Após Alzheimer do avô, ela reinventou atendimento e prevê faturar R$ 90 mi

Durante três anos, a paulistana Joyce Caseiro, 38, foi médica emergencista em vários hospitais de Campinas (SP) e região, até que o diagnóstico de Alzheimer de seu avô mudou sua rota profissional —e seus planos. "Ele precisava de cuidados especiais, mas não encontrei nenhuma casa de repouso com atendimento humanizado. Todas pareciam apenas um hospital, e não um lar", conta.

Logo ela pensou: "Se não há um local como o que eu preciso e quero, vou criar". E, mesmo sem experiência no empreendedorismo, em 2013, Joyce fundou o residencial sênior Terça da Serra, na cidade de Jaguariúna, interior de São Paulo, que conta hoje com 120 unidades espalhadas por 22 estados brasileiros e prevê um faturamento, até o fim de 2022, em torno de R$ 90 milhões.

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Além disso, em 2020, a rede passou a ter como sócio o grupo SMZTO, empresa de investimentos do mercado de franquias fundada por José Carlos Semenzato, investidor do Shark Tank Brasil.

'Tive medo em vários momentos'

Chegar a esse patamar exigiu muito trabalho. "Precisei estudar muito para tirar do papel a empresa. Na faculdade de medicina você não é ensinado a empreender; no máximo, a abrir o seu próprio consultório. Por isso, o começo foi complicado e o medo era um sentimento muito comum em vários momentos", diz.

Segundo ela, as dificuldades foram muitas, especialmente por ser mulher. "Fui várias vezes desacreditada e muitos disseram que eu não conseguiria. Mas dei a volta por cima e com muito trabalho, consegui", diz.

A empresária ressalta duas grandes motivações que a faziam levantar da cama e correr atrás dos seus sonhos todos os dias. A primeira é seu filho. A segunda é a vontade de levar o cuidado individualizado para os idosos.

"Acredito que o meu trabalho mudou a vida de muitas pessoas. Cada unidade é a extensão da casa de um hóspede e me orgulho de estar presente em tantas famílias", diz. "Foi isso que me fez chegar até aqui. Sabe aquele ditado: 'Se der medo, vai com medo mesmo'?", resume.

Os primeiros passos: muita pesquisa e firmeza

Joyce conta que, como não havia achado no Brasil nenhum local que atendesse suas expectativas, começou a pesquisar os modelos residenciais americanos e europeus. A ideia era conhecer as melhores práticas e adaptá-las ao mercado brasileiro. Com isso em mãos, estruturou o negócio e abriu a primeira casa, como ela gosta de chamar.

"No começo, poucos acreditavam na minha ideia, pois não havia nada parecido com o que eu estava fazendo. Quando ouviam a palavra 'casa de repouso', automaticamente vinha à cabeça aquele conceito asilar e a conversa acabava por aí. Mas eu confiei no meu trabalho e em toda a metodologia de cuidado que eu havia criado e fiquei firme", diz.

Atualmente, a rede oferece três opções de estadia. Além da moradia, modelo que oferece cuidados multiprofissionais 24 horas por dia e possibilita atividades como fisioterapia, terapia ocupacional, musicoterapia e dinâmicas em grupo, conta com pacotes para passar uma temporada, como nos feriados prolongados, ou apenas um dia, sempre com acompanhamento profissional.

Depois disso as coisas foram acontecendo naturalmente, como reflexo da qualidade dos serviços. "Alguns amigos notaram o bom serviço e a diferença do projeto em relação ao que existia no mercado e me incentivaram a levar a ideia a mais cidades. Quando percebi, já estava pesquisando como transformar o meu negócio em uma franquia", afirma. Joyce buscou uma empresa especializada em formatar franquias e iniciou a expansão.

Trabalho chamou atenção de investidor do Shark Tank Brasil

Com o crescimento da empresa, em 2020, José Carlos Semenzato, investidor do Shark Tank Brasil e sócio do grupo SMZTO, principal empresa de investimentos do mercado de franquias no Brasil, procurou Joyce. "Ele e sua equipe acompanharam por quase dois anos o nosso crescimento. Validaram o projeto e, assim, decidiram investir na Terça da Serra", conta. "Foi a maior chancela que recebemos, uma creditação do trabalho feito. Eles ajudam muito em nosso dia a dia e nos fornecem apoio em toda a parte de expansão."

Para as mulheres que querem empreender, Joyce deixa dois conselhos. "É essencial ter coragem, pois o passo mais difícil é o primeiro", diz. Para isso, ter um propósito bem estabelecido é muito importante, pois com isso você consegue lidar com as dificuldades de maneira mais objetiva. E, tão importante quanto isso, faça! Tire do papel e comece. Planejar é importante, mas se você não iniciar, nada acontecerá", completa.