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Marcela Mc Gowan: 'O 1º orgasmo intenso de muitas mulheres é com vibrador'

Marcela Mc Gowan é ginecologista e obstetra e criadora da Ludix, empresa que vende vibradores, velas, lingeries e outros itens eróticos - Divulgação
Marcela Mc Gowan é ginecologista e obstetra e criadora da Ludix, empresa que vende vibradores, velas, lingeries e outros itens eróticos Imagem: Divulgação

Luciana Bugni

Colaboração para Universa

05/12/2022 04h00

Marcela Olmedo Mc Gowan tem 34 anos, mas um currículo tão vasto que parece nova para ter feito tanta coisa. Ela é ginecologista e obstetra, trabalhou em hospital, acompanhou partos, estudou sexualidade, começou a clinicar, namorou gente famosa, entrou no "Big Brother Brasil 2020", foi favorita a ganhar o programa, virou influencer, abriu uma marca de produtos relacionados a sexo e agora é também empresária e está em um namoro estável com uma mulher... Ufa!

Com impressionantes 6 milhões de seguidores no Instagram, tudo em que Marcela se envolve faz barulho. Não por acaso, seu relacionamento com a cantora sertaneja Luiza Martins, que já dura dois anos, sobe o engajamento de seu perfil na rede social a cada postagem com declarações de amor.

Em entrevista a Universa, ela fala sobre como a difusão de assuntos relacionados a sexo e liberação sexual pode melhorar a vida das mulheres. À frente da Ludix, empresa que vende vibradores, velas, lingeries e outros itens eróticos, ela conta que sentia que as pacientes tinham interesse, mas muita vergonha de consumir esse tipo de produto.

Além disso, havia uma preferência pessoal da médica pelo nicho: "Gosto de vibradores com função de sucção, pulsação e vibração e de bullets potentes. Mas também gosto muito de velas. Sou sensorial, tudo que cria esse clima me ajuda demais na construção da sensualidade", diz.

Desde o lançamento da marca, ela considera a fase empresária desafiadora e realizadora. "Vejo a Ludix crescendo e tem sido incrível na construção de quem eu quero ser. Me sinto muito grata de trabalhar com algo que seja tão relevante. Encontrei minha missão de vida: trabalhar com a sexualidade e viver imersa nessa missão. Quero continuar levando esse trabalho a quantas esferas eu puder e ter a possibilidade de chegar cada vez mais longe com isso."

Leia a seguir os principais trechos da conversa.

UNIVERSA - Lá no começo de sua carreira, quais eram as dificuldades no diagnóstico das mulheres que você atendia?
Marcela Mc Gowan - As maiores queixas sempre foram orgasmo e libido e as dificuldades que tínhamos para lidar com isso. Hoje, a questão do orgasmo deu uma melhorada e, apesar de ainda ter gente que finge, se fala mais de masturbação e sobre conhecer o próprio corpo. Falar sobre libido é mais relevante porque o mundo atual atrapalhou a mulher: a pandemia entrou na rotina do casal e acabou com a libido. Por isso, sinto que tivemos uma diminuída nas queixas de orgasmo, mas reclamações sobre a falta de libido aumentaram.

Qual é o ponto positivo em 2022? A gente fala muito dos negativos, mas não dá para negar que avançamos positivamente...
Acho que o melhor aspecto é a difusão desses assuntos em muitos perfis na internet sem tabu, de maneira aberta, chegando a muitas pessoas. Quando comecei a falar sobre isso, não tinha quase ninguém se abrindo sobre esse assunto. As pessoas tinham medo e vergonha. Então, essa liberdade de falar e o protagonismo que se deu ao prazer feminino são os nossos grandes trunfos do ano.

Como surgiu a ideia de comercializar produtos eróticos e criar a Ludix?
A marca surgiu primeiro porque sou uma amante e entusiasta de sex toys, gosto muito de ter objetos assim na minha vida. Comecei a perceber que eu estava sendo contratada para fazer publis desses produtos --eu era requisitada para vender para marcas e era algo que eu poderia fazer por mim.

