'Ele vai pagar', diz modelo agredida por Thiago Brennand, solto após fiança
A modelo e empresária Alliny Helena Gomes, 37, recebeu com tranquilidade a notícia de que o empresário e herdeiro Thiago Brennand, 42, foi solto hoje em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, um dia após ser preso. Ela já esperava que ele pagasse fiança à justiça daquele país, mas afirma que, assim que for extraditado ao Brasil, essa medida já não será mais possível.
"Estou confiante que ele será trazido ao Brasil para pagar por seus crimes. Para mim, nada mudou ao saber que ele pagou fiança por lá e foi liberado", declarou em entrevista ao Universa.
"Isso faz parte do processo de extradição, os crimes que ele praticou contra mim e tantas outras vítimas não foram feitos lá. Então é natural que ele pague a fiança, já que tem condições para fazer isso. Agora é assim que ele vai empregar o dinheiro dele".
Helena afirma que todos tinham medo do empresário na academia, por sua atitude arrogante e violenta. Mas a maioria tinha medo de enfrentá-lo e vergonha em denunciá-lo.
As agressões físicas e verbais praticadas por Thiago contra a modelo ficaram registradas nas câmeras de segurança da academia Bodytech, no Shopping Iguatemy, em São Paulo. As lesões que sofreu foram confirmadas em laudo emitido pela polícia científica, após ela ter passado por exame de corpo de delito.
Desde que começou a treinar na academia, em maio deste ano, a modelo vinha sendo abordada por Thiago. Percebendo as intenções do empresário, que chegou a convidá-la algumas vezes para sair, ela gentilmente desconversava, dizia haver terminado um relacionamento recentemente, que não estaria preparada para iniciar um novo. Mas as desculpas não bastavam.
No dia 3 de agosto, dia da agressão, ele passou a confrontá-la. Se colocava em sua frente, impedindo-a de passar. Exigia que ela fosse fazer exercícios em outros lugares, longe dele. Até que ela, irritada, resolveu enfrentá-lo, dizendo que não obedeceria às ordens dele. Foi o suficiente para que ele avançasse em sua direção, esmurrando seu peito e agarrando-a pelos cabelos.
Ele a xingou diversas vezes, o que o filho do empresário, que o acompanhava no treino, passou a fazer também, e ainda cuspiu em seu rosto. Tufos dos cabelos de Helena foram encontrados depois perto dos aparelhos, no chão da academia. Haviam sido arrancados por Thiago.
"Depois de tudo o que eu passei, de tudo o que enfrentei, não vai ser uma notícia como a dele ter pagado fiança para responder em liberdade que iria me desanimar. Pelo contrário, estou mais confiante do que nunca, esperando apenas os trâmites da extradição. Assim que ele colocar os pés no Brasil, não terá direito a fiança. Será preso mesmo".
Grande responsabilidade
Depois que o seu caso se tornou conhecido, outras mulheres começaram a procurar Helena para conhecer e entender o que poderiam fazer para que o empresário pagasse por abusos cometidos contra elas também.
"Isso se tornou uma grande responsabilidade. Já não era mais eu, Helena, que aguardava por justiça pelo que ele tinha feito comigo. Existiam outras mulheres, cujas agressões sofridas ainda foram muito piores", contou a modelo, explicando que passou a ser uma espécie de catalisadora - ponte entre as vítimas e o desejo delas por justiça.
"Eu não deixei que tudo isso me abalasse. Não tenho sofrido com ansiedade, depressão ou qualquer desequilíbrio nesse sentido. Tenho tido só um pouco de problemas para dormir porque as vítimas desse homem surgem para conversar comigo na madrugada. E são histórias difíceis", diz a modelo.
Por outro lado, à medida que surgem mais vítimas, a certeza de Helena é de que Thiago terá que pagar por seus crimes assim que colocar os pés no Brasil, aumenta.
16 vítimas
Segundo o advogado da modelo, Márcio Janjacomo, até o momento 16 vítimas do comportamento errático de Thiago já o procuraram para conversar e descobrir quais medidas legais podem ser tomadas contra ele. "Os crimes são vários. Assédio, estupro, lesão corporal, perseguição, difamação", afirma o advogado.
A Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva de Thiago no dia 27 de setembro. Com o pedido, ele passou a ser considerado foragido da Justiça e teve o nome incluído na lista de procurados pela Interpol. A partir daí, qualquer país signatário de tratados de extradição poderia enviá-lo de volta ao Brasil. Em novembro do ano passado, os Emirados Árabes, para onde o empresário viajou, assinou um acordo de extradição com o governo brasileiro.
O empresário embarcou para os Emirados Árabes horas antes de ser denunciado pelo MPSP (Ministério Público de São Paulo) por lesão corporal e corrupção de menores pelo caso da agressão na academia. A expectativa era a de que ele retornasse no dia 18 de outubro, quando teria que apresentar seu passaporte às autoridades. Mas ele não cumpriu o acordo.
"Agora é questão de tempo", afirma Helena. "Ele vai ter que enfrentar as consequências dos crimes que cometeu. As vítimas dele, assim como eu, não devem desanimar com essa notícia de que ele aguarda em liberdade. Ele será trazido ao Brasil e aqui não haverá fiança para ele", reafirmou.
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