'Não há mulher insubmissa e livre', diz Heloísa Bolsonaro em evento no RS
O evento intitulado "Mulheres Pela Vida e Pela Família", organizado pela ala feminina do PL e que reuniu cerca de 4 mil apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro neste sábado (3), em Novo Hamburgo (RS), a 40 quilômetros de Porto Alegre, teve a presença da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves, e Heloísa Bolsonaro, esposa do deputado federal Eduardo Bolsonaro. Uma das organizadoras foi Denise Lorenzoni, mulher do ex-ministro e candidato ao governo do Rio Grande do Sul Onyx Lorenzoni (PL).
Apresentada por Denise como "gente nossa, referencial para mulheres, natural de Novo Hamburgo, mãe, psicóloga, participante de tiro esportivo", Heloísa subiu ao palco do pavilhão Fenac usando um vestido verde estruturado até os joelhos, de mangas longas, zíper na altura do colo e faixa para acinturar. Cantou um trecho do hino da sua cidade natal e contou que viajava sem a filha, Geórgia, 1 ano e 11 meses, pela primeira vez.
Durante sua participação de cerca de 15 minutos, exibiu o vídeo do nascimento da menina, que chegou de parto natural, ao lado do pai, emocionado. Cristã, enalteceu que vê uma sociedade que caminha distante de Deus e que percebe, nos meios que frequenta, "que muitas pessoas perderam o significado do casamento".
Chegou a lembrar que quando ainda namorava, dizia para Eduardo que ele era inteligente e batalhador, e poderia fazer algo além da política. Hoje, se envergonha. "Percebi que é uma missão. E, se essa é a missão dele, é a minha também. Casamento é submissão", exclamou. Segundo ela, a submissão é ruim quando a pessoa é maltratada, não quando é relacionada a um homem temente a Deus. "Não se engane, nenhuma mulher é insubmissa, independente e livre", enalteceu, explicando que quando alguém sai na rua e dirige um carro, se submete às leis de trânsito, por exemplo.
Heloísa também criticou o feminismo. Para ela, o movimento desvalorizou o lar, a vida humana e a figura masculina. "Precisamos de homem com testosterona, um homem masculino", frisou, acrescentando que a família e os valores cristãos também foram depreciados. "Gente, você pode ser uma mulher que edifica sua casa ou pode ser altamente destrutiva. Escolha quem você quer ser. E se você quer mudar o Brasil, comece olhando para sua casa", finalizou.
"Prefere sacar da bolsa a Lei Maria da Penha ou uma pistola?"
Pouco antes das 11h da manhã, o candidato à reeleição presidencial, Jair Bolsonaro, assim como a primeira-dama Michelle, chegou ao local ovacionado pelo público participante. O evento foi organizado pela ala feminina do PL e tem como uma das organizadoras Denise Lorenzoni, mulher do ex-ministro e candidato ao governo do Rio Grande do Sul Onyx Lorenzoni (PL).
No telão, antes da fala de Michelle, foi exibido o vídeo que tem sido veiculado na TV, onde a primeira-dama enaltece uma obra da transposição do Rio São Francisco, dirigindo-se às mulheres nordestinas, justamente a região onde o candidato tem menos aceitação.
Com cabelo escovado, vestindo um blazer curto cor-de-rosa, que deixava um pouco da barriga à mostra conforme se movimentava, e uma saia na altura das canela da mesma cor, a primeira-dama começou agradecendo a presença do público, "na terra da minha afilhada", porque segundo ela, "o presidente não dorme com a vovozinha''. "Sou madrinha [de casamento] de Heloísa e Eduardo", diz, referindo-se à mulher do terceiro filho do presidente. Michelle disse que o evento com a presença de pessoas cristãs, com Deus no coração, é focado na vida, na família e na liberdade.
