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'Senti cólicas muito fortes, fui ao médico e descobri gravidez de 8 meses'

Marcelle Lopes, 19 anos, já é mãe de uma menina - Arquivo Pessoal
Marcelle Lopes, 19 anos, já é mãe de uma menina Imagem: Arquivo Pessoal

Hysa Conrado

De Universa, em São Paulo

13/11/2022 12h46

Imagine estar grávida de oito meses e não notar quase nada de diferente no corpo. Esta é a história da trancista Marcelle Lopes, 19 anos, que só se deu conta de que algo estava acontecendo há algumas semanas, quando sua menstruação atrasou pela primeira vez durante todo esse período.

"A minha barriga estava ficando muito inchada, mas, como eu tenho prisão de ventre, pensei que poderia ser isso. Até então, eu não tive enjoos nem nada que pudesse me levar a suspeitar que era uma gravidez", contou ela para Universa. Ao notar o atraso no ciclo menstrual, ela fez um teste de farmácia por incentivo da sogra, que estranhou o inchaço, mas o resultado foi negativo.

Com o fim da desconfiança de uma possível gestação, a menstruação desregulada passou a preocupar Marcelle por outros motivos: ela estava sentindo cólicas com frequência e a barriga começou a pesar de um lado.

"Passei a sentir muita dor do lado que a criança está, e aí eu corri para fazer um ultrassom, porque, se não fosse gravidez, seria outra coisa grave", afirma ela. "Eu imaginei que poderia ser qualquer coisa, menos que estava grávida, porque eu não senti nada, nem a criança mexer."

O exame, no entanto, não revelou nenhum problema de saúde, e, sim, que ela está grávida de oito meses, o que chocou até o médico. "Ele me disse que se eu demorasse mais um pouquinho [para procurar atendimento], ia chegar lá só para parir", afirma Marcelle, que já é mãe de uma menina de 1 ano e 9 meses.

"Agora é correr atrás das coisas e cuidar com muito amor e carinho do bebê. Todo mundo da minha família reagiu numa boa", disse a trancista.

Gravidez oculta ou silenciosa

Segundo Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio Libanês e do Albert Einstein, em São Paulo, casos como o de Marcelle não são comuns porque, no geral, o atraso menstrual acontece no início da gestação. Além disso, o crescimento da barriga não costuma passar despercebido depois do sexto mês.

"Com cinco ou seis meses, a gestante passa a sentir alguma coisa se mexendo dentro dela, é muito difícil não perceber os sinais de que está grávida", afirma o médico.

No entanto, o especialista destaca que há casos em que a gravidez pode permanecer oculta, ou silenciosa, como também é descrita. Mulheres que têm ovário policístico, por exemplo, podem apresentar ciclos menstruais irregulares, o que dificulta que sintomas comuns da gestação sejam identificados.

"Existe também a situação de mulheres muito obesas que, eventualmente, acabam não percebendo o crescimento uterino e o movimento fetal dentro do útero. E essas pacientes, geralmente, têm ovário policístico. Por isso, estão acostumadas a não ter sangramento menstrual rotineiro", explica Pupo.

O especialista ressalta que, via de regra, a gestação oculta acaba ocorrendo por um fator psicológico de negação, ou de falta de informação sobre a gravidez.

"A paciente não percebe o que está acontecendo, e as pessoas no entorno também não têm condições de dar informações adequadas. Mas a maior parte das vezes é a negação ou a necessidade de esconder o fato", afirma.