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Michelle tem 'visão tacanha' da mulher, diz Tebet: 'Por isso escolho lado'

Simone Tebet (MDB) em evento com o candidato à Presidência Lula (PT), a quem declarou apoio - TOMZÉ FONSECA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Simone Tebet (MDB) em evento com o candidato à Presidência Lula (PT), a quem declarou apoio Imagem: TOMZÉ FONSECA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

De Universa, em São Paulo

07/10/2022 18h36

Nome de maior destaque nas eleições presidenciais de 2022, Simone Tebet (MDB-MS) fez exigências a Lula (PT) para declarar seu apoio a ele no segundo turno. Entre elas, está a aprovação de um projeto de lei pela igualdade salarial entre homens e mulheres.

Em entrevista ao UOL News desta sexta-feira (7), poucas horas antes de se encontrar novamente com o candidato à Presidência, a senadora reforçou seu apoio às pautas femininas.

Tebet conversou com a apresentadora Fabíola Cidral, com o colunista do UOL Tales Menezes e com a editora-assistente de Universa Camila Brandalise. Em relação ao tema da igualdade salarial, disse ter escolhido esse ponto especificamente pois o considera "base da dignidade da mulher".

Na entrevista, também afirmou que o fato de ser mulher pesou na hora de declarar voto a Lula, já que, para ela, Jair Bolsonaro (PL) "despreza" mulheres, citando falas do também candidato direcionadas a ela e à senadora Soraya Thronicke, que também concorreu à Presidência.

Outra crítica que faz é a Michelle Bolsonaro, quando a primeira-dama afirma que a mulher precisa ser "ajudadora" do homem. "É contra essa visão tacanha que escolho lados", disse.

Assista a trechos da conversa abaixo:

Ser mulher influenciou apoio a Lula

A defesa da democracia, diz Tebet, foi o que mais pesou na escolha de quem iria apoiar no segundo turno. Mas ser mulher, afirma, "está nesse bolo", uma vez que considera Bolsonaro um presidente que "tem desprezo" pelas mulheres.

"O desrespeito que o presidente tem, diria até desprezo, em relação às mulheres. Passa a mão, elogia e menospreza: 'Quem é Tebet?'", diz a senadora, referindo-se a um comentário de Bolsonaro quando ela declarou estar ao lado de Lula.

"Será que, se eu fosse um homem, com 5 milhões de votos, ele também perguntaria isso no menosprezo? Só porque eu não estou do lado dele, me diminui enquanto mulher. Claro que isso me incomoda profundamente."

Michelle Bolsonaro tem "visão tacanha" sobre mulheres

A primeira-dama Michelle Bolsonaro repetiu na quinta-feira (6) que o papel da mulher é ser "ajudadora" do marido. Para Tebet, essa é uma visão "tacanha" sobre a participação social feminina.

"Se o que ela entende como ideal é maternidade, concordo que não há missão mais nobre do que essa, ser mãe, educar os filhos, mas é um direito escolher. Ninguém tem que tutelar a mulher sobre o que ela tem que fazer", diz. "É contra essa visão de mundo e de país que escolho lados."

Igualdade salarial é "base da dignidade" feminina

Entre as diversas pautas femininas importantes no país, Tebet diz ter escolhido a igualdade salarial, porque outras, como a violência de gênero, já estarão abarcadas em um possível governo Lula, já que é declaradamente uma das preocupações do candidato.

Já a igualdade de gênero, para ela, precisa ser discutida com urgência. Mais do que isso, é necessário sancionar um projeto de lei que obrigue empresas a seguirem a equidade salarial sob pena de multa. "Ter igualdade econômica é o que faz a mulher sair de casa se for espancada. É 20% essa diferença. Se coloca na economia, a faz girar. A mulher não guarda o dinheiro para si, coloca comida na mesa, cuida do filho. Se não é pelo amor à causa, que seja pelo motivo econômico."

Futuro na política após votação expressiva

Saindo da eleição como vitoriosa, já que de desconhecida passou a ser a segunda opção de quem não votou nem em Lula nem em Bolsonaro, Tebet nega ter aceitado qualquer função para apoiar o candidato do PT e diz que seguirá a missão que lhe for apresentada.

O mandato da senadora se encerra em fevereiro de 2023 e, depois disso, diz, ainda não há planos de qual caminho seguir, mesmo que desde já sejam ventiladas informações sobre uma possível liderança dela em algum ministério, como o da Mulher.