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'Casei com o primeiro cara que conheci no Tinder depois de terminar namoro'

Mariana Zanon e Matthieu Labour, que se conheceram no Tinder - Arquivo Pessoal
Mariana Zanon e Matthieu Labour, que se conheceram no Tinder Imagem: Arquivo Pessoal

Mariana Zanon, em depoimento a Anahi Martinho

Colaboração para Universa, em São Paulo

09/10/2022 16h47

"Eu baixei o Tinder em 2014. Tinha acabado de sair de um relacionamento à distância e estava aliviada por ter terminado. Eu morava em Montpellier, na França, onde fazia um mestrado em gestão de projetos internacionais.

Na época, o Tinder estava bombando, todo mundo falava do aplicativo. Foi uma colega do mestrado, uma dinamarquesa, que falou: "Que bom que você terminou, agora você está livre. Instala o Tinder, vai conhecer gente, vai aproveitar".

Eu pensei: "Nossa, com certeza! Quero sair, conhecer pessoas, fazer novos amigos". Não entrei com aquela expectativa de encontrar alguém para transar, sexo casual, nada disso. Queria só conhecer gente, ver qual era a do aplicativo. Instalei em uma sexta à noite, fiz um perfil básico, coloquei só as informações obrigatórias.

Eu não sabia direito como funcionava o aplicativo e saí dando like em um monte de gente. Na época não tinha Whatsapp aqui na França, quase ninguém usava. Comecei a receber um monte de mensagem e fiquei meio perdida.

Algumas eram bem diretas, uns caras já falando: "Na minha casa ou na sua?". Eu achei uma pegada meio agressiva, cogitei desinstalar, pensei que não era para mim.

Fiquei meio perplexa com o funcionamento do aplicativo. Respondi uma ou outra mensagem, mas era muita gente falando ao mesmo tempo. Achei cansativo e fui dormir.

Quando acordei no dia seguinte, fui olhar o aplicativo e a primeira mensagem que abri era do Matt. Ele estava online e já começamos a conversar. Marcamos um encontro para o mesmo dia, às 16h, em um café que ficava numa praça bem movimentada. Eu quis marcar em um lugar aberto e cheio de gente, morria de medo dessas coisas.

Quando olhei para ele, pensei: "Nossa, não vai rolar, nada a ver comigo". Ele fumava e eu detesto cigarro. E isso era um critério essencial para mim. Ele acendeu um cigarro e eu mal via a hora de ir embora. Mas aí a gente sentou no café e começou a conversar. Ele me contou que também tinha terminado uma relação e acabado de voltar para Montpellier, sua cidade natal, e arrumado um emprego como engenheiro.

Mariana e Mathieu se casaram em 2017 - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Mariana e Mathieu se casaram em 2017
Imagem: Arquivo Pessoal

Ficamos conversando por muito tempo. Anoiteceu, o café fechou e eu precisei ir embora porque estava com frio. Nem mencionamos nada sobre nos vermos novamente. Mas quando estava no caminho de casa, passou um pensamento pela minha cabeça: 'Acho que vou casar com essa pessoa'. Não sei explicar, mas tive esse feeling. Não sei porque, eu nem tinha gostado dele de cara. Mas algo me dizia que iríamos nos ver novamente.

Chegando em casa, nos falamos, falei para ele baixar o Whatsapp e continuamos conversando. Nos encontramos já no dia seguinte, à tarde, e começamos a nos ver quase todos os dias, depois do trabalho dele ou das minhas aulas. Ele conheceu minhas amigas e logo começamos a namorar.

Já na primeira semana, ele parou de fumar. Eu falei que odiava cigarro, que para mim isso era pré-requisito, e ele falou: "Ótimo, já estava tentando largar, agora tenho uma motivação a mais". E parou.

No mês seguinte eu ia fazer uma viagem sozinha, que já tinha programado antes de conhecê-lo. Eu ia passar uma semana na Noruega. Ele se convidou para ir comigo e fizemos essa viagem juntos, que marcou o início da nossa relação.

Em 2017, depois de alguns anos já morando juntos em Montpellier, nos casamos. Fizemos duas cerimônias, uma aqui e outra em Poços de Caldas (MG), minha cidade natal. Passamos a lua de mel em Ilhabela (SP), e depois nos mudamos para Paris. Em 2021, nasceu o Victor, nosso filho. E assim já se passaram oito anos. Tenho a sensação de que foi muito, muito rápido.

O Matt foi a primeira pessoa com quem conversei de fato no Tinder e o meu primeiro date. Nunca mais respondi as outras dezenas de mensagens que estavam lá.

Posso dizer também que o Tinder mudou minha vida. Quando vim para a França, minha ideia era ficar só dois anos. Conheci o Matt no segundo ano do mestrado, em teoria só iria ficar mais oito meses e voltar para o Brasil. Como a gente se conheceu, tudo mudou. Fui ficando, ficando e já vai fazer dez anos que moro aqui, e desses dez, oito são com ele."

Mariana Zanon, 31 anos, mora em Paris e trabalha com e-commerce