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Mulher arrastada em tentativa de estupro relata perseguição: 'Desespero'

Cláudia Oliveira afirmou que foi perseguida pelo agressor antes da abordagem - Reprodução/TV Globo
Cláudia Oliveira afirmou que foi perseguida pelo agressor antes da abordagem Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

18/08/2022 15h22Atualizada em 18/08/2022 15h26

A vítima de uma tentativa de estupro no bairro do Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro, afirmou que sentiu estar sendo seguida antes de ser abordada pelo agressor. Cláudia Oliveira foi arrastada pelo chão até uma caçamba de entulhos na noite de sábado (13) nas proximidades da estação do metrô do bairro.

"Eu já tinha visto ele antes, no ponto, então deduzi que ele estava me seguindo. Levantei a câmera do prédio e confirmei isso", contou ela, ao "Bom Dia Rio", da TV Globo.

Segundo a vítima, a abordagem ocorreu por volta das 19h30 e ela sofreu escoriações após lutar contra o agressor.

"Ele pediu para eu não gritar e eu continuei gritando. Nem dá tempo de pensar, é um desespero e sensação de vulnerabilidade, de pensar que não somos nada, nem ninguém, é muito difícil", desabafou ela.

De acordo com a Polícia Civil, a tentativa de estupro foi interrompida após um segurança de uma loja próxima ouvir os gritos da vítima e correr para socorrê-la.

No dia seguinte, Claudia disse que resolveu tomar medidas contra o agressor.

"É uma situação surreal, a gente sabe que acontece, mas sempre na casa do vizinho que pega fogo, né? Então acontecer com você te remete a pensar em uma série de coisas. A primeira coisa que me veio quando enfim eu fui salva por um anjo foi que eu tinha que fazer alguma coisa para que isso não acontecesse com mais ninguém", desabafou.

O agressor deixou para trás uma mochila, que foi apreendida pela polícia. Nela foram encontradas duas tesouras, aparelho e produtos de barbear, escova de dente e um cachimbo de crack.

Claudia ainda afirma que viu um cartão de outra mulher entre os itens. "Entregamos no sábado para a polícia. E me preocupa muito. Quem era essa pessoa, quem era essa mulher. O que poderia ter acontecido com ela. Então é isso que é o mais difícil. Saber que não fui a primeira e não vou ser a última."

A decisão de falar sobre o assunto em público veio para também alertar outras mulheres. "Eu decidi falar pra fazer um alerta, pra mostrar para outras mulheres, para elas não terem vergonha de mostrar o rosto, isso pode acontecer com qualquer uma. O fato não se consumou comigo, graças às pessoas, mas acontecem com muitas", disse ela.

Homem confessa tentativa de estupro

O major Marcos Machado, comandante do Aterro Presente, disse ao UOL que a equipe de segurança tomou conhecimento do caso por moradores e imagens divulgadas nas redes sociais e que, ao localizarem o suspeito, algumas pessoas tentaram agredir o sem-teto - o que foi evitado pelos agentes.

"No momento da abordagem, moradores que também o identificaram como autor através dos vídeos nas redes sociais, tentaram linchá-lo. Nós impedimos e o levamos para a delegacia e o delegado representou pela prisão dele".

Ainda de acordo com o major, o agressor estava desarmado no dia da prisão, não reagiu à abordagem e foi "rindo" até a delegacia. As equipes acionaram ainda a vítima para que ela o reconhecesse na delegacia. O major afirmou que o sem-teto confessou a tentativa de estupro.

Segundo o Segurança Presente, o agressor também confirmou ser ele nas imagens das câmeras de segurança, admitiu estar em situação de rua e informou ser de Miguel Pereira, cidade a 120 km da capital fluminense.

Ele foi encaminhado para a Delegacia do Catete, também na zona sul, e foi verificado na unidade que ele tem anotações criminais por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Ele também foi reconhecido pela vítima como o autor da tentativa de estupro.

A Polícia Civil pediu a prisão temporária do agressor, que ainda não tem defesa constituída e, por isso, não será identificado.