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Cardiologista é suspeito de assédio sexual contra colega e paciente no CE

Pelo menos duas mulheres procuraram a delegacia para denunciar médico até a tarde desta quinta-feira (10) - Reprodução
Pelo menos duas mulheres procuraram a delegacia para denunciar médico até a tarde desta quinta-feira (10) Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

10/11/2022 17h40Atualizada em 10/11/2022 18h08

Um cardiologista foi denunciado por cometer supostos assédios sexuais contra duas mulheres - uma delas paciente e, outra, colega de profissão - no município de Barbalha (CE).

Segundo as investigações policiais, os casos teriam ocorrido em março deste ano e em 2021, mas só foram denunciados neste mês.

"Eu estava dormindo [no repouso médico] com a luz apagada. Ele abriu a porta, eu identifiquei que era ele que estava entrando, mas ele não ligou a luz. Foi direto para a cama. Se deitou na cama, do meu lado, me abraçou e começou a beijar o meu rosto", afirmou uma das vítimas, médica e ex-aluna do cardiologista, em entrevista à TV Verdes Mares, filiada da Rede Globo no Ceará.

Segundo ela, o assédio ocorreu no Hospital do Coração do Cariri, uma das instituições na qual o médico investigado trabalha.

A segunda vítima foi atendida pelo cardiologista na Policlínica de Barbalha.

Ela não é moradora do município e foi encaminhada ao local para passar por avaliação cardiológica e receber um parecer para uma cirurgia ocular.

Segundo a vítima, o suspeito não permitiu que a acompanhante dela entrasse no consultório e trancou a porta, fazendo perguntas de cunho sexual.

"Ele começou a fazer perguntas avançadas sobre sexo, perguntando se quando eu tinha relação com meu ex-marido eu sentia prazer e eu não quis responder (...) Até quando ele chegou ao ponto de me tocar", afirmou.

À TV Verdes Mares, a mulher informou que foi tocada nas partes íntimas pelo médico, sendo liberada em seguida. Ela só decidiu prestar queixa contra ele neste mês, após conversar com familiares.

Em nota, a SSPDS-CE (Secretaria de Segurança Pública e Defesa Civil do Ceará) informou que o caso é investigado pela Delegacia Municipal de Barbalha.

Segundo o órgão, denúncias sobre outros casos envolvendo o suspeito podem ser feitas na delegacia do município e pelo telefone 181.

O UOL tentou contato com o médico suspeito de cometer o crime, com o Consórcio Público de Saúde da Microrregião Juazeiro do Norte, responsável pela administração da Policlínica de Barbalha e com o Hospital do Coração de Barbalha em busca de informações sobre se o médico continua cumprindo as funções dele durante as investigações policiais, mas não recebeu retorno de nenhum deles até o momento.

À TV Verdes Mares, o Hospital do Coração afirmou que o médico foi afastado durante as apurações.

A violência sexual contra a mulher no Brasil

No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável - outro tipo de violência sexual.

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.