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Desapega: um guia pra fazer dinheiro com as coisas que você não usa mais

Na nova economia, vender roupas e objetos em uso podem ser sinônimo de renda extra - beavera/Getty Images/iStockphoto
Na nova economia, vender roupas e objetos em uso podem ser sinônimo de renda extra Imagem: beavera/Getty Images/iStockphoto

Beatriz Pacheco

Colaboração para Universa, de São Paulo

05/10/2022 04h00

Faça um teste: abra os armários de casa, olhe em volta, espie o depósito. Você não deve demorar para identificar um produto encostado, que não tem mais uso, mas está em bom estado e pode ter valor no mercado. Se preferir, siga o estilo Marie Kondo, especialista em organização e autora do best-seller "A Mágica da Arrumação: a Arte Japonesa de Colocar Ordem na Sua Casa e na Sua Vida" (Sextante), e fique apenas com aquilo que lhe traz felicidade. Na nova economia, esses desapegos podem ser sinônimo de renda extra.

Com o orçamento familiar mais apertado, o mercado de segunda mão está em crescimento no Brasil. Os brechós movimentam o comércio de rua e ganham força no universo digital. Baseado em dados da Receita Federal, o Sebrae estimou que a quantidade de empresas especializadas na venda de usados expandiu quase 50% só no primeiro ano da pandemia.

No levantamento da Brasil Digital para a OLX, em 2020, quase 63% dos usuários da plataforma tinham pelo menos um objeto sem uso dentro de casa. A pesquisa mostrou ainda que o valor comercial dos itens parados nas casas dos brasileiros chegava, em média, a R$ 4,7 mil.

Entrar nesse comércio ficou mais fácil com as plataformas de compra e venda de usados, que conectam pessoas de qualquer lugar do país. Pensando nisso, Universa criou um guia sobre como se preparar para fazer bons negócios na economia dos desapegos —e dar um respiro para o bolso.

Onde vender o quê?

Enjoei: focado em moda de segunda mão. Compradores do Enjoei procuram boas ofertas em peças de roupas, acessórios, calçados e até produtos de beleza, como perfumes. Atualmente, mais de 50% das buscas e vendas se concentram na categoria "moça" (de artigos femininos).

Ficou Pequeno: plataforma de desapego de produtos infantis. É um e-commerce de peças de segunda mão para pais e mães com bebês e crianças pequenas. As categorias incluem vestuário, acessórios, brinquedos e até móveis usados.

Peguei Bode: especializado na venda de produtos de luxo de segunda mão. Serve para desapegar de peças grifadas e em bom estado de conservação, além de itens raros ou de edições limitadas do nicho fashion. Traz ofertas para públicos feminino, masculino e infantil.

OLX: é uma das mais conhecidas para venda de usados no Brasil e que reúne todas as categorias de produtos. Atrai ofertas variadas, especialmente de produtos de valores mais elevados, como móveis, smartphones, eletrodomésticos e automóveis.

Mercado Livre: maior marketplace no Brasil, a venda de usados não é o foco da plataforma, embora seja possível anunciar produtos de segunda mão. A atenção, neste caso, é deixar explícito na descrição da oferta que o produto é usado e dar o máximo de detalhes sobre o estado de conservação.

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Na Ficou Pequeno, e-commerce de produtos infantis, há roupas, acessórios, brinquedos e até móveis usados
Imagem: Lisa5201/Getty Images

Quanto posso lucrar?

A margem de lucro das vendas intermediadas pelas plataformas fica, em média, entre 60% e 90% do valor anunciado pelo produto, o que varia conforme a política da empresa. Na maioria dos casos, os anúncios são gratuitos, mas há taxas de comissão para cobrir os custos da operação. Algumas plataformas também cobram tarifas fixas. Já as despesas de envio costumam ser bancadas pelo comprador.

No Enjoei, a taxa de comissão é de 18% sobre o valor do produto mais uma tarifa fixa progressiva que vai de R$ 3,50 para vendas de até R$ 15 a R$ 50 para as vendas acima de R$ 500. Assim, o lucro em uma venda de R$ 15 fica em R$ 8,80 e em pouco mais de R$ 360 na venda de um produto anunciado por R$ 501.

Na Ficou Pequeno, a comissão é de 20% sobre as vendas. Quando o pedido ultrapassa R$ 25, a empresa cobra também uma tarifa fixa de R$ 2,50. Na categoria de vestuário infantil, por exemplo, que costuma entrar em campanhas promocionais com roupas por até R$ 25, vendedores conseguem ganhar até R$ 20 por peça. Já a OLX cobra uma taxa de comissão de 10% sobre o valor do produto quando a venda é intermediada pelo sistema OLX Pay. Em transações diretas entre os usuários taxas não são cobradas.

A alma do negócio

Para um anúncio online ser atraente a qualidade das imagens e da descrição são essenciais, assim como a precificação e as características do produto. Com tantas variáveis, o Enjoei montou um guia para novos vendedores que orienta a criação do primeiro anúncio na plataforma.

"Nele, damos dicas para as fotografias, tais como cuidados com iluminação, ângulos e quantidade de imagens para que o comprador consiga ver completamente a peça. Descrição e título são super importantes para que o produto seja encontrado", explica Victoria de Medeiros, group product manager da companhia.

A general manager da OLX, Regina Botter, também destaca a importância das fotos para vender um produto usado, mas propõe ainda se colocar no lugar de quem compra: ao buscar ofertas semelhantes, que informações você gostaria de encontrar no anúncio? "Detalhes que chamam atenção são: o estado de conservação, as possibilidades de utilização, a marca, a disponibilidade desse item no mercado, alguma peça ou material diferente que o torne especial, dentre outras características que julgar relevantes", reflete.

Já a precificação pode ser mais complexa para quem está começando no mercado de usados, por isso Regina sugere pesquisar produtos parecidos nas plataformas e comparar valores até definir um que seja justo. "Recomendo também evitar preços muito abaixo do valor real apenas para ter mais atratividade, pois isso fará com que o anúncio perca a relevância", conclui.

Cuidados de segurança

Quando as vendas são transacionadas pelos sistemas das plataformas, a segurança de pagamento é garantida pela empresa —mas ao custo das taxas. Nos casos em que é possível fechar negócio por transação direta (Pix, transferência bancária ou pagamento em dinheiro), como na OLX, a companhia recomenda manter as negociações na plataforma e evitar migrar a conversa para aplicativos de mensagem.

Outros pontos para os quais o marketplace chama atenção é para a entrega ou envio do produto somente após a confirmação de pagamento e sempre conferir o depósito no aplicativo do banco, mesmo após receber comprovante por e-mail ou mensagem.