Funcionária é agredida com frase racista em universidade do Rio de Janeiro
Os estudantes da Universidade de Vassouras, no Rio de Janeiro, foram surpreendidos, nesta sexta (2), por um ato racista explícito contra uma funcionária da instituição. Após perceberem a vítima em prantos, alunas perguntaram o que havia ocorrido e descobriram que se tratava de um ataque de racismo. Segundo as estudantes, a violência foi disposta em uma das paredes do banheiro feminino com uma mensagem direcionada à vítima: "Macaca limpa bem limpo".
A ofensa revoltou estudantes e funcionários da faculdade, que repercutiram o ocorrido nas redes sociais. Ainda ontem pela manhã, e novamente à noite, os discentes realizaram dois atos de repúdio à violência sofrida pela funcionária, que não teve a identidade revelada.
A Universa, a estudante de medicina Myllena Giácomo contou como a história se desenrolou. Segundo ela, alunas do curso de psicologia perceberam o sofrimento da vítima e foram investigar.
"Encontraram uma funcionária da instituição chorando e foram apurar o motivo. Conversando com a senhora, ficamos sabendo que não tinha sido a primeira vez, já tinha recebido outros ataques. Ataques desse tipo já foram comunicados à reitoria e esperamos que a faculdade tome providências", disse.
"Nosso protesto reivindica que o agressor seja identificado e punido. Sabemos da dificuldade para conseguir isso, pois o banheiro não tem câmeras, mas vamos denunciar esse absurdo o máximo possível. Porque só assim a faculdade vai fazer alguma coisa", acrescentou.
O caso foi parar na delegacia. A Polícia Civil abriu investigação para apurar possível crime de racismo. Universa procurou a Faculdade de Vassouras para buscar posicionamento sobre a agressão.
O reitor da instituição de ensino superior, Marco Antônio de Souza, classificou o ataque como "lamentável e revoltante" e admitiu que ainda não há suspeitas de quem poderia ser o agressor.
"O fato chegou até mim no início desta madrugada (ontem). Lançamos em seguida uma nota oficial de repúdio e fomos, de manhã cedo, com todo apoio, institucional, emocional e jurídico, com a funcionária até a delegacia para lavrar o boletim de ocorrência. Eu, pessoalmente, não descanso até punir o monstro responsável por isso", garantiu.
O gestor ressaltou que o caso está sendo tratado como crime de racismo e que a investigação ficará a cargo da Polícia Civil. "O fato em tela é crime e estamos tratando como tal. Estamos solidários à sensação de extrema revolta da nossa comunidade acadêmica, alunos, funcionários e professores, e não mediremos esforços para localizar e punir, exemplarmente, a pessoa responsável por este absurdo", disse.
Universa pediu acesso à vítima, mas a reitoria afirmou que estão preservando a imagem dela, por ainda estar em choque com toda a situação. "Por orientação da nossa psicóloga, que a está acompanhando, e da própria polícia, estamos preservando sua imagem", complementou o gestor.
Veja abaixo, a nota da universidade na íntegra:
A Fundação Educacional Severino Sombra e a Universidade de Vassouras repudiam de forma veemente o CRIME ANÔNIMO, HEDIONDO E INACEITÁVEL, de racismo praticado de FORMA COVARDE em nossas dependências.
Nossa instituição é irrestritamente comprometida na luta antirracista, não tolera e não tolerará atitudes de incivilidade e discriminação racial.
Aluno(a) e/ou colaborador(a) que for vítima de ato preconceituoso será por nós acolhido(a) e defendido(a) até as últimas consequências.
Somos uma instituição que se orgulha por ser plural e inclusiva, e não mediremos esforços para apurar e punir severamente a(o) responsável por este ato REPUGNANTE!
Nos solidarizamos com o sentimento de revolta dos alunos, funcionários e professores e pedimos a todos e todas que, mais do que alimentarem o sentimento de protesto, se unam ao esforço institucional no combate aos flagelos que são o racismo e o preconceito, de qualquer natureza.
Já acionamos a autoridade policial para início da persecução criminal do(a) autor(a) do fato e instauraremos procedimento interno disciplinar para responsabilização acadêmica do(s) responsável(is)!
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