Será que está na hora de abrir o seu relacionamento?
Semana passada, o ator Igor Rickli, 38, e a cantora Aline Wirley, 40, assumiram publicamente que são bissexuais e que vivem um casamento aberto. Juntos há sete anos, o casal publicou um relato no Instagram no qual descreveram a relação como "sincera, aberta e respeitosa", e afirmaram entender o sexo "pelo viés da saúde e não do erótico".
Com uma geração mais livre, a monogamia que antes parecia ser a única opção, hoje cede espaço para novas conexões, permitindo a convivência com mais de uma pessoa ao mesmo tempo - desde que todos concordem, é claro! Também chamado de poliamor, o relacionamento aberto pode até parecer tentador, mas pede certos cuidados.
Para a psicóloga clínica Liliana Seger, a decisão de abrir a relação precisa ser muito bem pensada e avaliada, sobretudo visando entender se esse é um desejo de ambos. Isso porque, segundo ela, em boa parte dos casos, a abertura costuma ser resultado de uma pressão masculina, que exige, por exemplo, que a terceira pessoa seja outra mulher.
Como consequência, a parceira acaba topando, mesmo sem ver sentido naquilo, pensando apenas em não perder o relacionamento.
A sexóloga Jessica Hintz explica que existem diversas configurações dentro de uma relação aberta. O casal pode acordar em ficar com outra(s) pessoa(s) apenas quando estiverem juntos ou, então, permitir que cada um conviva com um terceiro isoladamente, desde que a prática não interfira na relação atual.
Para chegar à melhor decisão, pode não ser tão fácil, já que não existem sinais claros que indiquem o caminho certo. Nesse sentido, a sexóloga esclarece ser necessário haver um desejo genuíno de ambos ou, pelo menos, que exista a vontade de um, mas o outro concorde com a ideia.
"Tem pessoas que usam o relacionamento aberto como último recurso para 'salvar' uma relação, porque estão cansadas de serem traídas, por exemplo, ou por insistência do par. Quando isso acontece, não tem como dar certo", frisa.
Prós e contras
Ao pesar na balança as vantagens e desvantagens do poliamor, alguns pontos se sobressaem. De acordo com Jessica, o principal benefício costuma ser a liberdade de conhecer e se relacionar com pessoas novas - sexualmente ou não.
"Por outro lado, esse é um modelo de relacionamento que requer muita conexão e diálogo entre o casal, para que não discutam por pequenas coisas. É preciso estar bem alinhado com o par", pontua a sexóloga.
Assim, os prejuízos do poliamor podem não ser tão claros, já que vão depender do que cada casal combinou intimamente, como ressalta a terapeuta de casais Sirlene Ferreira. A indicação da profissional é que cada caso - e seus combinados - sejam avaliados para entender os contras.
Outra questão: não adianta culpar o sexo pela vontade de abrir a relação. Isso porque, se o único motivo para pensar nisso for a questão sexual, Jéssica argumenta que existem outras opções para saciar a vontade pelo novo, como uma casa de swing, a possibilidade de convidar uma terceira pessoa, frequentar festas de fetiche ou mesmo experimentar sex toys.
"Quando falamos sobre relacionamento aberto, falamos sobre nos relacionarmos afetivamente com outras pessoas. Isso não significa, necessariamente, envolvimento emocional, mas não é apenas sobre sexo", destaca a sexóloga.
Seja como for, devem existir limites
Balizar até onde cada um pode ir e o que não é aceito é primordial para que o relacionamento aberto funcione. Apesar disso, não há regras padrões, nem mesmo um manual: tudo depende do que cada pessoa e cada casal estão dispostos a tentar e entendem como importante.
Ainda assim, Liliana garante que uma regrinha é essencial: não ultrapassar os limites do outro, sejam quais forem. "Quando essas pessoas vão trocando os casais, abrindo a relação e tendo experiências novas, se isso for, de fato, um desejo sincero dos dois, não há problema. O duro é quando não se respeita o limite do outro", observa a psicóloga.
Abrir ou terminar?
Investir no poliamor para tentar salvar a relação é um erro. Diante da possibilidade de permitir novas experiências ou terminar a convivência ruim, o primeiro passo é entender que uma coisa nada tem a ver com a outra.
"Abrir ou fechar uma relação não são sinônimos. Abrir é se permitirem a um relacionamento com mais possibilidades, terem outras pessoas dentro desse contexto. Já terminar é não querer continuar vivendo a dois. São situações completamente distintas", comenta a terapeuta Sirlene.
Já para a psicóloga Liliana, a motivação para mudar as regras não está ligada, obrigatoriamente, à constatação de uma relação ruim, mas em realizar um desejo, em querer novidades e experiências novas.
"Quando a relação não vai bem, não adianta começar a colocar novas possibilidades, porque o que está ruim tende a aparecer mais", opina. Assim, se existe um problema e/ou um dos parceiros não está mais feliz, é hora de conversar.
Se o diálogo caseiro não adiantar ou trouxer mudanças significativas, a terapia de casal pode ser uma alternativa de ajuda, mostrando ao par como é a melhor maneira de lidar com o cenário daquele momento.
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