'Era jovem quando fui vítima de uma relação abusiva', diz Monica Iozzi
Monica Iozzi, uma das madrinhas do Prêmio Inspiradoras 2022, apresentou as categorias "Acesso à Justiça e Conscientização" e "Acolhimento", ambas focadas na defesa da mulher contra a violência. Ela relembrou a própria trajetória e leu um pequeno texto contando sua história de relacionamento abusivo.
"Eu era muito jovem quando fui vítima de um relacionamento abusivo. Foi um dos meus primeiros relacionamentos e eu não pensei em sair fora e nem em pedir ajuda. Só muito tempo depois, quando fui agredida fisicamente. Antes disso, eu achava que o comportamento dele era natural, uma espécie de prova de amor. Só me liguei que sofri violência quando ele realmente me bateu.
Aí eu percebi que muitas mulheres sofrem. Principalmente quando você é jovem, quando tem filhos com o agressor ou tem dependência financeira dele. Assim como eu, que não tinha noção do que estava acontecendo, muitas meninas e mulheres não têm.
A ausência da educação sexual, o desconhecimento do próprio corpo, os limites do corpo do outro, a confusão entre o que é amar e controlar, acabam fazendo com que muitos crimes sejam banalizados, vistos como normais.
Quantas filhas, esposas e enteadas vivem sob o mesmo teto dos agressores, comem na mesma mesa que ele, dão à luz filhos deles? Outras procuram clínicas clandestinas ou tribunais para poder interromper uma gravidez.
É fundamental que a gente fale com as nossas meninas e meninos. Precisamos ensinar as meninas a se protegerem, precisamos ensinar os meninos que é errado assediar, agredir e que toda mulher é dona de seu próprio corpo e que temos o direito de sair na rua sem sentir medo. De viver em nossas casas sem sentir medo."
Mônica não conseguiu conter a emoção ao ouvir o texto da escritora Liana Ferraz "A Morta pelo Marido", que destacava como a mulher sempre se torna culpada pela violência que sofre em casa, já que é sempre possível achar uma foto, uma história ou relato que justifique aquele tipo de violência —sem que ela consiga se defender.
A apresentadora também relembrou um caso de sua professora da faculdade, que tinha uma medida protetiva contra o marido. Ela não foi assassinada, mas ele incendiou a sua casa. Ela reforçou que mulheres vítimas de violência precisam de assistência. Que apenas um papel não as protege de nada.
Ela entregou o troféu da categoria "Acesso à Justiça e Conscientização" para Jaqueline Kunã, coordenadora da Kuñangue Aty Guasu. "O Brasil é território indígena desde sempre. É sobre isso", disse.
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