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'Quem perde é a criança': como evitar problemas como o de Birkheuer e ex

Leticia Birkheuer foi casada com Alexandre Furmanovich entre 2011 e 2013 - Reprodução
Leticia Birkheuer foi casada com Alexandre Furmanovich entre 2011 e 2013 Imagem: Reprodução

De Universa, do Rio de Janeiro

28/09/2022 16h46

Num desabafo na sua rede social, a ex-modelo e atriz Leticia Birkheuer, de 44 anos, afirmou que "não há um consenso de opiniões sobre educação e valores" do seu filho João Guilherme, 11, de sua relação com o ex-marido, Alexandre Furmanovich.

"Há divergências de opiniões. Regras na casa de um, obediência, horário para fazer tarefas, horário para fazer esporte, internet, na casa de outro, regra nenhuma. Pode tudo. Quem ganha e quem perde? Quem perde é a criança. Quem fica confusa é a criança. Difícil, né? E aí eu me pergunto: qual nosso papel, como que a gente lida com isso?", questionou.

De fato, quem mais perde é a criança quando não há consenso nas coisas básicas da criação, concorda a psicopedagoga e escritora Liliane Mesquita. Ela, que é orientadora educacional em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, afirma que os filhos precisam perceber uma fala única em relação aos aspectos do seu dia a dia tais como horário de comer e de usar aparelhos eletrônicos:

"É importante que deixem as diferenças de lado para os pais poderem pensar juntos regras na criação dos filhos. Talvez não consigam conciliar 100% as ideias, mas pelo menos para ter um norte e para que a criança perceba uma fala única". Segundo a especialista, assim a família evita que a criança fique confusa ou até mesmo que ela perceba o abismo que há entre a relação dos pais.

"É preciso chegar a um consenso e ter uma direção em prol da criança. A criança necessita dessas regras e ao mesmo tempo perceber que está sendo muito cuidada e amada independente da casa que ela esteja."

Graves consequências

Especialista em neurociência e desenvolvimento infantil do Projeto Pigmeu, a neurologista pediátrica Ane Macedo concorda, e acrescenta que para o desenvolvimento cerebral saudável a constância e padronização são essenciais.

"As funções executivas da cognição, responsáveis pela organização de pensamento, fluência verbal, emoções e comportamentos com padrões superiores de respostas, que nos permite atingirmos metas das mais simples às mais complexas, pedem um alinhamento e trabalho conjunto", diz.

Ela admite que pode ser difícil encontrar o equilíbrio nessa relação, mas é essencial que haja um cronograma na hora de educar o filho que envolva rotina, obrigações, lazer e bem-estar na medida certa.

"A criança pode ser impactada positivamente e negativamente de acordo com a relação que tem com os pais. Quanto mais próxima e baseada em respeito e confiança for, essa relação é melhor", finaliza.

Mestre em educação, psicóloga, psicopedagoga e doutoranda em neurociências, Sueli Bravi Conte afirma que o descontrole na educação das crianças aumentou ainda mais durante a pandemia e aponta graves prejuízos quando não há regras estabelecidas.

"O que a gente tem percebido é que, após a pandemia, as crianças e os adolescentes estão praticamente sem foco e sem limite, e perderam as regras, quando tinham. E os pais estão deixando. Quando há ainda disputa pelos filhos, encontramos problemas emocionais gravíssimos como alunos se automutilando", diz a especialista no comportamento infantil e adolescente.