'Por que não adota?' e mais frases que tentantes ouvem e você deve evitar
Após a decisão pela maternidade, no caminho atrás do positivo no exame de gravidez, algumas mulheres levam mais tempo do que outras. As chamadas "tentantes" se veem como alvo de comentários incômodos e desnecessários - para não dizer, agressivos. Tais frases, muitas vezes, partem de gente próxima, que deveria entender o momento que cada uma vivencia.
Entre um pitaco e outro, essas mulheres acabam sentindo a dor de uma maternidade que ainda nem começou. Para que outras tentantes não sejam vítimas de opiniões indesejadas, conversamos com quem passou (ou ainda passa) por situações do gênero.
A seguir, elas revelam o que não gostariam de ter ouvido em suas jornadas pessoais.
"Viu que fulana engravidou rapidinho?"
Bruna Conde, cirurgiã-dentista paulista, de 35 anos, lutou um bom tempo contra a endometriose até conseguir gestar sua filha Bia, atualmente com 7 meses. Ouviu várias palavras duras, mas uma das que a incomodou bastante foi a comparação indireta com uma colega.
"Comparar com alguma mulher que engravidou de forma rápida e certeira é um dos piores comentários que podem ser feitos, pois as pessoas esquecem que cada mulher é única e responde de uma forma diferente", diz.
"Continua transando que uma hora vai"
A intimidade do casal não deve (ou deveria) ser assunto alheio, sobretudo tema de intromissões desnecessárias. "Até parece que só ter relação sexual com maior frequência possibilitará uma gravidez de forma efetiva. A saúde da mulher e do homem precisa estar em dia. As pessoas esquecem disso", fala Bruna Conde.
"Tenha paciência! Vai ser no tempo de Deus"
Antes de dar à luz Laura, a fisioterapeuta Elisângela Santos, 43 anos, de Fortaleza, ouvia que precisava ser paciente e confiar no tempo e nos planos divinos.
Na verdade, a demora em gestar também era endometriose e, ao receber o diagnóstico, logo ela fez o tratamento e conseguiu engravidar da filha, hoje com oito anos. "Esse tipo de comentário me incomodava porque a gente fica meio agoniada, ansiosa. E isso só atrapalhava", lembra.
"Talvez você tenha algum problema"
O alvo da frase maldosa foi Daiana Oliveira, 37 anos, assessora de São Paulo, que tentou engravidar durante cinco anos e ainda precisou lidar com a perda do pai durante o período - ela descobriu a gravidez dois dias depois.
"Eu tinha baixa reserva ovariana, fiz tratamento e não engravidei. Quando a gente tem algo que impede essa gravidez de forma rápida, começa a ficar depressiva. Tudo parece estar contra você", diz ela, sobre a observação feita por uma tia.
"Se não puder ter filho, é só adotar um"
"Nada contra a adoção, mas o meu desejo era engravidar, viver a experiência de gerar uma vida", relata Daiana, que engravidou naturalmente após alguns tratamentos hormonais e hoje é mãe de Antonella, quase 3 anos.
"Quando parar de pensar, engravida"
Daiana ouviu esse comentário de uma 'amiga'. O pitaco foi tão incômodo (somado à reação nula diante da notícia de gravidez), que ela decidiu se afastar da pessoa.
"É muito difícil, quando você quer muito alguma coisa, não pensar nela. Eu pensava na minha gestação, nos nomes, e não aceitava que isso fosse me impedir de engravidar. Senti falta de empatia, principalmente vindo de outra mulher", relembra.
"Por que vocês não desistem?"
A advogada Helga Viana, 44 anos, de Belo Horizonte, se submeteu a diversos tratamentos para engravidar, durante sete anos. Hoje, ela e o marido são pais de Beatriz, sete meses. Mas, durante o processo, foram encorajados a desistir. "Quem está tentando engravidar quer ter esperança, quer apoio dos amigos e da família e não ouvir coisas negativas dessas pessoas", ressalta.
"Vocês são doidos de gastar tanto dinheiro"
"Considero importante, para o casal, esgotar todas as possibilidades de tratamento disponíveis. Se não tivéssemos conseguido engravidar, hoje estaríamos pelo menos mais aliviados por saber que tentamos. Para nós, correr atrás do nosso sonho era mais importante do que viajar ou trocar de carro", desabafa Helga.
"É nisso que dá deixar para os 40 anos"
O pitaco foi ouvido pela professora Rebeca Lima (nome alterado a pedido da entrevistada), 44 anos, de Fortaleza, durante suas tentativas naturais para engravidar devido à idade. Quando sabiam que ela era tentante, logo perguntavam sua idade e comentavam: "E só agora está tentando engravidar? As mulheres estão deixando para ter filhos tarde, é nisso que dá", conta, ainda lamentando ter sido alvo de tais pitacos.
"Tem que engravidar logo, antes que a idade dificulte"
Rebeca Lima* ouviu isso da própria ginecologista que a acompanhava, quando tinha 36 anos. "Ela começou a me pressionar direto e isso me incomodava porque eu não me sentia preparada. Numa outra ocasião, ela disse que me daria só uma caixinha de anticoncepcional porque eu 'tinha' que engravidar rapidamente", cita.
"Você está no limite, né?"
O etarismo também acompanhou as tentativas da produtora cultural Mirna Sousa, 47 anos, de Fortaleza. Para ser mãe da Maria Flor, 6 anos, ela enfrentou comentários sobre sua idade na época, inclusive tendo de ouvir, repetidas vezes, os riscos que a gravidez tardia poderia trazer à filha. "Então, de certa forma, isso era psicologicamente ruim", lembra.
"Pode vir com complicação, deficiência"
Era esse tipo de comentário que Mirna ouvia o tempo todo - e tais "avisos" em tons maldosos levavam a produtora a ficar preocupada. "Quando eu escutava isso, eu não só me incomodava, mas ficava preocupada. Era como se a minha gestação já fosse trazer uma criança com deficiência", compartilha.
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