Dançarina tem corpo queimado em bronzeamento artificial: 'Delirei de febre'
A dançarina e DJ Danny Albuquerque, 24, foi aos stories do Instagram compartilhar o drama que tem vivido depois de sofrer queimaduras causadas por uma cabine de bronzeamento artificial. Ela, que nunca havia feito o procedimento, recebeu um convite para ser modelo de uma marca de estética e topou, já que a dona do empreendimento garantiu que tudo seria feito com segurança.
O que Danny não sabia, no entanto, é que essa técnica para bronzear a pele, amplamente divulgada por clínicas de estéticas, é proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2009.
Para Universa, a dançarina contou que tanto ela quanto a mãe, que ganhou de cortesia uma sessão de bronzeamento, não sentiram nada durante o procedimento realizado no dia 3 de agosto, em Itabira (MG). As consequências só foram percebidas no dia seguinte, quando as duas acordaram com sintomas como náusea, dor de cabeça e confusão mental.
"Minha mãe estava achando que era algo relacionado ao remédio de pressão alta que ela toma e, de início, eu não estava sentindo nada. À tarde, comecei a sentir ardência no corpo e muita dor de cabeça", contou. A sensação de ardência foi piorando e, no segundo dia após o procedimento, as queimaduras apareceram.
Na mãe da dançarina, as lesões ficaram restritas às axilas e com um aspecto de vermelhidão. No caso de Danny, as queimaduras de segundo grau se espalharam pelo corpo, começando primeiro pela bunda, depois a barriga e as costas, até se espalharem por toda a pele.
"Começou a dar bolhas e foi ficando mais vermelho, cada hora aparecia uma queimadura em alguma parte do meu corpo e não tinha o que fazer para aquilo parar, porque era uma coisa de dentro para fora", lembra ela. Neste dia, Danny tinha um show para fazer em outra cidade que, mesmo com o mal-estar, não podia cancelar. Para isso, ela tomou um remédio para dor e usou uma pomada indicada pela mulher que havia feito o procedimento.
"Não tinha tanta noção da gravidade. Quando cheguei em casa, estava toda marcada, e a minha mãe se assustou com a situação que viu. Eu estava com febre, até delirando, à base de medicamento para passar a dor", conta Danny. Depois disso, ela foi levada ao hospital onde, conforme contou para Universa, os médicos afirmaram que "nunca viram um caso de tanta queimadura causada por cabine de bronzeamento".
Desde então, ela começou a fazer acompanhamento especializado e viu sua rotina ser totalmente alterada, já que precisa passar pomadas na pele de duas em duas horas, o que a impede de cumprir seus compromissos profissionais. "Perdi muitos shows e oportunidades, estava com data para mudar de cidade com grandes expectativas e tive que adiar", afirma.
Segundo Danny, a mulher que ofereceu o procedimento afirmou que houve uma falha técnica na cabine de bronzeamento, o que fez com que esquentasse mais do que o normal. No entanto, a dançarina pediu o laudo da perícia da máquina, mas não teve retorno. "Não tenho certeza se foi isso que aconteceu, porque ela não me passou ainda", afirmou.
A dançarina foi orientada pelo advogado a não expor informações sobre a mulher e o local onde o procedimento foi realizado porque, segundo ela, a comunicação tem ocorrido de forma pacífica, e a esteticista tem prestado a assistência necessária. Além disso, Danny afirmou que o centro de estética foi fechado, e a máquina retirada do local.
Os riscos do bronzeamento artificial
Dermatologista do hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, Ana Paula Pierro explica que essas queimaduras acontecem quando a pessoa é exposta por muito tempo a uma dose exagerada de radiação ultravioleta durante o processo de bronzeamento.
No caso de Danny e da mãe, as queixas sobre náuseas, dor de cabeça e mal-estar são resultado da insolação causada pelo procedimento. "Quando temos insolação, podemos ter desidratação e, por isso, esses sintomas aparecem", explica.
Além dos riscos de queimadura, o bronzeamento artificial com radiação ultravioleta também pode causar câncer de pele. "É uma exposição como se [a pele] estivesse no sol sob uma radiação muito forte. Isso é feito muitas vezes e com uma energia alta, e há a chance de desenvolver câncer", ressalta a dermatologista.
Dos médicos que têm acompanhado o caso de Danny, ela ouviu que futuramente pode "ter algum problema de saúde por ter recebido muita radiação". A atual fase do tratamento é voltada para clarear as manchas que as queimaduras causaram em sua pele.
Vale ressaltar que cabines de radiação ultravioleta podem ser usadas para tratar patologias como vitiligo e psoríase, segundo Ana Paula, mas não se trata do mesmo equipamento utilizado para os fins estéticos, como também explica a Anvisa.
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