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Seu filho trouxe um namorado ou namorada para casa? Veja dicas de como agir

staticnak1983/Getty Images/iStockphoto
Imagem: staticnak1983/Getty Images/iStockphoto

Glau Gasparetto e Thaís Lopes Aidar

Colaboração para Universa

28/08/2022 09h55

A primeira vez do namorado ou namorada dos filhos em casa tende a ser um grande acontecimento na rotina familiar, sobretudo quando os envolvidos são adolescentes.

Na real, o encontro com os pais pode ser um sucesso, mas também sair diferente do esperado e desejado - afinal, envolve uma pessoa estranha (para a maioria dos moradores) tentando ocupar um espaço antes restrito. Para que tudo dê certo, nada melhor que uma boa conversa prévia.

O papo em família é de grande ajuda para preparar o ambiente e entender o que todos pensam dessa visita. "É importante que os pais escutem seus filhos e perguntem sobre as expectativas que eles têm, o que gostariam que acontecesse, onde gostariam de passar o tempo", cita Adriana Drulla, mestre em psicologia positiva.

Aliás, mesmo que os pais não estejam dispostos a oferecer privacidade num primeiro momento, ouvir o anseios do adolescente da casa é bem importante.

A conversa deve ser um momento de abertura, necessária para entender as vontades de cada um, ainda que essas não possam ser atendidas agora ou mais no futuro. Detalhe: mesmo que não seja possível ou desejado acatar os pedidos dos filhos, a orientação é escutá-los e, principalmente, acolhê-los quando frustrados.

"A imposição autoritária de regras costuma ser um tiro que sai pela culatra. Portanto, mesmo que você não esteja disposto a conceder a privacidade esperada, é importante fazer isto de uma forma amorosa", considera a especialista.

Não há regra para os limites

Quando a mãe ou o pai são avisados sobre a iminente visita, a determinação de limites ao novo casal é um dos principais assuntos que vem à tona. Isso porque, além de se tratar de adolescentes, existe ainda a questão de estarem no ambiente familiar.

"Cada casa vai ter sua regra. Logo na primeira conversa, deve ser estabelecido como vai ser, se pode dormir, se a porta do quarto fica aberta ou fechada, quantas vezes visitar na semana - todos esses combinados são feitos logo no início", diz a psicóloga Mariana Vasconcellos, especialista em terapia familiar.

Adriana reforça não haver certo ou errado nessa hora, já que cada família funciona de uma maneira. No entanto, ela lembra ser imprescindível que todos os envolvidos estejam cientes sobre os limites estipulados. Isso porque, havendo clareza nesse quesito, respeitar as decisões acaba sendo mais fácil.

"Recomendo que existam muitas conversas a respeito do assunto e que haja tempo para as partes absorverem o que foi dito. Desta forma, os pais podem tomar decisões sábias, que considerem os valores, desejos, e emoções de cada membro da família", orienta ela.

O combinado não sai caro

O ditado popular é perfeito para dar fim a qualquer dúvida, na opinião da psicóloga Mariana. Isso envolve, inclusive, a intenção de a visita dormir na casa. Nessas situações, vale lembrar daqueles limites estabelecidos anteriormente, na conversa prévia.

Portanto, se esse é um desejo dos filhos - ou uma preocupação dos pais -, é bom incluir o assunto na discussão inicial para não surgirem muitas tretas depois.

Adriana reitera não haver certo ou errado: também é uma decisão familiar. "Cada família tem as suas crenças, valores, regras e expectativas. Neste caso, é importante que haja clareza para todos os envolvidos sobre o que é e o que não é permitido", salienta.

O mais comum, no caso de adolescentes, é haver um "sim" para a visitação, mas "não" para a pessoa dormir na residência da família. Para as psicólogas, a postura provavelmente está associada à preocupação em relação ao sexo. Porém, evitar que isso ocorra em casa não significa que os namorados não terão relações em outro lugar.

"Adolescentes que decidem que estão prontos para fazer sexo vão fazer sexo, quer os pais permitam ou não que seja em casa. Da mesma forma, adolescentes que cedem à pressão para fazer sexo quando ainda não estão prontos vão fazer isso, quer os adultos permitam ou não", defende Adriana Drulla.

Educação sexual

Logo, se por trás do "não" está o medo que as intimidades aconteçam, é melhor repassar alguns ensinamentos aos filhos. O ideal é existir abertura, confiança e conversa dentro no ambiente familiar.

Quem não quer que os filhos façam sexo antes de estarem prontos e não pratiquem sexo sem segurança, é importante seguir algumas orientações indicadas por Adriana:

● Estimule a autoconfiança do adolescente;
● Ensine-o sobre respeito a si mesmo e a terceiros. Assim, ele saberá dizer e compreender um "não";
● Fale sobre sexo seguro, educação sexual e esteja aberto para responder dúvidas. Inclusive, reforce que ele sempre pode perguntar sobre o assunto, sugerindo também outras pessoas confiáveis para conversar;
● Garanta o acesso aos preservativos e anticoncepcionais;
● Confie no seu filho depois de todos esses ensinamentos.

Quando os pais dizem "não"

Se, ainda assim, os pais não permitirem que os pares dos filhos passem a noite na casa da família, é essencial lembrar que, apesar da frustração, a imposição de limites é um papel que eles devem desempenhar.

"É importante que os filhos possam expressar o que sentem e até argumentarem. Isto não significa que os pais precisam ceder, mas aprender a tolerar as emoções do adolescente. Naturalizar a frustração que ele sente é o que o mantém conectado a ele", ensina Adriana.

Por isso, é necessário validar a tristeza e até a raiva, sentimentos comuns desse momento. Para tanto, explore a comunicação aberta, troca afetiva e conexão emocional para influenciar o comportamento desse adolescente, que está frustrado. Ele entenderá que, mesmo negando seu desejo, os pais se importam com ele.

Casais homoafetivos X preconceito

O caminho de levar o crush à casa dos pais pode ser ainda mais difícil de trilhar quando se trata de um casal homoafetivo. Afinal, o preconceito ainda está presente em muitas famílias e essa aceitação pode demorar ou nunca acontecer.

"Tudo vai depender de como são esses pais, qual a idade deles, se são mais velhos ou mais novos - e alguns, mesmo novos, ainda têm preconceitos. Afinal, a casa é deles, logo, é preciso respeitar seus limites", afirma Mariana.

Ainda segundo a terapeuta familiar, caso haja, de fato, esse preconceito, é necessário um trabalho bem lento de convencimento. Ou seja, melhor não levar a pessoa para dormir em casa como uma imposição. O ideal é haver conversa, acolhimento e abertura para entender se os pais realmente vão conseguir lidar com a situação.

"Se eles forem preconceituosos, o casal vai ter que se encontrar em outros lugares. E, enquanto o filho morar com os pais, respeitar as regras deles. Depois que morar sozinho, faz o que quiser, mas enquanto morar com os pais, tem uma questão de hierarquia", defende a especialista.