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JN não perguntou sobre mulheres a candidatos homens, só para Simone Tebet

Senadora e presidenciável Simone Tebet (MDB) em entrevista ao Jornal Nacional - Reprodução/Rede Globo
Senadora e presidenciável Simone Tebet (MDB) em entrevista ao Jornal Nacional Imagem: Reprodução/Rede Globo

De Universa, em São Paulo

27/08/2022 12h17

A senadora Simone Tebet (MDB), candidata à presidência nas eleições deste ano, passou por sabatina na noite de ontem, sexta-feira (26), no Jornal Nacional. Única mulher entre os quatro candidatos entrevistados pelo telejornal, Simone também foi a única questionada diretamente sobre políticas de gênero e o papel das mulheres em seu eventual governo.

Foram duas perguntas ligadas às mulheres e o termo apareceu 29 vezes durante os 40 minutos de entrevista. Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT) não foram questionados sobre o tema; os dois primeiros mencionaram "mulheres" apenas uma vez, enquanto Ciro não se referiu às brasileiras.

Ao longo da semana que passou, Universa analisou à luz das questões de gênero —como violência doméstica, insegurança alimentar e saúde sexual e reprodutiva- as sabatinas do Jornal Nacional aos quatro pré-candidatos melhor avaliados nas pesquisas: Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Lula (PT) e Simone Tebet (MDB).

O que Simone Tebet disse

Ao se referir a si mesma, a senadora disse, duas vezes, que se for eleita vai atuar com "a alma da mulher, o coração de mãe"

"A presidente que vai estar no Brasil governando o Brasil, a partir de primeiro de janeiro do ano que vem, não é a senadora, não é a deputada, não é quem foi prefeita, quem foi vice-governadora, é a alma da mulher, o coração de mãe", disse, logo no começo da sabatina.

A candidata ao Palácio do Planalto Simone Tebet (MDB) concede entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
A candidata ao Palácio do Planalto Simone Tebet (MDB) concede entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo
Imagem: Reprodução/TV Globo

Papel das mulheres no governo

Simone Tebet foi questionada por Renata Vasconcellos sobre a promessa de formar um ministério com número igual de homens e mulheres, enquanto seu partido, o MDB, tem apenas 33% de candidaturas femininas. "Como a senhora pretende superar essa postura conservadora do seu partido?", questionou a âncora do Jornal Nacional.

Simone respondeu que todos os partidos têm maioria de candidaturas masculinas, não só o MDB, lembrou que foi a primeira mulher presidente da Comissão de Combate à Violência Contra a Mulher, no Senado, e mencionou a violência política de gênero.

"Tudo na vida da gente é difícil, você sabe disso. Como é difícil ser mulher na iniciativa privada, que dirá na vida pública. As avós de vocês que estão nos assistindo não podiam casar sem autorização dos pais, não podiam trabalhar sem autorização do marido. Não podiam votar nem ser votadas. É um passo, é uma escada", falou.

Informação falsa sobre mulheres candidatas

A senadora do MDB disse ser "inédito na história" um partido lançar uma mulher candidata à presidência da República, o que é mentira, segundo checagem do UOL Confere.

"Estou privilegiada, porque veja, estou diante de um partido que saiu na vanguarda e teve coragem de lançar nesse momento mais difícil do Brasil uma mulher candidata da República. Isso é inédito. É inédito na história".

A declaração é falsa: a primeira mulher a concorrer à Presidência da República foi Lívia Maria, pelo PN, na primeira disputa da redemocratização, em 1989. Desde o fim do regime autoritário, 11 mulheres já se candidataram à Presidência da República.

Promessas: salários iguais e mulheres na política

Simone Tebet reforçou promessas ligadas à igualdade de gênero:

"Se eu virar presidente, o primeiro projeto que vou pedir para pautar na Câmara dos Deputados é igualdade salarial entre homens e mulheres. A mulher ganha 20% menos do que o homem, exercendo a mesma função, a mesma atividade. Se for negra, se for preta, ela recebe 40% menos", disse.

E, em outro momento: "Eu tenho um projeto estabelecendo o seguinte: tem que ter pelo menos 30% de mulheres nas executivas dos partidos, porque é lá que eles descobrem que a mulher é candidata. Aquela coisa que mulher não vota em mulher não é verdade, não é? Porque escolhem mulheres, muitas vezes, laranjas. A mulher vota em mulher se ela souber que tem uma mulher competitiva, corajosa, que tem currículo, que tem trabalho".

Leia a entrevista na íntegra.