Elza Soares ganha homenagem e dá recado no RiR: 'Mulher faz o que quiser'
Quando foi fechada esta edição do Rock in Rio, Elza Soares já tinha aceitado voltar ao palco Sunset, onde se apresentou em 2017. Morta em janeiro deste ano, ganhou homenagem feita por uma reunião de artistas que inspirou: Larissa Luz, Gaby Amarantos, Mart'nália, Agnes Nunes, Majur e Caio Prado. No repertório, a exaltação à mulher —justamente no dia em que o festival adotou "line up" totalmente feminino, batizado como "Dia Delas".
"A mulher faz o que ela quiser, ela dá para quem ela quiser", afirmou Elza, em vídeo exibido num telão logo no início das apresentações.
Aos gritos de uma plateia que aparentava ter na sua maioria mulheres, os artistas cantaram "A Carne". Em seguida, Gaby Amarantos lembrou que Elza também é o nome de sua mãe e, emocionada, observou o quanto a artista usou composições de mulheres em sua trajetória.
"Elza era uma plataforma para nós, mulheres. Em todo lugar ela levava a gente com ela", lembrou a paraense antes de cantar "Morro", de Dona Ivone Lara e Mauro Duarte.
Um dos pontos mais altos do fim da tarde deste domingo foi quando Caio Prado entrou no palco com um look em que metade representava o uniforme da Seleção Brasileira de Futebol e, na outra, surgia um vestido vermelho.
"Esse figurino apresenta a possibilidade de diálogo, de troca, porque o país precisa retomar a democracia", explicou o artista a Universa antes do show.
E antes de interpretar sua canção "Não Recomendado" ("Pervertido, mal amado, menino malvado"), Caio ouviu da plateia um "fora, Bolsonaro".
A canção foi escolhida por Elza para seu álbum "Planeta Fome". "[O episódio] foi marcante para mim, porque enquanto corpo preto e bicha preta preciso de reafirmações o tempo inteiro. Um amadrinhamento de Elza Soares é inigualável."
E após interpretar "Dura na Queda", canção que Chico Buarque deu a Elza, Larissa Luz também atentou para a importância de reafirmar os corpos pretos.
"Este é um show para celebrar nossa existência e como estamos cuidando das pessoas pretas desse país", disse ela, sob fortes aplausos. E observada por mulheres em lágrimas, cantou "Maria da Vila Matilde", sobre a violência contra a mulher ("Cadê meu celular? Eu vou ligar prum oito zero/Vou entregar teu nome e explicar meu endereço").
Elza cantou até o fim de sua vida. E sua voz seguiu ecoando no Rock in Rio. Na música escolhida para encerrar a apresentação, as artistas repetiram o refrão de "Mulher do Fim do Mundo", com a artista interpretando a letra ao fundo, numa gravação feita dois dias antes de sua morte.
"O legado da Elza é para sempre. Ela era muita luta reunida e nos passou esse bastão. Vamos continuar lutando", concluiu Gaby Amarantos a Universa.
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