Está difícil saber por que seu bebê está chorando? Essas dicas podem ajudar
Ver um bebê aos prantos parte o coração de qualquer adulto, principalmente daqueles que não conseguem entender o motivo do chororô. Aliás, é possível descobrir a causa de todos os choros desses pingos de gente? Segundo especialistas, existem alguns caminhos e estratégias quem podem levar ao fim das lágrimas - ou do berreiro.
Antes de tudo, porém, vale lembrar que o choro dos bebês, sobretudo, entre os recém-nascidos, é a forma que esse novo ser tem de se comunicar. "Assim como adultos pedem ou reclamam através da verbalização, os pequeninos choram", diz Ênio Luís Torricillas, pediatra do Hospital Santa Cruz, da Rede D'Or.
O médico diz ainda que, para compreender a causa do choro, é importante considerar a fase do bebê. Ou seja, os motivos para as lágrimas surgirem costumam ser diferentes conforme a idade, sendo que após o primeiro ano de vida, as causas tendem a mudar.
"O choro do recém-nascido é, basicamente, uma adaptação à vida extrauterina. Temos que pensar que ele passou nove meses dentro da barriga da mãe e, agora, vive por um período de adaptações", afirma o especialista.
Ênio aponta o funcionamento do trato gastrointestinal e as novas sensações como as principais razões das reclamações dos pequenos.
Um choro, dez motivos
De acordo com Juliana Okamoto, pediatra do Hospital Santa Catarina, são inúmeras as causas para um recém-nascido chorar, mas geralmente apontam que algo está errado. Dessa forma, responder a algumas perguntas pode ajudar a identificar a razão do choro. Entre as possibilidades, a especialista aponta:
- Fome: há quanto tempo o bebê mamou? Se foi há mais de 3 ou 4 horas e ele acabou de acordar, o choro pode ser de fome.
- Xixi ou cocô: desde quando a fralda não é trocada? Mesmo que tenha apenas urina, os bebês podem ficar incomodados com a fralda que não está limpinha.
- Sono: há quanto tempo ele está acordado? Todo bebê chora como um aviso do cansaço. Nesse caso, costuma ser uma manifestação "brava", nervosa e alta. "Por isso o ideal é colocá-lo para dormir nos primeiros sinais de sono, antes de começar a chorar", diz Juliana.
- Frio ou calor: as lágrimas podem igualmente ser um aviso sobre a temperatura. O mais comum de acontecer é bebê ser agasalhado demais, por isso, é importante verificar se ele está suado - ou, na outra situação, gelado.
- Agitação: será que o ambiente não está com muito barulho ou têm muitas luzes? Tudo isso pode agitar o bebê e causar incômodo.
- Colo: bebês precisam de aconchego e podem apenas querer colo, sem nenhum outro motivo.
- Cólica: nesse caso, costuma haver distensão do abdômen e o choro tende a ser prolongado. "É algo mais comum no fim do dia, que pode começar após três semanas de vida e durar até cerca de três meses", comenta a pediatra.
- Sair da rotina: ter um dia fora do habitual pode causar um estresse e choro.
- Dor pontual: normalmente, quando o bebê sente algo doendo, o choro é agudo, repentino e inconsolável. "Se passou por todas as etapas anteriores e nada foi identificado, é melhor procurar ajuda de um pediatra para investigar", afirma Juliana.
- Saúde: agora, quando o bebê já está doente, o choro tende a ser manhoso e com gemência. Também nesse caso o médico deve ser procurado.
Sinal de alerta
Ênio explica que o choro deve soar o sinal de alerta dos pais, principalmente quando essa manifestação foge da rotina. Para isso, vale avaliar o horário e a frequência do episódio. Por exemplo, se a criança não costuma chorar e, de repente, passa ter choros frequentes, algo pode estar errado.
"Além disso, quando o choro é vigoroso, o bebê esperneia e, depois, se mostra sem forças para chorar ou passa a agir diferente, é hora de consultar o pediatra", fala o especialista.
Juliana ressalta ainda a importância de ficar atento às outras condições que podem surgir junto com o choro e são indicativos de problema, como febre, alteração de olhar e no desenvolvimento, rigidez ou mesmo um bebê mais "molinho".
O choro pode ser emocional?
"É muito difícil descorrelacionar o choro da emoção, mas isso não quer dizer que o bebê saiba identificar a emoção relacionada ao desconforto, já que ele ainda não sabe nomear o que sente", diz o psicólogo clínico Miguel Bunge, especialista em atendimento infantil.
Para ele, o choro é um comportamento inato do ser humano, ou seja, "que vem de fábrica". Entre os pequeninos, a função é comunicar para que suas necessidades sejam atendidas.
"Se um bebê, que não fala, não chorar ao sentir fome ou alguma dor física, ele poderá morrer. Por isso a importância de haver essa manifestação que já nasce com ele, que não necessita de aprendizado", diz Miguel.
Resposta aos choros importa
Além de ser importante buscar as causas, o pediatra Ênio lembra de outro ponto essencial: saber responder a esses choros, sempre considerando a faixa etária do bebê.
"Para o recém-nascido, os pais devem responder imediatamente. Se ele está com frio, tiramos a roupa; se está com fome, deve mamar. Assim, os adultos agem de imediato e, consequentemente, o choro já some", afirma o médico.
Entretanto, para os "maiorzinhos", a recomendação muda.
A partir de um ano, o ideal é esperar um pouco mais para responder ao choro, quando não há motivo aparente - ou seja, isso não inclui casos de dores e acidentes, por exemplo.
"Devemos aguardar um pouco porque, às vezes, o bebê só está pedindo colo ou não quer dormir. Aí, se ele não recebe o que quer, se acomoda, entende que a mãe não pode naquele momento e vai desaprendendo essa 'chantagem' de chorar para conseguir o que quer", afirma o profissional.
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