"Muitas vezes não falamos de política porque não queremos misturar com religião. Mas hoje é o momento de falarmos de política para que amanhã nós possamos falar de Jesus", começou a primeira-dama. Atuando para promover uma aproximação da candidatura de Bolsonaro do eleitorado feminino, Michelle não poupou elogios. "Temos presidente forte e corajoso, para que o Brasil não perca a sua liberdade."
Em seu discurso, ela falou sobre comunismo, relembrou o atentado sofrido por Bolsonaro nas eleições presidenciais passada e da suposta perseguição que até hoje o marido enfrenta. Pontuou também que há quem "fala que mulher deve estar onde quiser e depois tenta calar outra mulher", fazendo menção a Simone Tebet, mas sem citar seu nome —nesta semana, a candidata do MDB entrou com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra a campanha de Bolsonaro por causa da participação de Michelle na propaganda partidária acima do tempo permitido. Michelle enfatizou: "Vamos lutar pela família, vamos declarar que essa nação é do senhor e vamos orar". "Pedimos que a igreja desperte e tenha ideia da guerra espiritual."
Bolsonaro foi chamado para seu pronunciamento logo depois de Michelle. Recuperou seu histórico, desde a época em que decidiu ser candidato e relembrou a facada que sofreu em 2018, dizendo que quem o salvou foi a "mão de Deus".
Ao pontuar que há um candidato que afirma que "vai transformar os clubes de tiro em biblioteca", perguntou: "Prefere sacar da bolsa a Lei Maria da Penha ou uma pistola?". Para ele, arma é uma garantia para não ter violência dentro de casa. Feita a pergunta, o público respondeu, em uníssono: "Pistola!".
Entre as demonstrações de afeto, Michelle e Bolsonaro se beijaram na frente da plateia. Abraçado a esposa, ele enfatizou que não há como um homem ou uma mulher ser útil se não houver respeito e entrega entre ambos. "Eu tenho essa voz em casa", falou. Ele destacou também que não tem sábado, domingo, feriado e raramente vai ao Guarujá, no litoral sul de São Paulo. Sobre seus passeios de moto por Brasília, disse que é seu momento de liberdade, embora a primeira-dama tenha sido contrária. "Falo para ela que quando for da bronca em mim, dê em libra."
Após cerca de 45 minutos, Michelle Bolsonaro encerrou o evento com a citação bíblica de Eclesiastes 10:2: "O coração do sábio o inclina para a direita, mas o coração do tolo o inclina para a esquerda".
"Não vou fazer greve para meu marido, se estiver chateada"
O misto de campanha política com evento religioso teve abertura feita por Denise Lorenzoni, presidente do PL Mulher do Rio Grande do Sul, junto com a candidata a vice-governadora do Estado, Cláudia Jardim. Com oração conduzida por Denise, ela enalteceu o candidato Bolsonaro, que é considerado um "homem que tem nos dado segurança de caminharmos em paz pelo Brasil".
A primeira palestra foi proferida por Dirce Carvalho, da Comunidade das Nações, "esposa, mãe, empreendedora" e idealizadora do Movimento Moderadas. Ela afirmou que é preciso espalhar pelo país a ordem e o progresso. "Eu não vou fazer greve para meu marido, se estiver chateada. Vou levantar e vou preparar o café, não vou deixar louça na pia."
Ela ainda afirmou que é necessário adestrar o cérebro para o Brasil dar certo. "Não vamos fazer do Brasil o melhor lugar do mundo para morar. Estamos aqui para apoiar homens e mulheres fortes, para implantar a ordem e o progresso." Ela salientou que a "mentalidade do valor e do crescimento" é necessária.
A pastora e cantora gospel Fernanda Brum usou trechos bíblicos para se dirigir ao público. Afirmou que "Deus dará uma vitória em nome de uma mulher". Ao finalizar, disse que cuida há mais de 15 anos dos "irmãos perseguidos". De acordo com Fernanda, os seres humanos são livres, já que a liberdade de expressão é permitida do Brasil. "Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós", disse ela, antes de exibir um vídeo que mostra que há cerca de 360 milhões cristãos perseguidos no mundo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.