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Aos 15 anos, pilota sonha chegar à Fórmula 1: 'Meninos me tiram da pista'

Aurelia Nobels, 15 anos: "É difícil ser mulher nesse esporte" - Divulgação
Aurelia Nobels, 15 anos: 'É difícil ser mulher nesse esporte' Imagem: Divulgação

Anita Efraim

Colaboração para Universa, em São Paulo

13/11/2022 15h01

Neste domingo, 13, no grid de largada do Grande Prêmio de São Paulo, só há homens na disputa. E o sonho de Aurelia Nobels, 15 anos, é conseguir romper as barreiras que ainda separam mulheres do grid de uma corrida da F1.

Nascida em Boston e vivendo no Brasil desde os 3 anos, ela é a única mulher na categoria Fórmula 4 Brasil, criada neste ano. Com incentivo do pai, apaixonado pelo esporte e grande fã de Ayrton Senna, Aurelia começou a correr no kart com 10 anos. Com 14, ao lado do pai, decidiu que era hora de começar a se preparar para a Fórmula 4.

"Meu pai achou melhor a gente começar mais cedo para eu já ir aprendendo", explica. "Este é meu primeiro ano na Fórmula 4. É um passo muito grande ir do kart para a Fórmula, é como começar do zero, mas eu prefiro. Estou muito feliz com tudo que está acontecendo."

Aurelia entende que, mesmo jovem, já sentiu na pele —e no carro— a discriminação de competir entre homens. Quando está à frente deles, é comum que os concorrentes provoquem acidentes para tirá-la da corrida.

É muito difícil ser mulher nesse esporte. Os meninos acabam não aceitando quando uma menina está na frente deles e te tiram da corrida. Já aconteceu bastante comigo no kart e, no começo da Fórmula 4, já aconteceu de, quando eu estava superbem posicionada, em terceiro ou quarto, me tirarem da pista.

No entanto, as tentativas de intimidação só fortaleceram a vontade de seguir. "Me dá mais vontade de mostrar que lugar de mulher é onde ela quiser. Sempre falo que, quando eu abaixo a viseira, não tem mais diferença. Quero mostrar para eles que a gente pode ser mais rápida, melhor, e eles têm de aceitar."

Aurelia sonha com a Fórmula 1 - Divulgação - Divulgação
Aurelia sonha com a Fórmula 1
Imagem: Divulgação

Ao longo do ano, ela afirma que passou a ser mais respeitada pelos colegas de categoria. "Eles amadureceram", entende Aurelia. A pilota afirma que o esporte a motor está mudando e, atualmente, há mais espaço para mulheres se destacarem.

Um dos projetos é o Girls On Track, programa da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) em parceria com a Ferrari, que busca promover a participação de mulheres no automobilismo. A campeã ganha uma vaga na academia da Ferrari. Em 2022, Aurelia Nobels é uma das quatro finalistas do Girls On Track, cujo resultado deve sair no mês de dezembro.

Além de Ayrton Senna, outra inspiração da jovem é o piloto Charles Leclerc —que está na disputa em Interlagos neste domingo— e também a brasileira Bia Figueiredo, que já correu na Fórmula Indy e na Stock Car (e também já contou que era jogada para fora da pista por adversários homens).

Aos 15 anos, Aurelia entende a responsabilidade de representar outras meninas. "Tem meninas que ainda estão no kart que tiram foto, vêm conversar comigo quando estou na pista e fico muito feliz. Espero sempre crescer e evoluir e, um dia, chegar aonde eu quero. Com calma, passo a passo, e acreditando sempre."