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'Pensei ser gastrite, mas era gravidez': sintomas além de atraso menstrual

"Descobri que estava grávida durante exames para o gastroenterologista", conta Jennifer Rodrigues - arquivo pessoal
'Descobri que estava grávida durante exames para o gastroenterologista', conta Jennifer Rodrigues Imagem: arquivo pessoal

Glau Gasparetto e Thaís Lopes Aidar

Colaboração para Universa, em São Paulo

10/11/2022 04h00

Na maioria das vezes, a desconfiança de uma possível gravidez surge quando a menstruação atrasa. Apesar de ser o principal indicativo de gestação, nem todas as mulheres podem se basear em falhas no calendário. Quem tem os ciclos irregulares, por exemplo, não consegue determinar uma data específica para o sangramento ocorrer e, consequentemente, notar que algo está diferente do esperado.

"Descobri que estava grávida durante exames para o gastroenterologista. Sentia muita azia e dor de estômago, do tipo que precisava de remédios para aliviar. Também sentia um sono absurdo, mas não estranhei, porque trabalho muito e estudo. Além disso, como eu tomava injeção mensal e meu marido estava com varicocele, descartei a gravidez de imediato", lembra Jennifer Rodrigues, analista administrativa, 26 anos, de São Paulo.

Após visitar especialista do aparelho digestivo, ela se submeteu a exames de endoscopia e de abdômen total. "A médica estranhou e me pediu um ultrassom - e lá estava minha 'gastrite', com 28 semanas, que hoje se chama Helena. Depois de duas semanas, começaram os enjoos e vômitos, os seios ficaram pesados e doloridos. Voltei do hospital sem gastrite e com a notícia de que seria mamãe de novo", conta.

A história de Jennifer comprova a premissa da medicina sobre não ser possível generalizar as situações, sobretudo a gravidez. Como nem toda grávida vai sentir os sintomas considerados "padrão", a recomendação é ficar de olho em outros possíveis indicadores, capazes de ajudar no momento de dúvida.

De acordo com o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, especialista em ultrassonografia ginecológica e obstétrica, há pelo menos dez sintomas sugestivos de uma gravidez para ficar de olho - e eles não incluem os atrasos menstruais.

1. Enjoo

Ocorre devido ao aumento de hormônios, principalmente da progesterona - um dos responsáveis pela preparação do útero para a gestação. Assim, os enjoos podem surgir logo no começo, mas são mais comuns a partir da oitava semana e devem ir até 12ª semana, em média.

2. Déficit de memória

É possível acontecer desde o início, como consequência das alterações orgânicas e metabólicas típicas da gestação. Desse modo, a mulher pode se queixar de uma perda de memória, como ao ir em um lugar e esquecer o que iria fazer ali.

3. Alterações olfativas

Não tolerar cheiros antes considerados agradáveis ou passar a gostar de odores que não suportava acontece por um inchaço da mucosa nasal, que fica mais irrigada. Essa condição também é conhecida como perversão olfativa.

4. Alterações de paladar

Existe também a perversão gustativa, causada pelas alterações na papila gustativa, devido à gravidez. "Assim, a mulher passa a ter desejos por comidas que não consumia anteriormente ou até a não tolerar alimentos que gostava", comenta Domingos Mantelli.

5. Fome excessiva

Mais uma vez, a culpa é dos hormônios. Com isso, a gestante tende a sentir mais fome do que o normal, sobretudo em decorrência do progesterona.

6. Sensibilidade mamária

O seio e, especialmente, os mamilos apresentam maior sensibilidade, sendo capazes de sentir incômodo até mesmo com o encostar das roupas. Aqui, além do fator hormonal, rola uma preparação da mama para a amamentação, esperada para os próximos meses.

7. Cólicas

Embora as cólicas sejam motivo de preocupação durante toda a gestação - e seja importante reportar esse sintoma ao obstetra -, elas podem ser uma queixa comum no início da gravidz, tendo como motivo o desenvolvimento fetal que está acontecendo dentro do útero.

"Isso porque o útero é uma musculatura e, conforme o bebê se desenvolve, ele começa a crescer, podendo causar desconforto pélvico", acrescenta

8. Aumento de secreção vaginal

Não falamos de corrimento, mas de uma maior lubrificação. Devido às glândulas vaginais que trabalham mais intensamente, já preparando esse canal de parto para o futuro nascimento, essa alteração pode ser sentida desde o começo.

9. Alterações de humor

A instabilidade é consequência das mudanças hormonais, fazendo com que as gestantes fiquem mais irritadas ou sensíveis, com choro fácil.

10. Constipação

É comum as gestantes terem dificuldade para ir ao banheiro, uma vez que a progesterona (ela de novo!), ao se elevar, faz com que diminuam os movimentos peristálticos do intestino. "Consequentemente, há uma absorção maior do líquido dos alimentos no tubo digestivo, ressecando-os e deixando o intestino mais preso", explica o médico.

Gravidez psicológica também tem sintomas

Na contramão, a gravidez psicológica (nomeada como "pseudociese") traz muitos sintomas, mesmo sem existir um bebê sendo gerado. Segundo Waldemar Carvalho, especialista em reprodução humana, médico nos hospitais São Luiz, Santa Joana e Albert Einstein, isso pode acontecer em mulheres com tentativas malsucedidas de engravidar ou, então, naquelas que convivem com gestantes e ainda não tem um companheiro.

"Os sintomas são muito parecidos com os de uma gravidez, inclusive, a barriga começa a crescer - não pelo crescimento do útero, mas pela distensão das alças intestinais, comum na gestação, somada ao intestino funcionar mais devagar, juntando gases", acrescenta o especialista.

Além disso, o médico destaca que, muitos dos sintomas observados na gravidez psicológica não são comuns ao início de uma gestação, como a secreção láctea saindo dos mamilos. "Recomenda-se, nesse caso, um tratamento psicológico e medicação para reverter o quadro", conclui.

Por último, os ginecologistas reforçam a importância de procurar um profissional em casos de desconfiança e realizar o teste sanguíneo de Beta-HCG para confirmar a gestação, já que é o modo mais assertivo.