Após 1 ano, influencer tem guarda definitiva dos filhos: 'Oficialmente mãe'
A influenciadora e podcaster Gabi Oliveira, do canal De Pretas, recebeu a guarda definitiva dos filhos Mário e Clara. Ela passa por um processo de adoção dos dois desde o início de 2021 e, em abril deste ano, deu um depoimento a Universa contando detalhes da trajetória sendo uma mãe solo.
Gabi deu a notícia ao publicar um vídeo que mostra alguns momentos memoráveis com os filhos —a primeira videochamada, o primeiro encontro presencial e a chegada deles em sua casa, além de alguns momentos dos três em família. Até então, ela não podia mostrar a identidade dos pequenos nas redes e, quando eles apareciam, estavam sempre de costas ou com o rosto coberto por emojis.
Agora, como ela contou nas redes sociais, os filhos passam a ter o sobrenome dela e todos os direitos relativos a uma família, sem nenhuma distinção entre filhos adotivos e biológicos.
Relembre detalhes desta trajetória, contados por ela mesma, a Universa:
De repente mãe solo
"Imagina só: você é uma mulher solteira que mora sozinha e, de repente, vira mãe de dois filhos grandes. Aconteceu comigo e mudou totalmente a minha vida.
Em 2020, aos 28 anos, levei um susto no dia em que achei que estava grávida. Não estava, ainda bem, mas pensei: 'Se eu estivesse, daria conta de criar, amar, educar, alimentar'. Então entendi que poderia começar a estudar a possibilidade de ser mãe. Isso estava nos meus planos e me imaginava tendo filhos por volta dos 30 anos —mesma idade com que minha mãe me teve.
Não estava com uma pessoa fixa, com quem eu pensasse em dividir a responsabilidade de criar um filho, mas também nunca associei ser mãe com estar casada.
Fui até a Vara da Infância da minha cidade para entender como funcionava, dei meu nome e me inscreveram na reunião de novos pretendentes. Lá, explicaram todo o passo a passo do processo, e decidi que esse era o caminho que gostaria de seguir"
Chegada das crianças
"Fui habilitada para adotar e, três meses depois, pedi para ser adicionada ao grupo de busca ativa —um espaço onde tentam encontrar famílias para crianças "menos adotáveis", que são mais velhas, com deficiências e em grupos de irmãos.
Quando vi o vídeo do Mário se apresentando, falei: 'Caraca, é o meu filho'.
Passamos três meses fazendo essa aproximação por vídeo, já que eles moravam em outro estado.
Meu filho foi super receptivo e minha filha fez cara de: 'O que está acontecendo?'. Ela tinha 3 anos. Passou algumas conversas mais fechada, até que, na terceira ou quarta vez, deu um sorriso para mim. Fiquei tão feliz que mandei mensagem para a minha mãe: 'Mãe, a Clara sorriu para mim'.
Lá pela quinta chamada, a assistente social me contou que, antes de ligar a câmera, eles estavam brigando para saber de quem eu seria mãe. Quando me viu, ela falou: 'Você é a minha mãe, né?' e ele: 'Não, é minha'.
Foi a primeira vez que me chamaram de mãe. Fiquei chocada, sem reação. Mas depois, quando a gente se conheceu pessoalmente, não parou mais. Era só 'mãe, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe'."
Primeiros desafios
"Depois de meses de chamadas de vídeo, já não aguentava mais. Quando cheguei ao abrigo e a assistente social falou 'pode levá-los', pensei: 'Agora sou a mãe deles'. Foi muito emocionante.
O primeiro mês com eles foi bem desafiador. Eles estavam muito ansiosos, agitados, acordavam às 5h, tinham dificuldade para dormir, seguir uma nova rotina. Também não conseguiam passar muito tempo sentados, vendo um filme, por exemplo.
No começo, foi preciso muita paciência para entender que as crianças vinham com uma história que já existia antes de mim.
Planejei passar 20 dias sem trabalhar, mas 45 dias depois da chegada deles eu ainda estava tentando voltar. Foi um período em que precisei baixar a bola, entender do que eu dava conta. Esse reajuste de expectativas —não em relação às crianças, mas em relação à nossa rotina juntos— foi sofrido."
Críticas nas redes sociais
"Eu não era a única mãe solo nesse processo. Na minha turma de pretendentes tinham famílias com várias configurações: outras mães solos, casais homoafetivos, pessoas de diferentes situações econômicas. Muita gente não sabe, mas você não precisa ter dinheiro e nem casa própria para adotar; basta demonstrar que tem condições de alimentar, dar uma cama e que está comprometido com o bem-estar da criança.
Uma vez, postei uma samambaia minha que tinha morrido, e uma pessoa comentou: 'Essa samambaia morreu por falta de água, será que você está preparada para ter filhos?'. Agora estou rindo ao me recordar disso, mas a pessoa estava falando sério. O que tem a ver uma coisa com a outra?
Todas as mães recebem muitas críticas nas redes sociais. No meu caso, como são crianças planejadas, que eu esperei muito, as pessoas achavam que eu ia mostrar só coisas lindas e como estava feliz, saltitante. Só que a vida não é assim. Como em qualquer relacionamento, tem coisas boas e coisas que não são tão boas. Na maternidade também. Sentir cansaço e exaustão não é bom, e a gente pode reclamar de tudo isso. O que não significa que não ame meus filhos ou que eu tenha me arrependido.
Também faço questão de dissociar adoção da ideia de caridade. Eu não sou uma alma bondosa, iluminada, e não são as crianças que têm sorte pelo nosso encontro.
Eu que tenho muita sorte por tê-las encontrado. Meus filhos não me devem nada, assim como nenhum filho tem que dever nada aos pais. A gente se escolheu."
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