Terapeutas de casal contam o que você precisa saber pra salvar sua relação
Nas comédias românticas, a cena é clássica: uma mulher com mais de 40 anos, insatisfeita com a relação, insiste com o marido em procurar um terapeuta de casais e ele aceita a contragosto. Chegando no consultório, o profissional acaba tomando partido de um dos lados, fazendo o outro se sentir cada vez mais desconfortável.
Fora das telas, no entanto, terapeutas especializados garantem que o estereótipo não corresponde à realidade. Começando pelo fato de atenderem casais diversos: pessoas mais jovens, mais velhas e de todas as orientações sexuais. Segundo, por conduzirem as sessões de uma forma bem diferente daquela que normalmente é mostrada nos filmes.
Consultadas por Universa, três profissionais listam os principais mitos envolvendo sua rotina de trabalho e explicam por que eles deveriam ser deixados de lado:
Principais mitos sobre terapia de casal:
Mito #1: Não existem segredos: tudo deve ser revelado
É natural que as duas partes precisem ser honestas sobre seus incômodos - só assim a terapia pode dar resultado. No entanto, é possível trabalhar questões pontuais, sem revelar tudo sobre si mesmo.
"Existem coisas sobre o passado que nem todos querem dizer para seus parceiros e isso é respeitado. O importante é conhecer a história de vida de cada um para saber como foram criados, quais valores familiares receberam e se estão repetindo algum padrão, porque isso influencia muito na relação", aponta Marta Souza, psicóloga clínica e escolar.
Se a pessoa achar importante contar sobre uma situação somente para a terapeuta, é possível agendar uma sessão individual para falar e pedir que seja mantida em sigilo.
Mito #2 Só pessoas casadas há muito tempo fazem a terapia
Pelo contrário: casais de namorados, noivos e os recém-casados também podem ter excelentes resultados buscando atendimento — e as profissionais consultadas pela reportagem garantem que essa é uma tendência cada vez maior.
"Acho importante difundir a ideia de que podemos antecipar as crises. Na maioria das vezes, elas são previsíveis e administráveis. Pegar os conflitos do início evita que eles se cristalizem e que gerem muito sofrimento", detalha Adriana Gurjão, psicóloga e psicoterapeuta familiar sistêmica.
Mito #3 Terapeutas tendem a tomar partido de um dos lados
Segundo Marta, é comum que, durante as sessões, um tente convencer o profissional de que tem mais razão do que o outro. "Por isso, antes de começar o processo, sempre explico que o meu paciente a relação: não é nenhuma das duas pessoas. Deixo claro que não sou juíza e que não estamos em busca de culpados. O objetivo é entender o que está acontecendo e buscar solução para os conflitos", aponta.
Assim como na terapia convencional, faz parte do treinamento dos profissionais especializados na área não se envolver de forma pessoal com os pacientes.
Mito #4 Casais que fazem terapia acabam se separando
Danielle aponta que muitos casais têm medo de recorrer à terapia: eles pensam que, se chegaram ao ponto de "pedir ajuda", é porque estão prestes a terminar. "Entendo que a separação é um dos caminhos possíveis, mas não o único. O intuito é sempre olhar para a relação e perceber se ela faz sentido, se ainda pode ser mais harmoniosa para ambos.
Por isso, a especialista faz uma comparação. "A terapia não precisa ser a UTI do casamento. As pessoas podem enxergá-la como um pronto-socorro e olhar para os sintomas antes que eles piorem. Quando usada como a última cartada, ela tem menos chances de ajudar do que logo no início", argumenta.
Mito #5 Terapia de casal substitui a individual
"O foco da terapia de casais é a relação. Ou seja, só serão tratadas as questões individuais que influenciarem na convivência entre as partes. Por isso, uma não substitui a outra", explica Danielle Doss Damo, psicóloga e terapeuta de casal e família, autora do livro "Quando o divórcio acontece só no papel", da editora Appris.
No entanto, a especialista ressalta que em alguns casos é indicado que a pessoa dê uma trégua na terapia individual, para deixar que as questões da relação aflorem com mais facilidade durante as sessões com o parceiro. Ela também recomenda que os acompanhamentos sejam feitos por profissionais diferentes, nunca os mesmos.
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