Juiz alvo de 96 denúncias de assédio sexual volta ao trabalho em SP
No começo do mês de junho, Marcos Scalercio, 41 anos, juiz da Justiça do Trabalho de São Paulo, foi alvo de diversas denúncias de assédio sexual. O Me Too Brasil contabilizou 96, sendo seis delas de estupro. Contudo, após um período de 20 dias de férias ele retorna ao trabalho hoje (5), em São Paulo.
Antes das denúncias, além de ser professor de um cursinho preparatório para o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcos atuava no Fórum Trabalhista da Barra Funda. Universa entrou em contato com o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, que além de confirmar o retorno do trabalho do magistrado, ainda confirmou que ele "foi designado para atuar no Fórum Trabalhista da Zona Sul, auxiliando em processos que estão em fase de execução".
Procurados por Universa, a defesa de Scalercio diz que "o processo tramita em sigilo, no CNJ" que as acusações formais por ele conhecidas foram julgadas e arquivadas.
Em nota, o Me Too Brasil atualizou a quantidade de denúncias que elas, junto com o Projeto Justiceiras, já receberam sobre o caso. "Foram recebidos pela organização e pelo Projeto Justiceiras até esta segunda (05/9), 96 relatos de assédio e de violência sexual por meio das redes de atendimento das entidades. Desses, 26 casos foram encaminhados pelo Projeto Justiceiras ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Outros 70 foram relatos encaminhados pela rede de escuta do Me Too Brasil."
Entre esses relatos, seis são de estupro. "Entre os relatos, seis (6) são de estupros. Nessas denúncias, duas (2) vítimas de violência já foram ouvidas pelo Ministério Público de São Paulo e os casos de outras duas (2) foram encaminhados ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Um (01) caso de estupro não foi ouvido pela Justiça e outra vítima não quis formalizar a denúncia", diz a nota do Me Too Brasil.
A organização enviou um documento ao Conselho Nacional de Justiça com diversos dos relatos recebidos contra o juiz, e, frente a gravidade dos relatos, espera que ele seja afastado de suas funções. "Aguardamos que o caso seja exemplar no combate ao assédio e violência sexual praticada cotidianamente contra as mulheres nos ambientes de trabalho e por agressores que abusam de suas posições de poder", completa a nota.
'Se achava o garanhão'
Logo que as primeiras denúncias vieram à tona, Universa conversou com Larissa*, que foi aluna de Marcos no cursinho preparatório da OAB. Segundo ela, o professor chegou a perguntar se ela era solteira e se tinha filhos, além de mandar diversas mensagens e se oferecer para dar carona para ela em um dia de visita ao fórum.
Após rejeitar as investidas, Larissa diz ter ouvido que "não tinha potencial" para um homem como ele. "Falando em bom português, ele me disse que eu não era mulher para aguentar o pau dele", relatou à reportagem.
"Ele começou a me chamar no Instagram e eu passei a ignorá-lo. Então, ele começou a falar que eu dava em cima de todos os professores do Damásio, este tipo de coisas. Foi quando eu comecei a tirar prints e falei que estava fazendo isso e que eu divulgaria aquilo se ele não parasse com aquela história. Ele se sentiu ameaçado e nunca mais me enviou mensagem", contou.
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