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Inspiração de Janja, Eva Perón foi figura importante no governo do marido

Eva Perón trajando roupas de festa: ela era queridinha de grandes estilistas - Mundo Educação
Eva Perón trajando roupas de festa: ela era queridinha de grandes estilistas Imagem: Mundo Educação

De Universa, no Rio de Janeiro

14/11/2022 15h26

Na sua primeira entrevista para a televisão após eleição de Lula, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, afirmou ao "Fantástico" que duas primeiras-damas a inspiram: a argentina Eva Perón (1919-1952) e a americana Michelle Obama.

Coincidentemente, Janja, 56 anos, foi comparada a Evita —como a argentina era conhecida— recentemente devido ao seu protagonismo na campanha e na agenda de Lula (PT), com quem está casada há 5 meses.

Isso porque a ex-primeira-dama da Argentina também teve importante influência no primeiro governo do marido, Juan Domingo Perón, entre junho de 1946 e setembro de 1955.

De infância sem pai aos palcos na capital

Morta vítima de um câncer no colo do útero aos 33 anos, em 1952, Eva Perón teve origem humilde e não foi registrada pelo pai, um fazendeiro que possuía outra família e que morreu em 1926 sem ter reconhecido os filhos. Ela tinha como irmãos Juancito, Elisa, Erminda e Blanca.

Na adolescência, deixou a vila rural de Los Toldos, onde nasceu, para seguir a carreira de atriz na capital Buenos Aires, e em 1944 conheceu Perón, então secretário do Trabalho e da Segurança Social.

Os dois se casaram logo depois e, em 1946, ele foi eleito presidente da Argentina. Eva se tornou primeira-dama com apenas 27 anos.

Nos seis anos seguintes, Evita defendeu direitos trabalhistas e o sufrágio feminino. Além de comandar os ministérios do Trabalho e da Saúde, ela também fundou e dirigiu a Fundação Eva Perón e o primeiro partido político feminino de grande porte da Argentina, o Partido Peronista Feminino.

"Defensora dos vulneráveis" e "chefa espiritual na nação" eram títulos atribuídos a Eva.

Fez história com seus famosos discursos da sacada da Casa Rosada, de onde trabalha o presidente daquele país. E ficou conhecida pelo estilo marcante, com seu inconfundível coque, além de joias brilhantes e trajes da alta-costura de Christian Dior, Marcel Rochas e Pierre Balmain.

Corpo 'sequestrado'

Quando morreu, há 70 anos, 2 milhões de pessoas foram às ruas para acompanhar a passagem de seu caixão. Seu velório durou duas semanas.

Perón queria que sua segunda mulher fosse embalsamada e que seus restos mortais descansassem no Monumento ao Descamisado, um mausoléu faraônico que seria construído especialmente para Evita.

A conservação do corpo foi confiada ao prestigiado anatomista espanhol Pedro Ara, que começou a tarefa poucas horas depois da sua morte. No entanto, transformar Evita em "uma estátua" —como Ara registrou em suas memórias— levaria muitos meses.

Até que, em 1955, três anos após a morte de Evita, Perón foi derrubado por um golpe militar durante a chamada Revolução Libertadora, que proibiu o peronismo por quase duas décadas.

O presidente deposto fugiu para o exílio, onde permaneceu por quase 20 anos, mas o corpo de Evita permaneceu sob os cuidados de Ara.

O medo de que os peronistas tentassem roubar o corpo para "usá-lo como uma tocha e incendiar o país" levou os militares a sequestrarem o corpo de Evita e escondê-lo num cemitério da Itália. Lá, ela passou 14 anos enterrada sob uma lápide falsa.

Seus restos mortais foram devolvidos aos Duartes, a família da ex-primeira-dama, na década de 1970, e enterrados sob rígidas normas de segurança no mausoléu da família na Recoleta, onde já estavam sua mãe e seu irmão Juan.

No cinema, foi interpretada por Madonna, no filme "Evita", de 1996.