Mulher negra é acusada de furto na Renner: 'Puxou minha bolsa e tirou tudo'
A secretária Awdrey Ribeiro, 21 anos, foi acusada de furto em uma unidade das Lojas Renner no Madureira Shopping, no Rio de Janeiro (RJ), no sábado (12), e acredita que a acusação se deu por ela ser negra, segundo contou em entrevista para Universa. Ela afirma que uma das funcionárias da loja a abordou enquanto ela se dirigia ao provador, empurrando-a e puxando sua bolsa.
"Ela já veio passando na minha frente e me empurrando para dentro da cabine, bem agressiva, gritando, dizendo que eu tinha roubado, que eu estava com várias peças da loja dentro da bolsa, sendo que eu não tinha nada", afirma Awdrey, que também relata que a funcionária jogou sua bolsa no chão e tirou os seus pertences.
"Dentro da bolsa tinha um casaco meu bem antigo da Radley, uma marca que nem tem na loja, mas ela disse que eu tinha roubado aquele casaco e gritava comigo o tempo todo", conta Awdrey.
O momento foi filmado por Juliana Costa, prima que a acompanhava no shopping, e compartilhado no Twitter.
Segundo Awdrey, quando a funcionária percebeu que estava sendo filmada, ainda com o casaco na mão, mudou o discurso e disse que estava indo entregar a placa indicativa do número de peças que a secretária havia levado para o provador.
"Aí chegou a gerente da loja mandando ela sair, mandando ela ir embora, e todo mundo começou a gritar falando que tinha sido preconceituosa", afirma. "Ela foi preconceituosa sim, só veio até mim porque eu sou negra, porque tinha outras pessoas brancas com bolsas no provador e ela não fez nada disso."
A polícia foi chamada, e a gerente tentou conversar com Awdrey, afirmando que a situação havia sido "uma coisa mínima". "Ela pedia calma o tempo todo, pedia para não causar tumulto na loja e disse que não tinha necessidade de chamar a polícia. Depois, a supervisora chegou e me deu um suporte melhor", afirma a secretária.
Apesar de considerar que a situação tenha ocorrido por motivação racial, Awdrey afirma que no 29º DP, onde ela registrou um boletim de ocorrência, o caso foi caracterizado apenas como constrangimento. "Eles não registraram como racismo. O policial que foi até lá disse que aquilo tudo era um circo, uma palhaçada, e me deu todo o suporte", afirma.
Em nota enviada a Universa, a Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro afirmou que "os agentes ouvem testemunhas e realizam outras diligências para esclarecer as circunstâncias do fato."
Ela destaca o constrangimento causado pela abordagem. "No momento fiquei com muita vergonha, porque todo mundo estava me olhando. Eu nunca pensei que isso fosse acontecer comigo", afirma ela.
"Estou muito abalada e chateada. Sofro de psoríase, que é uma doença autoimune, e estou toda atacada, cheia de bolinhas, minha pele está ficando em carne viva", afirma.
O que diz a Renner
Em nota enviada a Universa, as Lojas Renner afirmaram que o episódio é "inaceitável" e que a funcionária foi demitida da companhia. Além disso, a empresa também disse que a abordagem foi "totalmente inadequada e não está alinhada aos valores da Lojas Renner".
"A empresa não tolera racismo ou qualquer tipo de preconceito e discriminação", diz a nota, que destaca uma "atuação imediata na loja em questão, com o objetivo de garantir que o respeito e a equidade sejam aplicados em todas as nossas relações".
"Continuaremos empenhados em avançar na conscientização de nossos times e no aprimoramento de nossos processos. Reforçamos que temos uma política de direitos humanos, além de um Código de Conduta e um programa de diversidade que buscam promover a inclusão, o que passa pela sensibilização e capacitação constante das nossas equipes", afirmou as Lojas Renner.
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