Tatuador é denunciado por assédio em Bauru: 'Me fotografou sem blusa'

Um tatuador de Bauru (SP) é alvo de denúncias de assédio sexual, feitas por clientes e ex-funcionárias de seu estúdio. Os depoimentos contra Thiago Rodrigues, conhecido como Graxa, vieram à tona na quarta (28), depois que uma mulher fez uma publicação no Facebook contando que se sentiu desrespeitada ao fazer um desenho entre os seios com o profissional.

Segundo a denunciante, o episódio aconteceu há dois anos, mas ela decidiu divulgá-lo agora, ao saber que Thiago tinha uma foto íntima de seu corpo salva em seus arquivos. A cliente detalhou que o homem não ofereceu algo que protegesse suas partes mais íntimas durante a tatuagem e ainda elogiou seu corpo durante a sessão, apoiando o braço em seu peito.

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"Ele é um cara que eu admirava como profissional, porém minha última experiência foi péssima! Fui fazer uma tatuagem no meio do peito, minha primeira tatuagem 'íntima', e o cara simplesmente não me deu um tampão, nada para me cobrir. Eu, bem leiga, achei que era normal, mas me senti muito constrangida, porque a todo momento ele apoiava o braço no meu peito e até falou: 'Com todo respeito, seus seios são lindos'", disse.

Ela afirmou ainda que, além dos comentários inapropriados, ficou insatisfeita com o resultado do desenho. Assim, procurou outro profissional para retocá-lo — o novo tatuador adotou procedimentos para proteger o corpo da cliente.

"Fui em outro profissional, que já me deu tampão para cobrir meus seios, toalhinha e nem sequer se apoiou em mim. (...) Fiquei em silêncio todo esse tempo, nunca mais voltei lá, só contava pra amigas minhas que diziam que queriam ir fazer tattoo com ele. Mas hoje descobri que enquanto eu estava distraída atrás da cortina, ele me fotografou sem blusa com meus seios expostos e tem a foto até hoje (de mim e de outras clientes mulheres dele)", alegou a denunciante, que não contou quem levou a informação até ela, mas afirmou já estar tomando medidas judiciais contra Thiago.

Ex-funcionária diz ter sido ameaçada por tatuador

Uma ex-funcionária do estúdio de Graxa, que trabalhou com o profissional por três anos, conta que já tinha ouvido rumores de episódios de assédio do chefe, mas que nunca tinha presenciado nada até alguns meses atrás.

Na ocasião, ela foi até uma assistência técnica a pedido do tatuador para pegar um de seus celulares, que estava para conserto. O homem deu a senha para a funcionária, que tinha que testar o aparelho para retirá-lo. Foi quando a tatuadora decidiu abrir o aplicativo da galeria, vendo imediatamente fotos de clientes, "entre elas, as de meninas distraídas e nuas".

"Não tinha como eu falar algo, porque eu não tinha como obter as provas na hora, eu estava sem o meu celular. Mas depois falei com ele sobre essas coisas e que ele tinha essas fotos. Na hora, ele chamou um funcionário para servir de testemunha, por que eu estava 'acusando' ele. Esse funcionário levantou e não quis participar daquilo, porque sabia que era verdade", afirmou a mulher, em entrevista a Universa.

Para se defender das acusações, Thiago disse à tatuadora que iria até o quarto que mantinha no estúdio para pegar o aparelho, com ameaças de que poderia demitir e processar a funcionária. Ele demorou cerca de 30 minutos para voltar e, depois de novos questionamentos da mulher, teria "se alterado".

"Pedi para ele me dar o celular, que eu restauraria todas as fotos na frente dele, que ele havia apagado. Ele mudou de comportamento e começou a se alterar. Disse que se eu não pedisse desculpas eu seria mandada embora. Fiquei quieta e pedi desculpas, até coletar as provas que eu precisava. Depois sai do estúdio já com a intenção de processá-lo", afirmou a mulher, que não deu mais detalhes sobre o andamento da denúncia contra o ex-chefe.

Defesa diz que tatuador recebe ameaças

O advogado de Thiago, Fernando E. Antônio, afirmou em nota a Universa que a publicação feita no Facebook por uma das clientes também comete um crime ao "expor" o tatuador "incitando violência". Ainda segundo o defensor, até mesmo o filho do profissional, de 2 anos, está recebendo ameaças após as denúncias, com outras mulheres compartilhando experiências negativas com Graxa nos comentários do texto original.

"O meu cliente e sua família estão recebendo até ameaça de mortes, mas não se pode julgar um suposto crime pelo crivo da internet. Acreditamos na Justiça e ela será revelada em momento oportuno, se ele é culpado ou inocente será provado na justiça, como deve ser e como funciona o estado democrático de Direito", declarou Antônio, dizendo ainda que "medidas judiciais cabíveis estão sendo tomadas" e que o suspeito e sua defesa "estão colaborando com as autoridades".

A reportagem tenta contato com a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) para saber mais detalhes