Administração Penitenciária, junto ao Governo do Estado de São Paulo.

Entre suas linhas de atuação está a área de questões de gênero no direito.