Empresária encontrou propósito no mercado erótico: 'Mulheres me agradecem'
O setor dos sex shops deve chegar a um faturamento de R$ 108 bilhões em todo o mundo em cinco anos, e quem estará à frente de todo esse lucro? As mulheres, que lideram 76% das empresas do ramo, segundo pesquisa do Portal Mercado Erótico. Mas, apesar de dominarem a área, elas ainda precisam lidar com preconceito e tabus. É o caso da carioca Isabela Cerqueira, 28 anos, fundadora da Good Vibres, que aposta em produtos sexuais e geração de conteúdo sobre sexualidade e prevê faturamento de R$ 3 milhões neste ano.
O negócio começou no meio da pandemia e, desde então, ela já teve de lidar com todo tipo de situação. "Na primeira semana da empresa, um cliente disse que mandaria um contrato para eu assinar e, depois disso, faria o pagamento. O tal contrato dizia que eu estava 'convocada' para um encontro com ele", conta.
"Empreender, para mulheres, é mais difícil do que para os homens, infelizmente. O mercado nos testa. Nosso papel é persistir, pois só vamos conseguir mudar essa regra do jogo dizendo: 'Eu consigo. Sou uma empresária, sei o que estou fazendo e minha empresa dá resultado", afirma.
Segundo ela, é importante focar nas coisas boas, como na diferença que sua empresa faz na vida das pessoas, por exemplo. "Recebo muitas mensagens de mulheres me agradecendo por ter ajudado a melhorar o relacionamento com elas mesmas e com os outros. Por isso, parar nunca esteve em meus planos", diz. Ela recomenda, para não desistir com as dificuldades, se apegar no sentido do trabalho que está sendo desenvolvido e na diferença que faz na vida do seu público-alvo.
'Xoxota Power' foi começo de tudo
Formada em engenharia industrial, Isabela trabalhava na área de logística da L'Oréal. Em 2020, durante a pandemia, decidiu criar uma página no Instagram chamada Xoxota Power para falar sobre sexualidade.
A ideia era tratar do tema de forma aberta e ampliar a roda de conversa que tinha com as amigas para quem quisesse ouvir e falar sobre sexo sem tabus. "Sempre fui curiosa e gostei de falar sobre sexualidade, pois acredito que é apenas mais um pilar da nossa vida, como tantos outros. Mas, infelizmente, para a maioria das mulheres não é, pois normalmente não somos incentivadas a falar sobre o assunto", afirma.
A página foi crescendo e, ao mesmo tempo, muitas pessoas pediam dicas de artigos eróticos. Isabela percebeu a dificuldade de se encontrar produtos de qualidade no mercado, com preços acessíveis. Assim, o que era apenas uma página para debater o tema virou uma empresa.
Tratar de sexo e prazer com naturalidade foi pilar número 1
Ao pensar na estrutura da Good Vibres, dois pilares foram cruciais.
O primeiro era tratar o assunto com naturalidade e humanização. "As pessoas sabem com quem estão falando, pois eu apareço sempre no Instagram, e isso nos aproxima. A página é como um confessionário", afirma.
O segundo é o modelo de negócio, com menos produtos e mais curadoria. "Minha ideia foi enxugar o portfólio e ter menos produtos, mas todos testados por mim. Na prática, isso quer dizer que foquei o marketing nos 'bestseller', aqueles produtos que acredito que vão funcionar", explica.
Hoje, oferece 50 produtos, entre vibradores, sugadores de clitóris, óleos e até sabonete para limpar sex toy. Também já lançou o primeiro item com a marca própria, o lubrificante vegano e hidratante Senses Lube. Para o primeiro primeiro trimestre de 2023, mais dois lançamentos estão programados
Comunidade de clientes gera engajamento e vendas
Outro ponto crucial para o negócio dar certo foi estudar bem o setor. Para isso, começou uma pós-graduação em educação sexual com o objetivo de ampliar o conteúdo educacional online. Aliado a isso, trabalhou na criação de uma comunidade para conhecer mais a fundo suas clientes e, assim, oferecer as melhores opções de produtos e conteúdos.
O entendimento do público ajuda a estruturar uma estratégia inteligente e bem focada.
"As pessoas têm que ser a minha melhor propaganda, quase como um vendedor da marca. E criar uma comunidade que acredita e se engaja com a empresa é o segredo", afirma.
Tão importante quanto esses pontos é se posicionar como mulher empresária. "Sei que, para muitas pessoas, isso é difícil. Mas é preciso ter em mente que se está tocando uma empresa, que deve haver uma estratégia por trás de todos os processos, além de uma equipe de pessoas talentosas. No caso da Good Vibres, só de mulheres."
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