Feminejo: Simone e Simaria cantam de violência doméstica a briga por homem

A dupla das irmãs Simone e Simaria chegou ao fim. Após uma série de briga entre elas, elas anunciaram com um comunicado postado em suas redes sociais oficiais, na quinta-feira (18), que seguirão em carreiras solo e que os shows marcados até o momento serão cumpridos apenas por Simone.

As cantoras nascidas em Uibaí (BA) iniciaram a carreira como backing vocals de Frank Aguiar e seguiram como dupla em 2012. Nas primeiras aparições na imprensa, elas projetavam a imagem de mulheres fortes e sinceras. E elas foram símbolo, com Marília Mendonça e Naiara Azevedo, do feminejo. Embora não sejam abertamente feministas, elas cantaram temas como violência doméstica e empoderamento.

"É claro que a gente canta músicas de festa, de bebida e pegação, mas queremos que os homens abram os olhos porque o mundo é machista. Se você só ouve música sobre bebida e raparigada, só vai querer saber disso mesmo", disse Simaria em entrevista ao UOL em 2015.

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Já ao "Profissão Repórter", da TV Globo, a dupla admitiu, em 2017, que apoiava pautas feministas. "Estamos aqui para apoiar a mulherada, para dizer que se a mulher quiser beber, ela vai beber; se ela quiser dançar, ela vai dançar; que se o sem vergonha estiver errado com ela e ela quiser trair, ela vai trair também. Temos direitos iguais", disse Simone.

Nas suas letras, elas cantavam temas de empoderamento das mulheres. A música "Chora Boy", por exemplo, elas mandam a letra: "Tá pra nascer alguém que manda em mim / Que possa me impedir de ser feliz"

Em 2014, elas lançaram a música "Ele Bate Nela", composta por Simaria. A letra conta a história de uma mulher que acreditava ter conhecido um homem especial, mas sofre com violências e agressões. "Quando componho, penso no que as pessoas passam. E a verdade é que isso [violência doméstica] é bastante comum ainda. Eu queria falar disso, mas de um jeito que não fosse muito pesado. Então compus essa história com amor", disse a compositora ao UOL.

O vídeo mostra Simone cantando grávida, além de uma dramatização da letra da música, em que uma atriz vive uma mulher que é espancada pelo marido.

Ao final do clipe, surge a mensagem "Não se cale. Denuncie. 180", com o telefone da Central de Atendimento à Mulher. A repercussão da música, segundo a dupla, é sentida principalmente ao final dos shows, quando as fãs as abordam e agradecem. "Algumas dizem que se libertaram", afirma Simone.

Em 2019, foi a vez da música "Amor que Dói". A dupla lançou um vídeo em que não se ouvia a voz das cantoras. Nos comentários, os fãs apontavam "falhas técnicas" — mas na verdade era um primeiro teaser de um vídeo que marcaria Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres daquele ano.

Na versão completa do vídeo, elas explicam a campanha. "Vocês repararam que nosso clipe lançado hoje saiu sem voz? Calma, não foi problema técnico. Foi de propósito! Fizemos isso para chamar a atenção dos coleguinhas de todo o Brasil para um assunto sério: a importância de usar a nossa voz em forma de protesto para denunciar a violência contra as mulheres", disseram.

"Amor que Dói" fala sobre um relacionamento abusivo em que a mulher se cala, enquanto a outra pessoa tenta consertar com rosas e desculpas. A composição ainda influencia as mulheres a se pronunciarem: "Se te atinge, atinge todo mundo. Machuca uma, machuca todo mundo. Você não tá sozinha não. Então por que não tira a voz do mudo?".

Mas nem tudo é empoderamento e sororidade nas letras das irmãs. Neste ano, elas viralizam com a música "Amiga" e não era sobre apoio e amizade como sugere o início. "Amiga me escuta / Quero falar contigo / Preciso de um conselho / pra dor que estou sentindo". O desfecho da canção traz uma reviravolta e transformou a performance da dupla em uma atuação que chamou a atenção nas redes.

A faixa de Simone e Simaria traz uma história com começo, meio e fim, sem repetições. A música foi composta por Simaria com o piauiense Nivardo Paz, que também é coautor de outros hits da dupla como "Meu violão e nosso cachorro" e "Quando o mel é bom". No fim da música, spoiler, uma disputa por homem: a amiga, na verdade, estava apaixonada pelo marido da outra.