Irã: Atleta some por 48h após fazer prova sem hijab e inspira medo no país
Uma atleta iraniana foi dada como desaparecida por pelo menos 48 horas desde que representou o Irã no Campeonato Asiático de Escalada, em Seul, na Coreia do Sul, mas não usou hijab durante a prova, exigência do governo iraniano em competições oficiais. Desde então, Elnaz Rekabi, 33, deixou de fazer contato com amigos e familiares e apenas uma mensagem de texto foi postada em suas redes sociais, o que preocupa entidades internacionais, que chegam a desconfiar da autoria da postagem.
A competidora "virou notícia" no mundo no sábado (15), quando não usou vestimenta para cobrir a cabeça durante a competição. A imprensa internacional ligou o ato a uma sinalização de apoio aos protestos em memória de Mahsa Amini, 22, que morreu na prisão após ser detida por não usar o véu da forma prevista pelo governo.
Amigos de Elnaz afirmaram ontem que a atleta não dava qualquer notícia desde o domingo (17), dia seguinte à participação na competição.
Hoje, por volta das 12h no horário local (6h no horário de Brasília) o perfil da atleta foi atualizado com uma publicação nos stories no Instagram.
Sem mostrar o rosto, ela atribuiu a falta de hijab a "um problema" resultante de ter sido chamada para a prova fora da hora prevista. "Com uma história de 20 anos como membro do time nacional de escalada, me desculpo pelas preocupações que causei", afirmou.
A veracidade da mensagem, porém, foi questionada pelo caráter formal do texto e pela falta de imagens que comprovem o bem-estar físico da atleta.
Fontes afirmaram à filial persa do canal britânico BBC que a atleta precisou entregar o passaporte e o celular às autoridades iranianas antes de embarcar de volta a Teerã e poderia estar sendo coagida a fazer as publicações.
"A Anistia Internacional está alarmada pelos relatos de que Elnaz é mantida sem comunicação e, possivelmente, retornando de forma forçada ao Irã, onde ela tem riscos reais de ser presa arbitrariamente e torturada por violar as regras do véu compulsório", afirmou a Anistia Internacional em publicação nas redes sociais na tarde de hoje, após a publicação feita no perfil da atleta.
A IFSC (sigla internacional para Federação Internacional de Escalada) publicou uma nota nas redes sociais afirmando que estava ciente da situação envolvendo a atleta.
"Fomos informados de que ela está voltando ao Irã e continuaremos a monitorar a situação conforme ela se desenrole após a chegada dela. A IFSC apoia os direitos, escolhas e a livre expressão dos atletas", afirmou o pronunciamento.
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