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Prótese nos seios pode estourar? 7 mitos e verdades sobre o silicone

Silicone pode atrapalhar amamentação? Especialistas respondem dúvidas - Getty Images
Silicone pode atrapalhar amamentação? Especialistas respondem dúvidas Imagem: Getty Images

Thalita Peres

Colaboração para Universa, em São Paulo

19/11/2022 04h00

O implante de próteses mamárias é a segunda cirurgia plástica mais realizada no Brasil, perdendo apenas para a lipoaspiração. De acordo com estudos divulgados pelas Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps) e Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), mais de 1,5 milhão de procedimentos estéticos são feitos no país, sendo que 319 mil próteses de silicone são colocadas anualmente por aqui. Esse dado faz com que o Brasil fique atrás apenas dos Estados Unidos no ranking internacional das cirurgias plásticas.

Com tanta procura pelo procedimento estético, é comum que as pessoas que buscam colocar silicone tenham dúvidas e, até mesmo, acreditem em mentiras sobre o assunto. A mama pode cair? Atrapalha na mamografia? Há risco de a prótese estourar? Para elucidar essas e outras dúvidas, a médica ginecologista e obstetra Viviane Monteiro e o médico cirurgião plástico Paolo Rubez comentam sete mitos e verdades sobre o implante de próteses mamárias.

1. As próteses de silicone podem estourar?

Sim. "No Brasil há menos chances de acontecer do que em outros países, como os Estados Unidos, que trabalham com as próteses mais salinas, infladas por soro fisiológico, por exemplo. Aqui são próteses texturizadas, sem conteúdo líquido; mesmo assim, elas podem se romper e extravasar o material no tecido mamário", alerta a ginecologista e obstetra Viviane Monteiro.

"Quando isso acontece, a mulher pode sentir que uma das mamas está diferente da outra, tanto na consistência, quanto no formato. Não se trata de nenhuma urgência médica e a paciente deve procurar um cirurgião plástico para avaliação e para programar a troca das próteses", explica o cirurgião plástico Paolo Rubez.

2. As próteses de silicone podem atrapalhar ou explodir durante o exame de mamografia?

Não. "Mesmo que haja uma compressão em alguns sentidos durante o exame, ele não estoura e não rompe a prótese", diz Viviane.

"As próteses de silicone não interferem na realização dos exames de imagem e nem no diagnóstico de eventuais patologias das mamas. Respeitando os primeiros meses de pós-operatório, a paciente vai poder realizar todos os exames sem limitações e sem riscos às próteses", afirma Rubez.

3. As próteses podem atrapalhar a amamentação?

Não. "As próteses não interferem na amamentação, independentemente se estiver abaixo ou acima do músculo, pois, em qualquer dessas situações, ela estará abaixo da glândula mamária e não vai atrapalhar a produção do leite e nem o seu trajeto", explica Rubez.

"O que pode interferir é se tem lesão de ducto mamário, na via por onde é colocada a prótese", completa a ginecologista.

"O ideal é que a mulher aguarde pelo menos seis meses após a cirurgia para engravidar, para que a cicatrização já esteja completa", indica o cirurgião plástico.

4. Existe idade certa para se colocar próteses mamárias?

Sim. "Pedimos que já tenha o desenvolvimento final das mamas, que não seja no período de adolescência, se possível após os 19 anos", pontua a médica ginecologista e obstetra.

5. É preciso trocar as próteses de silicone a cada 10 anos?

Mitos e Verdades sobre o silicone - Getty Images - Getty Images
Se não houver contratura, não é necessária a troca dos implantes
Imagem: Getty Images

Não. "Isso é coisa do passado. Não indicamos a troca se não for necessário. A não ser que tenha havido ruptura, se for lote com recall, encapsulamento mais grave?", diz a ginecologista.

"É importante esclarecer que não existem próteses definitivas, por mais que a qualidade dos implantes tenha evoluído muito. O principal motivo para isso é a contratura capsular. Quando colocamos uma prótese no organismo, não só as de mama, como também marca-passos, o organismo identifica como um corpo estranho e desenvolve ao seu redor uma cápsula que funciona como uma defesa", diz.

"Com o passar dos anos, a cápsula se torna mais enrijecida, podendo gerar dor, distorções nas mamas e a consistência mais endurecida, o que chamamos de contratura capsular. Quando a contratura atinge graus mais avançados está indicada a troca das próteses para a retirada também desta cápsula", explica o médico.

Segundo ele, o processo, em geral, leva mais de 10 anos para ocorrer, sendo que pacientes com mais tempo de prótese não têm a contratura. Portanto, se mesmo com mais de 10 anos de prótese não houver contratura, não é necessária a troca dos implantes, a não ser por motivos estéticos.

6. As mamas podem cair com as próteses de silicone?

Mitos e Verdades sobre o silicone - Getty Images - Getty Images
Especialistas comentam mitos e verdades sobre o silicone
Imagem: Getty Images

Não. "Outro ponto importante a ser esclarecido é que as próteses de mama não têm o papel de 'levantar' as mamas. As próteses dão volume e formato para as mamas. Uma mama caída e com flacidez não tem a indicação simplesmente de colocação de prótese para tratamento. O indicado nesses casos é a mastopexia, cirurgia realizada para retirar o excesso de pele e glândula mamária e reposicionamento das aréolas, o que pode ser feito associado à inclusão de próteses ou não", diz o cirurgião.

"Além disso, o fato de ter as próteses não evita que uma mama caia com o tempo; pelo contrário, o peso da prótese pode até acelerar o processo. Portanto, o que faz as mamas caírem com o tempo é a flacidez dos tecidos e o peso/gravidade, fatores que não são evitados pela presença das próteses", analisa Rubez.

7. As próteses de mama podem causar câncer?

Não. "Ainda não há na literatura uma comprovação científica definitiva de que os implantes causem algum tipo de câncer nas mamas. A incidência de determinados tipos de câncer nas mamas é semelhante na população que tem ou não próteses. Portanto, é necessário mais estudo para se comprovar essa associação e pacientes que têm próteses devem seguir o rastreamento padrão de exames para prevenção do câncer", finaliza o cirurgião plástico Paolo Rubez.