Professora dá à luz 17 meses após marido morrer: 'Parte dele ficou comigo'
Uma professora de 43 anos se tornou mãe em meio a um momento conturbado em sua vida. Aos 38 anos, ela e o marido planejaram a gravidez, mas enfrentaram dificuldades com dois abortos espontâneos. A solução para o casal foi o tratamento por fertilização in vitro (FIV). Mas, antes de iniciar o processo, o pai da mulher morreu de câncer e, em seguida, o marido também morreu, em um acidente de carro.
As tragédias abalaram Andriana Campanharo, que por um momento achou que não conseguia ter forças para iniciar a gravidez. No entanto, ela se recusou a abrir mão do sonho e de abandonar a memória do marido, William.
"No dia, antes de tudo acontecer, falamos sobre o bebê, escolhemos o nome... Era um plano nosso, para realizarmos juntos. Eu não imaginava isso para a minha vida, mas foi me despertando um desejo de ter essa criança. Primeiro porque era a realização de um sonho. Depois, porque era uma parte do William que ficaria comigo", disse Andriana em entrevista à Revista Crescer
Residente em Botucatu (SP), Andriana sempre priorizou sua carreira em computação científica, deixando o plano de maternidade para o momento que achasse adequado. Quando chegou aos 38 anos, ela e William decidiram tentar engravidar, mas enfrentaram dificuldades devido à idade da futura mãe. Levando-a a sofrer dois abortos espontâneos.
"Acontece que eu não tinha mais estrutura emocional para ficar nesse looping. Então, fui procurar ajuda para fazer uma investigação do motivo dessas perdas e buscar apoio de um especialista em reprodução e fertilidade para fazer o tratamento", contou.
"Quem nos acompanhou foi o dr. Rodrigo Rosa e ele explicou que tudo indicava que os meus abortos de repetição eram por causa da minha idade. Os óvulos já estavam ficando 'velhos' e, com isso, a chance de a gravidez seguir eram menores. A melhor alternativa, naquele cenário, era optar pela fertilização in vitro".
O procedimento
Segundo Andriana, entre junho e julho de 2020, foi feita a primeira coleta de óvulos e espermatozoides, dando origem ao primeiro embrião, que foi congelado. Como era um menino, ela e o marido deram o nome de Benício.
No entanto, o sonho teve que ser interrompido, pois o pai da professora foi diagnosticado com câncer e morreu em dezembro de 2020. "Nessa fase toda, interrompi o tratamento de fertilização e viramos o ano só com um embrião congelado mesmo".
Devido às dificuldades para fazer uma nova coleta, ela e o marido decidiram finalmente fazer a transferência com o único embrião que tinham, com data marcada para 8 de março de 2021. Contudo, cinco dias antes, William morreu em um acidente de carro enquanto dirigia para o supermercado. A perda não apenas abalou Andriana, como também fez questionar a sua vontade de ser mãe.
"Fiz muita terapia para conseguir lidar. Eu não imaginava isso para a minha vida. Estávamos há 23 anos juntos, desde os nossos 18 anos. Era meu companheiro de uma vida inteira".
Alguns meses depois, em novembro de 2021, ela tomou a decisão de seguir adiante com o procedimento. Apesar do medo de uma nova perda, caso a FIV não funcionasse, Andriana teve confirmada a gravidez. Mas, a saudade do marido não cessou. "Queria muito que ele estivesse aqui, mas eu reuni forças e coragem de onde eu não tinha para seguir com essa maternidade solo.
Em 29 de julho de 2022, finalmente ela deu à luz Benício, saudável e "parecido com o pai", como detalhou a mãe. Embora o menino tenha que crescer sem o pai, Andriana quer criá-lo com a memória de William, já que Benício também era bastante desejado por ele.
"Tenho muito que contar para o Benício sobre o pai dele, esse homem maravilhoso. Quero contar a nossa história, o nosso desejo, o nosso esforço para que ele pudesse estar aqui hoje".
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