Topo

Anestesista desligou alarme que monitorava grávida durante estupro gravado

O anestesista Giovanni Quintella Bezerra desligou avisos sonoros de monitoramento de paciente - Reprodução/TV Globo
O anestesista Giovanni Quintella Bezerra desligou avisos sonoros de monitoramento de paciente Imagem: Reprodução/TV Globo

De Universa, em São Paulo

05/12/2022 13h49Atualizada em 05/12/2022 15h34

O anestesista Giovanni Quintella Bezerra, denunciado por estuprar uma mulher durante o parto em São João de Meriti (RJ), foi flagrado por uma câmera de celular desligando aparelhos de monitoramento da paciente — o que poderia indicar obstrução das vias aéreas. O médico foi preso em flagrante em 10 de julho e o julgamento dele começa na próxima segunda-feira (12).

Em um relatório da perícia, exibido ontem no "Fantástico", da TV Globo, e confirmado por Universa, a suspeita é a de que o monitor avisava a queda de saturação de oxigênio da paciente e teria sido desligado para que não fosse detectada a obstrução das vias aéreas da paciente pelo pênis do anestesista.

No documento, a perícia indica que, enquanto a paciente era submetida a uma laqueadura, previamente combinada antes do parto, um alarme sonoro dispara. No momento, ela está sedada após sete aplicações de cetamina e propofol, substâncias que não são indicadas para cesarianas.

Segundo a perícia, os sons podem "corresponder à queda da saturação de oxigênio da paciente, pois além de sedá-la e não ofertar (...) máscara de oxigênio (...) ele ainda introduz o pênis, obstruindo total ou parcialmente sua via aérea". Na sequência, o alarme foi desligado.

Ainda de acordo com o documento, os sedativos utilizados pelo anestesista, além de não serem indicados para a cirurgia, também foram utilizados de forma excessiva. "A quantidade de sedativos utilizados extrapolou o que é habitualmente utilizado em uma cesária", diz o texto.

Antes de violentar a mulher, nas imagens obtidas pelo programa da TV, o anestesiologista testa o reflexo ciliar da paciente, colocando as mãos sobre os olhos. Esse procedimento é utilizado durante anestesias gerais, servindo como parâmetro para que o médico se certifique de que o paciente está realmente inconsciente.

A prisão do médico foi convertida em preventiva após audiência de custódia. A defesa dele pediu que ele aguardasse o julgamento em liberdade, indicando que ele era réu primário, tem endereço físico e não oferece risco à ordem pública. No entanto, a Justiça negou o pedido informando que, além de oferecer risco à ordem pública, ele também é um risco para vítima e testemunhas.