Aeromoça e pai nazista: como Silvia virou a rainha 'brasileira' da Suécia
Poucas pessoas sabem, mas a rainha Silvia, da Suécia, casada com o rei Carl 16 Gustaf, possui origens brasileiras. Nascida na Alemanha, em 1943, ela é filha do empresário alemão Walther Sommerlath e da brasileira Alice Soares de Toledo.
Silvia Sommerlath conheceu seu marido, o então futuro rei da Suécia, Carl 16 Gustaf, durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, quando ela estava trabalhando como intérprete. O casal possui três filhos: a princesa Victoria (primeira herdeira do trono sueco), o príncipe Carl Philip e a princesa Madeleine.
Carl 16 Gustaf se tornou rei em 19 de setembro de 1973. A Suécia é uma monarquia constitucional, em que a família real tem papel majoritariamente cerimonial e representativo.
A vida da rainha
No início dos anos 1970, Silvia trabalhou junto ao consulado da Argentina na cidade de Munique, durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1972. Trabalhou como diretora do protocolo dos Jogos de Inverno em Innsbruck de 1976, na Áustria, e, brevemente, como comissária de bordo.
Intérprete, Sílvia fala seis línguas: sueco, alemão, francês, espanhol, português e inglês. Além disso, é fluente na língua de sinais para deficientes auditivos.
Culta, elegante, educada e reconhecida pela simplicidade e simpatia, a rainha Sílvia é admirada não apenas pelo cumprimento de suas atribuições, mas também pelo engajamento em projetos sociais importantes.
Em 1999, Silvia da Suécia fundou a World Childhood Foundation, com o objetivo de promover melhores condições de vida e de defesa do direito das crianças contra a pobreza e o abuso sexual. A instituição está presente em quatorze países e realiza mais de cem programas.
Em 13 de janeiro de 1987, recebeu a grã-cruz da Ordem Militar de Cristo e a 2 de maio de 2008 recebeu a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Pai ligado ao nazismo
O pai de Silvia, Walther Sommerlath, havia deixado a Alemanha inicialmente em 1920, rumo ao Brasil, onde se casou com Alice. Um ano após a ascensão de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, em 1934, ingressou ao Partido Nazista, ainda enquanto vivia no Brasil, onde administrava a subsidiária alemã de uma siderúrgica.
Ele retornou à Alemanha em 1938. Ali, ele teria, em 1939, segundo denúncia feita no programa da TV sueca Kalla Fakta, assumido - como parte do programa de ''arianização'' promovido pelos nazistas - o controle de uma fábrica cujo proprietário anterior era Efim Wechsler, um judeu.
Após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1947 (quando a rainha Silvia tinha quatro anos), sua família se mudou para o Brasil pela segunda vez e viveu em São Paulo até 1957, retornando depois à Alemanha.
Segredo revelado
O pai de Silvia esteve presente ao seu casamento, em 1976, mas a família não revelou, na ocasião, as supostas conexões dele com o nazismo. O passado de Walter Sommerlath só veio à tona mais de dez anos após o ano de sua morte, em 1990, quando a imprensa sueca publicou os primeiros relatos sobre o tema. Em 2011, a rainha anunciou que faria uma investigação sobre o passado de seu pai, a ser realizada por historiadores.
Na época, ela disse à imprensa sueca que sabia que seu pai fora filiado ao Partido Nazista alemão, mas disse que ele ''não era politicamente ativo'' e tinha sido forçado a se associar ao partido para salvar sua carreira. "(O nazismo) era uma máquina, se você protestava, estaria lutando contra toda uma máquina", disse ela.
Sobre o retorno de seu pai à Alemanha em pleno auge do nazismo, ela agregou: ''Você precisa se colocar na psicologia da época. A Alemanha estava se levantando das cinzas. A alegria em notar que a terra-mãe estava lá novamente de repente, convenceu meu pai a apoiar a Alemanha e a ingressar no partido''.
Relatório controverso
Quando a investigação sobre Sommerlath foi concluída, foi publicado um relatório, assinado pelo historiador Erik Norberg. O relatório afirma que, na verdade, Sommerlath ajudou o proprietário judeu Efim Wechsler a fugir da Alemanha, ao trocar a fábrica dele por uma plantação de café no Brasil. Após a publicação do relatório, Silvia tornou público um vídeo no qual se disse "aliviada" pelo fato de esses documentos terem vindo à tona.
Já o grupo American Gathering of Holocaust Survivors and Their Descendents (de sobreviventes do Holocausto e seus descendentes) questionou o relatório do historiador - alegando que, por não ter sido feito de modo independente e ter tido a participação de um primo da rainha Silvia, não seria confiável em suas conclusões.
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