Topo

Jogador do Botafogo-SP pode ser preso por se negar a usar camisinha

De Universa, no Rio de Janeiro

30/09/2022 11h49

Três jogadores de futebol que atuam no Botafogo de Ribeirão Preto (SP), time da série B do Brasileirão, estão sendo investigados pelo crime de estupro contra uma mulher de 27 anos, no Rio de Janeiro. Um deles não teria usado a camisinha, contrariando os pedidos da vítima. Apesar de não haver legislação específica para esse crime, ele pode ser enquadrado como estupro de vulnerável mediante fraude, com pena de reclusão de dois a seis anos.

O não uso da camisinha pode provocar a transmissão de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e uma gravidez indesejada.

Segundo o relato à polícia, a mulher conheceu o argentino Lucas Delgado, 27 anos, em uma boate na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Horas depois, os dois teriam praticado sexo consensual num hotel em Santo Cristo, região central. Mas Delgado não usou preservativo, o que não foi combinado entre eles. "Quando chegamos ao quarto, o Lucas me chamou para o chuveiro. Eu disse para ele pegar camisinha, eu disse que não queria. Ele não quis pegar a camisinha e gozou dentro, o que ocorreu rápido", afirmou a mulher, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.

Na sequência, ela conta que ouviu barulhos na porta: eram mais dois jogadores, João Diogo e Dudu, que entraram no quarto "querendo também manter relações sexuais" com ela, que negou. Por causa disso, ela teria sido xingada por João Diogo e mordida nos seios por Dudu.

O ato de retirar a camisinha durante o sexo ou mesmo não usar o preservativo sem a mulher saber é conhecido como stealthing. Não há essa nomenclatura nem menção ao crime no Código Penal, mas por enganar a vítima a Justiça entende que o ato pode ser enquadrado no crime de violação sexual mediante fraude.

Universa questionou a polícia civil do Rio de Janeiro se os três homens também são investigados por outros crimes, mas até a publicação desta reportagem não havia recebido retorno. A reportagem será atualizada assim que houver mais informações.

Como denunciar

Crimes sexuais cometidos em ambientes íntimos são difíceis de comprovar, e por isso, a palavra da vítima tem peso. Mas ela pode também comprovar através de exame se houve ejaculação.

Para denunciar a violência de gênero, a mulher pode ligar para o 190, que é o número de emergência da polícia militar indicado para quem estiver presenciando uma situação de agressão. O Ligue 180 é o canal criado para mulheres que estão passando por situações de violência. A Central de Atendimento à Mulher funciona em todo o país e também no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita.

Também é possível acionar esse serviço pelo Whatsapp. Nesse caso, acesse o (61) 99656-5008. As denúncias de violência contra a mulher pode ainda ser feita pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). No site está disponível o atendimento por chat e com acessibilidade para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Se preferir, é possível fazer a denúncia por meio do Telegram: basta acessar o aplicativo, digitar na busca "DireitosHumanosBrasil" e mandar mensagem para a equipe da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180.

Caso a mulher não queira procurar imediatamente uma delegacia, pode buscar outras formas de apoio nos núcleos de Atendimento à Mulher nas Defensorias Públicas, Centros de Referência em Assistência Social, Centros de Referência de Assistência em Saúde ou nas Casas da Mulher Brasileira. Lá, poderá ser encaminhada para uma casa-abrigo ou para serviços psicológicos ou jurídicos.

O Disque 100 registra ocorrências de crimes cometidos contra criança, adolescente, pessoa idosa ou pessoa com deficiência. Esse canal também pode ser acionado pela internet, por meio do aplicativo Proteja Brasil, com download gratuito em celulares com sistemas operacionais iOS e Android.

Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual para tomar medicação de prevenção de ISTs, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Veja a lista checada de onde realmente é feito o procedimento: www.abortolegal.org.