E também comecei a sentir que, no mercado, começava-se a ter uma visão de que poderíamos ter um atendimento voltado para mulheres, para corpos com vulvas. Mulheres cis consomem bastante e as empresas se preocupavam pouco com esse potencial de compra. Até mesmo a identidade visual tinha um tom proibido, pouco convidativo. Elas tinham vergonha da loja e dos produtos. A Ludix quis tirar desse lugar de vergonha e deixar claro que é legal ter um sex toy. Hoje, atendemos todos os públicos, mulheres trans e homens também.

Você usa os bodies da Ludix no dia a dia, como acessório de moda. Como você vê a liberação da sensualidade feminina à luz do dia?
Eu uso lingerie no dia a dia compondo looks de moda, gosto disso. E acho que a sensualidade feminina à luz do dia sempre existiu, mas era permitida para a mulher ser desejável e servir aos homens uma visão desse corpo. Agora, a gente vive um momento de contemplação de corpos em que as mulheres podem explorar a sensualidade para si mesmas. Vemos a diversidade de corpos e isso me deixa feliz, porque vejo a conexão do sexo feminino, não sendo mais algo que se faz para me adequar ou servir ao outro.

E o quanto você acha que falta para chegarmos a um ponto em que as mulheres sejam realmente livres sexualmente para mostrar sua sensualidade sem julgamentos?
Ainda falta muito para alcançar essa liberdade e ser livre para mostrar seus desejos. A gente se criou em uma lógica em que a mulher é desejável e pouco desejante. Então, temos essa batalha de entender o que queremos e podermos falar disso com liberdade, sem medo do julgamento. A internet ajuda nessa libertação, mas ainda é uma bolha que não alcança todo mundo. Acho que isso só acontecerá nas próximas gerações, com educação sexual. Também é importante ajudar as mulheres mais velhas a desconstruir os conceitos errados que elas aprenderam a vida toda.

O julgamento dos outros ainda atrapalha o reconhecimento da sexualidade da mulher? Como driblar isso?
Atrapalha bastante. Existe um julgamento direto e quem expõe seus desejos acaba recebendo olhares atravessados. Mas o que está implícito nas falas desde muito cedo também confunde. São frases como: "Se você fizer sexo, vai perder seu valor", "Mulher para casar não é assim" --esses pequenos conceitos sociais acabam podando muito a nossa vivência. A gente só entende que não é assim quando percebe por que isso acontece e começa a desconstruir isso em nossa cabeça.

Você já se considerou uma mulher reprimida? Como foi que se libertou?
Fui uma mulher reprimida, sim. Fui vivendo dentro do que foi escrito para mim, dentro das convenções sociais enraizadas, era a princesa que fazia tudo certo. A partir de minha profissão, entendi que havia mulheres diferentes, fui estudando, conhecendo e me libertando de conceitos. E comecei a escrever o que eu realmente queria viver.

Que conselho você daria para mulheres que ainda se sentem reprimidas sexualmente?
Estudem, leiam, consumam conteúdos e principalmente mergulhem em si mesmas. É importante se perguntar se você vive o que gostaria, saber os desejos, interesses, o que você quer. Isso é essencial para tudo na vida, e nem estou falando só de cama.

Qual o papel do vibrador ou de outros sex toys na vida sexual das mulheres?
Sex toys são possibilidade de diversão --são interessantíssimos porque são a primeira sensação orgástica da vida de muitas delas. É muito mais intenso do que se masturbar com a mão. O uso dos vibradores agrega aos relacionamentos, deixa tudo mais divertido, mas vejo os objetos atuando forte no âmbito de possibilitar orgasmos.

Sempre que você posta fotos com a Luiza as imagens repercutem muito. Como você vê esse buzz?
Muita gente se sente inspirada pelo meu relacionamento homoafetivo. Tem também muito amor e verdade nas postagens, as pessoas acompanharam a nossa história e como a gente se cuidou nesses tempos. A fase do relacionamento é uma das melhores: superamos muita coisa, Lu retomando a carreira dela e estamos pensando nos próximos passos. Já entendemos quem somos, que tipo de relação queremos ter. Agora o projeto é construir uma relação ainda mais saudável e consolidar nossos sonhos.

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