Posso fazer exercício físico menstruada? Listamos benefícios e alternativas

Pratico musculação, corrida e exercícios funcionais regularmente há mais de dez anos, e, nesse tempo, a menstruação já me impediu de treinar várias vezes. As cólicas, aquele mal estar do primeiro dia, o fluxo alto. Foram vários os motivos. Às vezes se somaram à preguiça, é verdade, mas, no geral, foram razões legítimas que me fizeram —e ainda fazem— ficar em casa.

Sei que essa não é uma questão só minha, mas de várias mulheres que, apesar de não serem atletas, têm alguma prática esportiva como parte de seu dia a dia. E aí, dá para resolver isso e conciliar menstruação e exercício?

Em relação ao fluxo, consegui achar uma boa alternativa. Não gosto de usar absorventes e minha opção são as calcinhas menstruais. Encontrei uma marca que fabrica um modelo específico pra atividade física: é confortável, tem uma boa cobertura e não me deixa insegura na hora de treinar. Recomendo.

Para as dores, quando muito intensas, meu remédio ainda é ficar em casa. E assim tento adaptar minha agenda de exercícios ao meu ciclo menstrual. Mas pensei em outros pontos ao ouvir as explicações da ginecologista Cristina Laguna Benetti Pinto, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Febrasgo (Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Ela diz que, quanto mais exercícios você fizer, maior a chance de não sofrer tanto durante o ciclo. "Se exercitar pode ajudar no controle das cólicas. Então, quando bem orientado, existe uma influência positiva da atividade física sobre o ciclo menstrual. Em conclusão, recomenda-se que seja oferecida uma abordagem personalizada e baseada na resposta e nas preferências da mulher sobre cada tipo de exercício e seus constrangimentos durante o ciclo menstrual, bem como sobre os benefícios esperados, uma vez que a literatura científica não ainda tem respostas taxativas sobre essa interrelação", afirma.

O que se sabe é que a atividade física estimula a vasodilatação, que melhora a irrigação sanguínea nos músculos e, assim, pode aliviar as contrações do útero, que geram as cólicas. Outros hormônios liberados durante os exercícios, como a endorfina, também podem ter ação analgésica, o que significa que aliviariam as dores do período.

A jornalista Jéssica Machado, 31, pratica crossfit, atesta na prática a explicação científica. "Depois que retomei os exercícios, em março deste ano, as dores diminuíram. Parece que o corpo ficou mais bem preparado para o período", pontua.

Ela diz sofrer mais no primeiro dia de ciclo com dores na cabeça e na coluna, além de sentir cólica e as pernas mais pesadas. "Aí eu evito ir", conta.

Segundo Cristina, mesmo antes de menstruar, quando começam os sintomas da TPM (tensão pré-menstrual), a mulher pode ficar indisposta para treinar. Em casos de dores mais extremas, ela orienta procurar ajuda médica. "Temos como tratar as cólicas para possibilitar os exercícios, caso incomode demais a mulher", diz.

Estudante de educação física, Ellen Valias, 41, é uma entusiasta do esporte nas redes sociais e motiva mulheres de todos os corpos e idades a incluírem os exercícios físicos na rotina visando o bem-estar. Ela conta que sua estratégia é analisar o que sente no momento e avaliar se a prática será prazerosa ou não em determinado dia do ciclo.

"Quando o ciclo é mais leve, no meu caso no primeiro dia, fica mais confortável. Realmente, fazer atividade física quando a gente está menstruada e é intenso é muito desconfortável. Eu analiso dependendo da ocasião", diz.

Ellen reitera que a prática cotidiana aliviou muito a sensação de cólica. "Falar de cólica é muito particular. Quando eu tinha muito, nada me aliviava. Mas, quando comecei a fazer exercício, ajudou muito. Por isso, hoje, tento me exercitar em todo o ciclo, porque sei que vai me ajudar a minimizar as dores."