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Funcionária é agredida com frase racista em universidade do Rio de Janeiro

Caso de racismo é registrado na Universidade do Rio de Janeiro - Arquivo Pessoal
Caso de racismo é registrado na Universidade do Rio de Janeiro Imagem: Arquivo Pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Universa, em Recife

03/09/2022 16h25

Os estudantes da Universidade de Vassouras, no Rio de Janeiro, foram surpreendidos, nesta sexta (2), por um ato racista explícito contra uma funcionária da instituição. Após perceberem a vítima em prantos, alunas perguntaram o que havia ocorrido e descobriram que se tratava de um ataque de racismo. Segundo as estudantes, a violência foi disposta em uma das paredes do banheiro feminino com uma mensagem direcionada à vítima: "Macaca limpa bem limpo".

A ofensa revoltou estudantes e funcionários da faculdade, que repercutiram o ocorrido nas redes sociais. Ainda ontem pela manhã, e novamente à noite, os discentes realizaram dois atos de repúdio à violência sofrida pela funcionária, que não teve a identidade revelada.

A Universa, a estudante de medicina Myllena Giácomo contou como a história se desenrolou. Segundo ela, alunas do curso de psicologia perceberam o sofrimento da vítima e foram investigar.

"Encontraram uma funcionária da instituição chorando e foram apurar o motivo. Conversando com a senhora, ficamos sabendo que não tinha sido a primeira vez, já tinha recebido outros ataques. Ataques desse tipo já foram comunicados à reitoria e esperamos que a faculdade tome providências", disse.

Alunos fazem manifestação contra caso de racismo em Universidade do Rio de Janeiro - Acervo pessoal  - Acervo pessoal
Alunos fazem manifestação contra caso de racismo em Universidade do Rio de Janeiro
Imagem: Acervo pessoal

"Nosso protesto reivindica que o agressor seja identificado e punido. Sabemos da dificuldade para conseguir isso, pois o banheiro não tem câmeras, mas vamos denunciar esse absurdo o máximo possível. Porque só assim a faculdade vai fazer alguma coisa", acrescentou.

O caso foi parar na delegacia. A Polícia Civil abriu investigação para apurar possível crime de racismo. Universa procurou a Faculdade de Vassouras para buscar posicionamento sobre a agressão.

O reitor da instituição de ensino superior, Marco Antônio de Souza, classificou o ataque como "lamentável e revoltante" e admitiu que ainda não há suspeitas de quem poderia ser o agressor.

Alunos de manifestam contra o racismo na universidade  - Acervo pessoal  - Acervo pessoal
Alunos de manifestam contra o racismo na universidade
Imagem: Acervo pessoal

"O fato chegou até mim no início desta madrugada (ontem). Lançamos em seguida uma nota oficial de repúdio e fomos, de manhã cedo, com todo apoio, institucional, emocional e jurídico, com a funcionária até a delegacia para lavrar o boletim de ocorrência. Eu, pessoalmente, não descanso até punir o monstro responsável por isso", garantiu.

O gestor ressaltou que o caso está sendo tratado como crime de racismo e que a investigação ficará a cargo da Polícia Civil. "O fato em tela é crime e estamos tratando como tal. Estamos solidários à sensação de extrema revolta da nossa comunidade acadêmica, alunos, funcionários e professores, e não mediremos esforços para localizar e punir, exemplarmente, a pessoa responsável por este absurdo", disse.

Universa pediu acesso à vítima, mas a reitoria afirmou que estão preservando a imagem dela, por ainda estar em choque com toda a situação. "Por orientação da nossa psicóloga, que a está acompanhando, e da própria polícia, estamos preservando sua imagem", complementou o gestor.

Veja abaixo, a nota da universidade na íntegra:

A Fundação Educacional Severino Sombra e a Universidade de Vassouras repudiam de forma veemente o CRIME ANÔNIMO, HEDIONDO E INACEITÁVEL, de racismo praticado de FORMA COVARDE em nossas dependências.

Nossa instituição é irrestritamente comprometida na luta antirracista, não tolera e não tolerará atitudes de incivilidade e discriminação racial.

Aluno(a) e/ou colaborador(a) que for vítima de ato preconceituoso será por nós acolhido(a) e defendido(a) até as últimas consequências.
Somos uma instituição que se orgulha por ser plural e inclusiva, e não mediremos esforços para apurar e punir severamente a(o) responsável por este ato REPUGNANTE!

Nos solidarizamos com o sentimento de revolta dos alunos, funcionários e professores e pedimos a todos e todas que, mais do que alimentarem o sentimento de protesto, se unam ao esforço institucional no combate aos flagelos que são o racismo e o preconceito, de qualquer natureza.

Já acionamos a autoridade policial para início da persecução criminal do(a) autor(a) do fato e instauraremos procedimento interno disciplinar para responsabilização acadêmica do(s) responsável(is)!