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Renata Silveira é 1ª mulher a narrar a Copa em TV aberta: 'Muito especial'

Renata Silveira se torna a primeira mulher a narrar um jogo de Copa do Mundo na TV aberta - Reprodução/Instagram
Renata Silveira se torna a primeira mulher a narrar um jogo de Copa do Mundo na TV aberta Imagem: Reprodução/Instagram

De Universa, em São Paulo

22/11/2022 13h04

Hoje foi um dia histórico para as mulheres que trabalham no jornalismo esportivo. Renata Silveira se tornou a primeira mulher a narrar uma Copa do Mundo em TV aberta, na partida entre Dinamarca e Tunísia. Sua carreira na área começou em 2014, quando ela ganhou um concurso da Rádio Globo.

"Sempre fui apaixonada por futebol, desde pequena meu pai me levava ao estádio. Mas trabalhar com isso não era um sonho -muito pelo fato de eu nunca ter visto uma mulher narrando. Quando a Rádio Globo lançou o concurso, comecei a ver essa possibilidade. Foi onde tudo começou. Era uma coisa supernova, e as pessoas estranhavam muito", disse em entrevista para Universa em fevereiro deste ano.

A carreira de Renata é cheia de momentos históricos. Ela foi a primeira mulher no comando de uma transmissão de futebol da TV Globo, ao narrar a primeira semifinal da Supercopa Feminina e era a voz do jogo entre Dinamarca e Finlândia, na Eurocopa, quando Christian Eriksen teve uma parada cardíaca em campo - que está mais uma vez em uma partida comandada por Renata.

Pelo Instagram, ela gravou um vídeo com a legenda "vai ser lindo" e agradeceu todas as mensagens de apoio que está recebendo por essa conquista. "Vai ser muito especial. Vou me tornar a primeira mulher a narrar um jogo de Copa do Mundo na TV aberta", disse.

Preconceito com mulheres no esporte

Durante o Campeonato Brasileiro, um vídeo publicado por Renata em suas redes sociais viralizou. Nele, um torcedor do Vasco reclamava de seu trabalho porque, segundo ele, toda vez que Renata narrava, seu time perdia. Em uma virada, a mensagem do mesmo torcedor mudou de tom. Enquanto alguns recados têm esse tom cômico, muitos outros vêm regados de críticas e machismo.

"Infelizmente sim, a cobrança é maior por eu ser mulher. As pessoas desconfiam quando veem uma mulher falando de futebol —e tem machismo dos dois lados, de homem e de mulher. Preciso estar o dobro preparada. O tempo todo, todos os dias, tenho que matar dois leões em cada transmissão. É normal, a gente escutou homem narrar a vida inteira. Mas é preciso ouvir, respeitar e aceitar que aquilo é uma possibilidade", disse. E não é apenas a habilidade profissional de Renata que é frequentemente julgada.

"Recebo muitas mensagens falando sobre a minha voz e a minha aparência física, até quando é para elogiar. Faz parte do processo. A gente está desbravando, somos as primeiras a entrar nesse mercado, estamos abrindo essa mata fechada. As pessoas estranham, a sociedade é machista e não aceita. Vão te xingar, falar mal de você, é doloroso. Mas vamos apanhar neste momento para que outras lá na frente vivam diferente", contou.