Sexóloga da Jojo Todynho na TV: 'Famosos mandam dúvidas por WhatsApp'

Caroline Amanda Borges é consultora em saúde e educação sexual e trabalha há quatro anos para dar apoio e educar sexualmente pessoas que menstruam, principalmente as negras. Mas por que estamos falando dela? A profissional está entrando na sua casa e informando o Brasil sobre assuntos de saúde sexual ao lado de Jojo Toddynho no programa "Jojo Nove e Meia", falando sobre sexualidade com celebridades.

"Sou formada em Ciências Sociais e senti, em uma das reuniões que fiz com a equipe, que eles queriam uma profissional que com uma camada mais política, não só anatômica, principalmente considerando os convidados, já que temos mulher cis, trans, mais velhas, não binárias? Me parece que foi isso que fui convidada", conta Caroline quando questionada como ela foi parar no programa de Jojo.

Ao vivo ou em off, as convidadas tiram dúvidas reais com a Carol. Afinal, ela está ali em uma posição de conhecimento e para contextualizar os assuntos. "Já tiraram dúvidas ao vivo. Uma convidada me perguntou sobre flatos vaginais, e falou que estava soltando pum pela vagina, que me questionou também nos bastidores", conta Carol.

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A especialista já recebeu até mensagens no WhatsApp de uma convidada pedindo para conversar após o programa sobre uma questão que a incomodava. "A meu ver, as pessoas terem uma referência televisiva é muito humanizador, pois coloca a sexualidade como uma troca de humanidade. É muito bom", diz Carol.

Ela ainda não pode falar qual foi o seu assunto preferido a ser abordado no programa, para não dar spoiler, mas garante que no meio da temporada vamos poder assistir. "Não foi ao ar ainda, mas gostei muito de falar sobre o tema. Mas o assunto que mais recebi feedback até agora foi a menopausa. Foi bem interessante receber os comentários positivos", conta.

No episódio sobre menopausa, Carol Protásio falou sobre a condição e os problemas que estava enfrentando, que quase a levaram à separação. "A menopausa é muito terrível. A bicha fica seca, parece que está entrando areia na hora da relação. Tanto que você precisa usar lubrificante, tomar remédio e usar gel nas coxas para dar uma aliviada e você voltar a sentir prazer. Isso demora, meu casamento quase acabou", contou.

Carol também fala sobre os assuntos que mais a marcaram nas conversas da temporada. "Um dos depoimentos mais honestos foi o da Cacau Protásio, sobre os efeitos colaterais da transição para a menopausa. E eu poderia morar na entrevista com o Tiago Abravanel. Foi absolutamente poderoso falar sobre masculinidade com tanta lucidez, elegância e responsabilidade", disse.

E sobre a Jojo, a especialista se disse nada surpresa sobre seu nível de liberdade para falar sobre tudo. "Ela representa o futuro. É a primeira mulher gorda, negra, de origem humilde a ser dona de um talk show com tanta expressividade nacional. A liberdade dela não me surpreende, pois expressa a raiz das mulheres da periferia, que gozam de um nível de liberdade que a classe média nunca dará conta de assimilar. E também lutam por ela", disse

Projeto de educação sexual

Mais do que aparecer na TV dando ensinamentos importantes sobre sexo, Caroline trabalha muito pelo bem da sexualidade atrás das câmeras. O Yoni das Pretas, que tem um nome em sânscrito que significa, entre outras coisas, "o tempo sagrado" e o "órgão sexual feminino", é a 1° comunidade de educação para bem-estar íntimo e sexual focada em pessoas que menstruam, sobretudo negras, foi criado há quatro anos.

"O projeto tem alguns pilares. Um deles com materiais gratuitos. Além de uma série que gravei e que está disponível no Youtube, tem ebooks sobre menstruação, menarca, puerpério e menopausa, por exemplo. Temos também cursos sobre sexualidade que acontecem anualmente. Somos uma comunidade. Já fizemos até troca de livros de mulheres não brancas que falam sobre sexualidade", diz Carol.

Além de se tornar um local de apoio, Carol também ajuda com conexões de mulheres com profissionais negras da área da sexualidade. "Me pedem indicação de ginecologista, fisioterapia pélvica. Elas me procuram para isso", conta. A especialista se tornou uma referência para mulheres negras cuidarem de sua própria saúde.

Como plano para o futuro, Carol pretende transformar o Yoni das Pretas em uma femtech, empresa de tecnologia para a saúde da mulher. "Quero que seja focada na saúde sexual de mulheres não brancas, conectando profissionais não brancos, fora do eixo Rio-São Paulo, e promovendo acesso à saúde e educação sexual", diz.

Veja a participação de Caroline no Sexoterapia