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Meu Cabelo Tem História

Juliana Franceschi: 'Erro das cacheadas é não saber quais produtos comprar'

Ana Bardella

Colaboração para Universa, em São Paulo

18/11/2022 04h00

Há cinco anos, a jornalista Juliana Franceschi passava por uma transição conturbada: não só do cabelo alisado quimicamente para o cacheado, mas também de carreira e de vida. Acostumada a cumprir as exigências feitas pelas emissoras de TV pelas quais passou, ela vivia em guerra com a balança e com o próprio cabelo, que começou a modificar ainda na infância, aos oito anos.

Foi depois de ferir o couro cabeludo ao fazer uma progressiva —situação que ocorreu por causa do lúpus, uma doença autoimune— que decidiu parar com as químicas e assumir os fios naturais. "Sempre fui curiosa, então quando entrei no universo das cacheadas, quis entender a fundo sobre cabelo. Comecei a ler pesquisas científicas, estudar sobre os princípios ativos e reunir todas as informações para chegar até o cacheado dos sonhos", conta.

Mas o processo não foi fácil: ela esperou a raiz crescer, em média, sete dedos. Depois radicalizou e saiu do longo para o curto. Estranhando a mudança, tentou colocar tranças no estilo box braids, mas não suportou o peso delas e teve uma reação alérgica. Cansada das mudanças, assumiu o novo comprimento e sentiu o impacto na autoestima. "Sempre dependi do cabelo para aprovação de outras pessoas. Me senti dona de mim", relembra.

Essa revolução reverberou também na carreira. Na mesma época, a jornalista pediu demissão e passou a trabalhar com produção de conteúdo digital.

"Criei um curso para ensinar tudo sobre cabelo natural"

Nos bastidores da gravação, Juliana conta que criou um curso online porque sentiu a necessidade de difundir o acesso às informações sobre os cuidados com os cabelos ondulados, cacheados e crespos. "Minha vontade é que qualquer pessoa possa atingir aquele resultado bem definido, macio, bem tratado", garante.

E qual o principal erro dos iniciantes no assunto? Na sua visão, a confusão entre os produtos disponíveis no mercado. "Antes, não tínhamos produtos adequados para os cabelos cacheados. Então muitas pessoas não sabem a diferença entre o que é liberado ou não, da técnica que também é conhecia como low e no poo", afirma.

"Os liberados são quimicamente mais leves: sem sulfato, petrolato e silicone. Normalmente eles ajudam da definição dos fios. É possível intercalar os ciclos e usar os dois tipos de produto? Sim, mas quase ninguém sabe fazer isso. Esse é um dos erros mais graves, porque impacta na saúde do couro cabeludo. Como resultado, o cabelo não cresce, fica opaco, poroso e não finaliza bem", comenta.

Juliana Franceschi aprendeu 12 tipos de finalizações após fazer a transição capilar  - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
Juliana Franceschi aprendeu 12 tipos de finalizações após fazer a transição capilar
Imagem: Mariana Pekin/UOL

Além de orientar os alunos sobre como escolher os melhores produtos, Juliana também ensina 12 tipos diferentes de finalização. "Mas confesso que a minha preferida é uma das mais simples, que eu chamo de preguiçosa. Jogo o cabelo para frente, passo um creme de pentear bem levinho e uma quantidade pequena de gelatina. Isso dá bastante volume e garante um day after perfeito", diz.

"Uma aluna, enfermeira, pediu à diretoria do hospital toucas maiores para comportar os cachos"

Quando questionada sobre as alunas do curso, Juliana tem diversas histórias emocionantes para contar. "Elas sempre me escrevem. Já ouvi histórias de mulheres que se empoderaram e mudaram de marido, de outras que aprenderam a cuidar do cabelo dos filhos. São todas inspiradoras", diz.

Porém, a que mais considera marcante foi a de uma enfermeira que, após concluir as aulas, comunicou ao hospital a importância de fornecerem uma touca maior, para que comportasse os cabelos cacheados, longos e crespos das colegas. "Fiquei arrepiada. Não é só sobre cabelo, é sobre autoestima, conexão, verdade e possibilidade de florescer, de se libertar", comenta.

"Tento explicar para as cacheadas que o frizz é um amigo. Não precisa ser combatido"

Apesar de ser considerado um problema por muitas pessoas, a jornalista sugere uma mudança de pensamento em relação ao frizz. "Ele é seu amigo. Para quem tem pouco cabelo, ele ajuda a dar volume. Já para quem gosta de definição no dia depois da lavagem, ele ajuda a segurar esse efeito por mais tempo", aponta. Por isso, incentiva a fazer um treinamento de olhar, para diminuir o incômodo em relação ao arrepiado.

"Se ainda assim não funcionar, existem alguns truques que podem ser usados. Fazer um coque abacaxi pode ser uma boa opção. Usar pomada e fazer um baby hair também. Mas, se a ideia é fazer algo mais prático, só o uso de uma tiara já pode proporcionar essa sensação de estar com o cabelo mais aprumado, alinhado", indica.

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