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Chemsex: usar drogas antes de transar te dá mais liberdade na cama?

Da redação

Coaboração para Universa

22/08/2022 04h00

Em entrevista ao podcast Sexoterapia, a psiquiatra Maria Carolina Pedalino Pinheiro falou sobre a tendência do chemsex (sexo químico, em tradução livre), palavra em inglês que se refere à prática de transar sob a influência de drogas psicoativas para turbinar o prazer.

A especialista em dependência química pela Unifesp contou que o termo foi criado em 2001 por um inglês chamado David Stuart e se referia ao uso de drogas sintéticas (metanfetamina, GHB, ecstasy, poppers) em festas, especialmente por homens que fazem sexo com homens.

"Eu diria que 99% dos estudos sobre o tema são com o homem que fazem sexo com homens. Mas a gente está expandindo esse termo", diz Maria Carolina. (veja no vídeo a partir do minuto 35:51) Atualmente, o chemsex abrange pessoas de outras orientações sexuais e, além de drogas sintéticas, também inclui outras drogas, como maconha e até o álcool.

A psiquiatra explicou que todas as drogas agem no cérebro no sistema dopaminérgico, responsável pelo prazer. E que embora cada substância tenha efeitos diferentes, a sensação final sempre vai ser prazerosa. (veja no vídeo a partir do minuto 33:08)

"Se a gente come um brigadeiro, bate nessa região, se estou assistindo a uma série que eu gosto, também bate nessa região, que é a do prazer. A diferença em relação à droga é que ela vai liberar uma quantidade grande de dopamina. Por isso, a chance de eu ter prazer, de ter mais euforia com a substância, é maior". (veja no vídeo a partir do minuto 31:45)

Prazer x segurança

Ana Canosa lembra ainda que outra ação das substâncias psicoativas é a de diminuição da autocensura. "Existe um rebaixamento da censura, essa instância do nosso psiquismo que faz a mediação entre o meu desejo e o meu estar no mundo. Quanto mais você bebe e usa substâncias psicoativas, mais a censura vai ficando rebaixada". (veja no vídeo a partir do minuto 12:16)

Maria Carolina concorda e ressalta, ainda, que as substâncias psicoativas liberam dopamina de forma suprafisiológica, ou seja em doses maiores (veja no vídeo no minuto 14:10).

Isso significa que, quando estamos alterados, não só podemos nos soltar a ponto de fazer aquilo que não teríamos coragem de fazer sóbrios ("oi, sumido"), como podemos ir além e fazer coisas que nunca tínhamos pensado em fazer ("eu jamais ficaria com aquele cara, não sei o que me deu").

"A gente está falando de um cérebro que está modificado pelo uso de uma substância", lembra a psiquiatra.

Sexoterapia é o espaço criado por UOL/Universa para falar de sexo e relacionamento. Você pode conferir o programa em plataformas de áudio como Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music. No Youtube de Universa, o programa também está disponível em vídeo.