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Mulher de meio-campista da seleção: 'Só a gente sabe o quanto foi difícil'

O meio-campista Bruno Guimarães, Ana Lídia e o filho do casal, Matteo - Reprodução/Instagram
O meio-campista Bruno Guimarães, Ana Lídia e o filho do casal, Matteo Imagem: Reprodução/Instagram

De Universa, em São Paulo

19/11/2022 04h00

O meio-campista da seleção brasileira Bruno Guimarães estava sentado no sofá da sala ao lado de sua mulher, Ana Lídia, e com o filho Matteo, que tinha menos de 20 dias, quando Tite anunciou seu nome entre os 26 jogadores que vão representar o Brasil na Copa do Qatar. Aos 25 anos, essa é a primeira vez que Bruno participará de uma Copa do Mundo.

"Estávamos sonhando com a convocação. Pelo retrospecto, como ele tinha sido chamado nas últimas partidas, tínhamos esperança, mas só descobrimos naquela hora. Tem sempre aquele medo de não acontecer", diz Ana Lídia em entrevista a Universa.

A nutricionista Ana Lídia, o jogador Bruno e o filho do casal não assistiram à convocação do Tite sozinhos. Com eles estavam os pais do atleta, além do empresário, o fisioterapeuta, a sogra e a prima de Ana Lídia. "Me lembro de ouvir o nome dele e me dá vontade de chorar. Só a gente sabe o quão difícil foi esse caminho. Quando eu conheci o Bruno ele já tinha sido convocado para a seleção olímpica, mas dizia que o maior sonho da vida dele era a principal. Eu acompanhei tudo isso", conta ela. "Tiramos um peso das costas."

A ansiedade do casal estava muito alta para ouvir os nomes selecionados por Tite, mas depois de vê-lo entre os 26, só resta agradecer. "Conversamos muito antes, porque estávamos ansiosos. Mas depois a gente só consegue agradecer. Deus tem sido muito bom com a gente. Nossa vida mudou absurdamente quando chegamos na Inglaterra. O que era ótimo, deu uma guinada. O Bruno só agradece", diz. Ele é jogador do Newcastle United desde janeiro deste ano.

Ana Lídia não sabe como será a concentração para a Copa do Mundo, mas, acostumada com a rotina do marido, acredita que eles vão conseguir se falar todos os dias enquanto ele se prepara. Difícil mesmo será vê-lo em campo. Com um recém-nascido em casa, ela vai precisar fazer um bate e volta para o Qatar.

"A princípio, vou ficar a maior parte do tempo em nossa casa. Estou planejando ir assistir, pelo menos, um jogo da primeira fase. Se Deus quiser, volto para a final. Estou torcendo para isso", conta.

Vida de casal

Bruno e a nutricionista, formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), estão juntos há três anos. "Eu o conheci quando estava no último ano da faculdade. Morávamos em Curitiba (PR) e ele me disse que tinha a possibilidade de ser vendido para algum time da Europa. Queria que eu viesse junto", conta Ana Lídia. No Brasil, Bruno era jogador do Athletico Paranaense. Mas no começo ela não botou fé nesse desejo e decidiu ficar em sua cidade natal terminando os estudos.

"Eu tinha acabado de conhecê-lo. Continuei na faculdade e amadurecendo a ideia de me mudar para outro país. Namoramos a distância por um ano. Quando terminei meus estudos, fui encontrá-lo na França", conta. Na época, Bruno jogava no Lyon. Para acompanhá-lo, Ana Lídia precisaria deixar a sua profissão.

"Acho que foi tranquilo porque eu não tinha uma carreira estabelecida. Precisava começar minha vida profissional ainda. Mas é uma renúncia gigantesca, pois você abre mão da sua vida para ajudar o outro a crescer e realizar os sonhos. Mas quando tem reciprocidade, como é meu caso, vale a pena", diz Ana Lídia.

Mesmo em outro país, ela garante que Bruno sempre a apoiou a continuar os estudos e fazer aquilo que ela quisesse. "Ele me apoia em tudo que faço. Estava na pós-graduação, mas parei quando engravidei", diz.

Maternidade x rotina do futebol

Pais de primeira viagem, Bruno e Ana Lídia contaram com uma rede de apoio para receber Matteo, que chegou ao mundo no dia 21 de outubro. O nome foi escolhido em uma aposta: Ana Lídia sempre quis ser mãe de menino e Bruno, de menina. Quem ganhasse na roleta da vida, batizaria o bebê.

"Se fosse menina seria Georgina, nome da avó paterna de Bruno. E menino, Matteo, porque sempre gostei. No fim, eu achava que seria uma menina e o Bruno, um menino", conta.

Receber um bebê em casa pela primeira vez não é fácil, ainda mais com a rotina de um jogador. A ajuda da família do casal fez toda a diferença. "Tenho minha mãe, prima e sogros comigo. Eles ajudam a gente pra caramba. O Bruno também é bem participativo, mesmo com a profissão dele. Não tenho nem o que falar da nossa família. O que eles fazem pela gente não existe", diz a nutricionista.

Filho único, Bruno nunca tinha convivido com bebês. "Ficamos perdidos no começo, a gente se desespera. Se a nossa família não estivesse aqui seria 10 vezes mais difícil", conta.

E, apesar de o pai ser referência com a chuteira no pé, não há pressão para a escolha da carreira de Matteo.

"Nosso sonho é que ele possa fazer o que quiser. Se for jogador ou bailarino, vamos apoiar. Vai da vontade dele. Mas Matteo vai crescer no meio do futebol. Aqui em casa, é futebol 24 horas por dia. Até eu, que não gostava, aprendi a gostar", conta, rindo, Ana Lídia.